JPMorgan eleva fortemente o risco de recessão global após tarifaço dos EUA

O banco norte-americano JPMorgan elevou de 40% para 60% a probabilidade de uma recessão global em 2025. A mudança foi atribuída ao pacote tarifário anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na quarta-feira, 3. A avaliação consta em relatório assinado pelos analistas Bruce Kasman, Jahangir Aziz, Joseph Lupton e Nora Szentivanyi, divulgado por veículos […] O post JPMorgan eleva fortemente o risco de recessão global após tarifaço dos EUA apareceu primeiro em O Cafezinho.

Abr 5, 2025 - 15:54
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JPMorgan eleva fortemente o risco de recessão global após tarifaço dos EUA

O banco norte-americano JPMorgan elevou de 40% para 60% a probabilidade de uma recessão global em 2025. A mudança foi atribuída ao pacote tarifário anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na quarta-feira, 3.

A avaliação consta em relatório assinado pelos analistas Bruce Kasman, Jahangir Aziz, Joseph Lupton e Nora Szentivanyi, divulgado por veículos internacionais nesta sexta-feira (5).

O documento, intitulado There will be blood, alerta que as novas tarifas aplicadas a importações de mais de 60 países representam o maior risco às projeções de crescimento global neste ano.

Segundo o texto, as políticas comerciais dos EUA “decisivamente menos favoráveis aos negócios” ameaçam diretamente as cadeias globais de suprimento e colocam em risco o atual ciclo de expansão da economia mundial.

“As políticas disruptivas dos EUA foram consideradas o maior risco para as projeções globais em todo o ano”, afirma o relatório.

As novas medidas tarifárias ampliam a tensão no comércio internacional e já provocaram reações imediatas de países afetados, entre eles a China. Em comunicado oficial, o governo chinês anunciou uma tarifa de 34% sobre todas as importações dos Estados Unidos, com início previsto para 10 de abril.

A decisão foi divulgada pela agência estatal Xinhua e representa uma intensificação do conflito comercial entre as duas maiores economias do planeta.

De acordo com o JPMorgan, o impacto da nova política tarifária poderá ser agravado por três fatores principais: a retaliação de países atingidos, a deterioração da confiança do empresariado norte-americano e os efeitos sobre a cadeia produtiva global.

O banco avalia que uma possível reação do Federal Reserve — com cortes na taxa básica de juros — teria efeito limitado. Segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group, o mercado financeiro já projeta até quatro reduções na taxa de juros dos EUA ao longo do ano. Ainda assim, o relatório afirma que essas medidas teriam apenas um impacto “modestamente amenizador”.

Apesar do alerta, os analistas do JPMorgan indicam que ainda não há elementos suficientes para uma revisão completa das projeções macroeconômicas globais.

Segundo o documento, os fundamentos econômicos permanecem “relativamente sólidos”, o que poderia apontar para uma desaceleração moderada. No entanto, o relatório adverte: “As recessões são inerentemente imprevisíveis”.

O relatório também chama atenção para o possível impacto de longo prazo das políticas comerciais restritivas e da redução dos fluxos migratórios. Segundo o banco, essas mudanças “podem impor custos de oferta duradouros que reduzirão o crescimento dos EUA no longo prazo”.

As reações ao pacote tarifário não se limitaram à China. O Vietnã, um dos países mais afetados pelas novas tarifas — que chegam a 46% sobre alguns produtos —, optou por iniciar negociações com o governo norte-americano antes de adotar qualquer medida retaliatória.

Em publicação na rede social Truth Social, Donald Trump afirmou que o presidente vietnamita, To Lam, demonstrou disposição para reduzir as tarifas de exportação a zero, desde que haja acordo com os Estados Unidos. “Lam me disse que o Vietnã quer reduzir suas tarifas para ZERO se conseguir chegar a um acordo com os EUA”, escreveu Trump.

Segundo informações divulgadas pela imprensa internacional, o governo vietnamita também solicitou a suspensão temporária das tarifas por um período de até três meses, com o objetivo de viabilizar negociações comerciais que evitem prejuízos adicionais.

O anúncio das novas medidas gerou reações imediatas nos mercados financeiros. As bolsas globais registraram quedas e o dólar se valorizou frente às principais moedas. No Brasil, o principal índice da Bolsa de Valores, o Ibovespa, recuava 3,08% às 14h43, alcançando 127.107 pontos. No mesmo horário, o dólar comercial subia 3,52%, cotado a R$ 5,827.

As novas tarifas marcam mais um capítulo na política comercial adotada por Donald Trump em seu segundo mandato. A estratégia já provoca impactos diretos nas projeções econômicas e na estabilidade dos mercados globais.

De acordo com o JPMorgan, caso o cenário se consolide, o mundo poderá entrar em recessão menos de cinco anos após a crise provocada pela pandemia de Covid-19.

A continuidade do crescimento econômico dependerá, segundo analistas, da capacidade dos governos nacionais e de instituições multilaterais em promover diálogo, evitar a fragmentação das cadeias de produção e conter a escalada protecionista no comércio internacional.

Com informações da Reuters

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