Intel com dificuldades: CPUs para IA vendem menos que antiga linha Raptor Lake

A Intel revelou que seus processadores Intel Core Ultra com foco em IA não estão vendendo como o esperado, enquanto os chips da geração Raptor Lake, lançados em 2022 e 2023, continuam com alta demanda. Durante a divulgação dos resultados financeiros do primeiro trimestre de 2025, que aconteceu nesta quinta-feira (24), a companhia confirmou que enfrenta escassez de capacidade produtiva no processo "Intel 7", utilizado justamente nos processadores mais antigos. Intel anuncia nova demissão em massa e cortes de US$ 1,5 bilhão Novo CEO da Intel revela estratégia ousada para reconquistar mercado Os números mostram a gravidade da situação: a receita da Intel ficou estagnada em US$ 12,7 bilhões no primeiro trimestre, sem crescimento em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto a divisão Client Computing Group (CCG) registrou queda de 8% nas vendas. A companhia reportou prejuízo de US$ 800 milhões e projeta resultados ainda mais modestos para o segundo trimestre, com previsão de receita entre US$ 11,2 e 12,4 bilhões. "O primeiro trimestre foi um passo na direção certa, mas não existem soluções rápidas enquanto trabalhamos para voltar a um caminho de ganho de participação de mercado e crescimento sustentável", afirmou Lip-Bu Tan, CEO da Intel, em sua primeira teleconferência de resultados desde que assumiu o cargo há pouco mais de 5 semanas. A declaração evidencia o momento desafiador para a companhia, que vem perdendo terreno para a concorrência, especialmente a AMD, que recentemente ultrapassou a Intel em receita de CPUs para servidores pela primeira vez na história. -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- Core Ultra 200S: aposta fracassada em IA Lançados em outubro de 2024, os processadores Intel Core Ultra 200S para desktops (codinome Arrow Lake-S) foram apresentados com grande foco em eficiência energética e capacidades de inteligência artificial. No entanto, como o Canaltech já havia destacado em cobertura anterior, o ganho de desempenho em relação à geração anterior foi tímido: apenas 8% mais rápidos que os Raptor Lake Refresh em produtividade e com performance praticamente idêntica em jogos. Intel viu queda na receita e lucro vindos da divisão de processadores doméstico, uma prova da falta de fôlego dos Core Ultra 200S (Imagem: Reprodução/Intel) Michelle Johnston Holthaus, que retornou ao cargo de diretora de produtos da Intel após breve período como co-CEO interina, explicou o fenômeno: "O Meteor Lake e o Lunar Lake são ótimos, mas vêm com uma estrutura de custos muito maior, não apenas para nós, mas também para os preços finais dos sistemas para nossos parceiros OEMs". Ela acrescentou que os fabricantes "acompanharam as curvas de custo do Raptor Lake" e isso permite oferecer o produto a um preço mais acessível. A ausência de ganhos significativos de desempenho, combinada com preços mais elevados e a necessidade de novas placas-mãe com socket LGA-1851, tornou os Core Ultra 200S pouco atrativos para os consumidores. Adicione a isso o fato de que a IA ainda não encontrou sua "aplicação matadora" para convencer os usuários a investir em hardware específico, e temos a receita para o cenário atual. Demanda surpreendente por Raptor Lake Enquanto isso, os processadores Intel Core de 13ª e 14ª geração (Raptor Lake e Raptor Lake Refresh) continuam sendo bastante procurados, a ponto de criar um gargalo na capacidade de produção da Intel. "O que estamos realmente vendo é uma demanda muito maior dos nossos clientes por produtos N-1 e N-2 para que eles possam continuar entregando sistemas a preços que os consumidores realmente estão exigindo", explicou Holthaus. Esta demanda inesperada pode ser explicada por diversos fatores. Primeiro, os processadores Raptor Lake oferecem excelente custo-benefício, especialmente agora que passaram por reduções de preço após o lançamento da nova geração. Em segundo lugar, a incerteza econômica global e as preocupações com novas tarifas levaram muitos consumidores a estocar produtos antes de possíveis aumentos de preço. Paradoxalmente, o interesse renovado pelos processadores Raptor Lake coloca a Intel em uma posição complicada. A empresa já redirecionou grande parte de sua capacidade produtiva para os novos chips fabricados pela TSMC, e agora enfrenta limitações no processo "Intel 7", utilizado nas gerações anteriores. Segundo a empresa, essa escassez deve "persistir por um futuro previsível", o que pode limitar ainda mais as vendas em um momento crítico. Mesmo depois dos inúmeros problemas de microcódigo, CPUs da família Raptor Lake seguem populares em relação aos Arrow Lake-S (Imagem: Divulgação/Intel) Desafio dos Panther Lake e o futuro da Intel Com os processadores Panther Lake programados para entrarem em produção em massa ainda em 2025, a Intel enfrenta um dilema significativo. Se os consumidores estão rejeitando os Core Ultra 200S em favor dos

Abr 26, 2025 - 00:23
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Intel com dificuldades: CPUs para IA vendem menos que antiga linha Raptor Lake

A Intel revelou que seus processadores Intel Core Ultra com foco em IA não estão vendendo como o esperado, enquanto os chips da geração Raptor Lake, lançados em 2022 e 2023, continuam com alta demanda. Durante a divulgação dos resultados financeiros do primeiro trimestre de 2025, que aconteceu nesta quinta-feira (24), a companhia confirmou que enfrenta escassez de capacidade produtiva no processo "Intel 7", utilizado justamente nos processadores mais antigos.

Os números mostram a gravidade da situação: a receita da Intel ficou estagnada em US$ 12,7 bilhões no primeiro trimestre, sem crescimento em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto a divisão Client Computing Group (CCG) registrou queda de 8% nas vendas. A companhia reportou prejuízo de US$ 800 milhões e projeta resultados ainda mais modestos para o segundo trimestre, com previsão de receita entre US$ 11,2 e 12,4 bilhões.

"O primeiro trimestre foi um passo na direção certa, mas não existem soluções rápidas enquanto trabalhamos para voltar a um caminho de ganho de participação de mercado e crescimento sustentável", afirmou Lip-Bu Tan, CEO da Intel, em sua primeira teleconferência de resultados desde que assumiu o cargo há pouco mais de 5 semanas. A declaração evidencia o momento desafiador para a companhia, que vem perdendo terreno para a concorrência, especialmente a AMD, que recentemente ultrapassou a Intel em receita de CPUs para servidores pela primeira vez na história.

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Core Ultra 200S: aposta fracassada em IA

Lançados em outubro de 2024, os processadores Intel Core Ultra 200S para desktops (codinome Arrow Lake-S) foram apresentados com grande foco em eficiência energética e capacidades de inteligência artificial. No entanto, como o Canaltech já havia destacado em cobertura anterior, o ganho de desempenho em relação à geração anterior foi tímido: apenas 8% mais rápidos que os Raptor Lake Refresh em produtividade e com performance praticamente idêntica em jogos.

Intel viu queda na receita e lucro vindos da divisão de processadores doméstico, uma prova da falta de fôlego dos Core Ultra 200S (Imagem: Reprodução/Intel)

Michelle Johnston Holthaus, que retornou ao cargo de diretora de produtos da Intel após breve período como co-CEO interina, explicou o fenômeno: "O Meteor Lake e o Lunar Lake são ótimos, mas vêm com uma estrutura de custos muito maior, não apenas para nós, mas também para os preços finais dos sistemas para nossos parceiros OEMs". Ela acrescentou que os fabricantes "acompanharam as curvas de custo do Raptor Lake" e isso permite oferecer o produto a um preço mais acessível.

A ausência de ganhos significativos de desempenho, combinada com preços mais elevados e a necessidade de novas placas-mãe com socket LGA-1851, tornou os Core Ultra 200S pouco atrativos para os consumidores. Adicione a isso o fato de que a IA ainda não encontrou sua "aplicação matadora" para convencer os usuários a investir em hardware específico, e temos a receita para o cenário atual.

Demanda surpreendente por Raptor Lake

Enquanto isso, os processadores Intel Core de 13ª e 14ª geração (Raptor Lake e Raptor Lake Refresh) continuam sendo bastante procurados, a ponto de criar um gargalo na capacidade de produção da Intel. "O que estamos realmente vendo é uma demanda muito maior dos nossos clientes por produtos N-1 e N-2 para que eles possam continuar entregando sistemas a preços que os consumidores realmente estão exigindo", explicou Holthaus.

Esta demanda inesperada pode ser explicada por diversos fatores. Primeiro, os processadores Raptor Lake oferecem excelente custo-benefício, especialmente agora que passaram por reduções de preço após o lançamento da nova geração. Em segundo lugar, a incerteza econômica global e as preocupações com novas tarifas levaram muitos consumidores a estocar produtos antes de possíveis aumentos de preço.

Paradoxalmente, o interesse renovado pelos processadores Raptor Lake coloca a Intel em uma posição complicada. A empresa já redirecionou grande parte de sua capacidade produtiva para os novos chips fabricados pela TSMC, e agora enfrenta limitações no processo "Intel 7", utilizado nas gerações anteriores. Segundo a empresa, essa escassez deve "persistir por um futuro previsível", o que pode limitar ainda mais as vendas em um momento crítico.

Mesmo depois dos inúmeros problemas de microcódigo, CPUs da família Raptor Lake seguem populares em relação aos Arrow Lake-S (Imagem: Divulgação/Intel)

Desafio dos Panther Lake e o futuro da Intel

Com os processadores Panther Lake programados para entrarem em produção em massa ainda em 2025, a Intel enfrenta um dilema significativo. Se os consumidores estão rejeitando os Core Ultra 200S em favor dos Raptor Lake mais antigos, como convencê-los a migrar para uma nova arquitetura em apenas um ano?

A fabricante afirma que o lançamento dos Panther Lake segue conforme o planejado, mas admite que a maior parte das remessas acontecerá em 2026. Holthaus demonstrou otimismo dizendo que a nova família de CPUs "é um ótimo produto, tanto do ponto de vista de desempenho quanto de preço para os clientes" e destacou que a adoção costuma começar pelo mercado corporativo antes de chegar aos consumidores finais.

Os Panther Lake serão os primeiros processadores fabricados no novo processo "Intel 18A", e a companhia pretende fabricar internamente 70% de todo o silício utilizado nessas CPUs. Essa é uma aposta arriscada em um momento de fragilidade, especialmente considerando o avanço da AMD no mercado. Com a recente conquista de 65% do mercado de CPUs gamer no Brasil e o contínuo fortalecimento de sua posição global, o Time Vermelho é uma ameaça crescente para os planos de recuperação da Intel.

Diante desse cenário, a Intel anunciou um plano para "melhorar a execução e a eficiência operacional", que inclui a redução de despesas operacionais para US$ 17 bilhões em 2025 e US$ 16 bilhões em 2026, além da diminuição dos investimentos em capital de US$ 20 bilhões para US$ 18 bilhões. Como o próprio CEO Lip-Bu Tan admitiu, "não há soluções rápidas".

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