Humberto Carrão em movimento acelerado
Por Alvaro Leme Não importa quão cedo você acorde, sempre há alguém que pulou da cama antes. Normalmente, quando você abre o Instagram, ainda sonolento, esse madrugador já nadou nas águas geladas de Copacabana, pedalou pela Vista Chinesa ou correu pela Lagoa — às vezes, os três, não necessariamente nessa ordem. Essa pessoa é Afonso […] O post Humberto Carrão em movimento acelerado apareceu primeiro em Harper's Bazaar » Moda, beleza e estilo de vida em um só site.


Neste clique, humberto Carrão veste sobreposição de camisas — listrada Ricardo Almeida e lisa Handred Studio —, casaco e gravata Hugo Boss, cinto acervo, calça Dod Alfaiataria e tênis On
Por Alvaro Leme
Não importa quão cedo você acorde, sempre há alguém que pulou da cama antes. Normalmente, quando você abre o Instagram, ainda sonolento, esse madrugador já nadou nas águas geladas de Copacabana, pedalou pela Vista Chinesa ou correu pela Lagoa — às vezes, os três, não necessariamente nessa ordem. Essa pessoa é Afonso Roitman, herdeiro do Grupo Almeida Roitman e um dos solteiros mais cobiçados do Rio de Janeiro. Bom, seria, se ele existisse na vida real. “Nas cenas de café da manhã, estou sempre chegando da atividade física enquanto a família acabou de se sentar para comer. Virou até brincadeira entre os colegas”, conta Humberto Carrão, que dá vida ao milionário esportista em Vale Tudo, atual novela das 21h. “Mas vale ressaltar que o Afonso não postaria nas redes sociais, porque foi criado para evitar exposição.”
A skin triatleta de Afonso Roitman não existia na trama original, assinada por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères. É uma das mudanças propostas por Manuela Dias, incumbida de atualizar para o século XXI um sucesso estrondoso que galvanizou a atenção dos brasileiros e chegou a bater 60 pontos de Ibope. Faz sentido que o mauricinho interpretado em 1988 por Cássio Gabus Mendes ganhe a aura competitiva esportiva hoje muitas vezes associada a empreendedores e investidores do Vale do Silício. “Morei em São Francisco por um tempo, no ano passado, e pude ver um pouco do comportamento dessa galera”, diz Carrão, referindo-se à metrópole norte-americana mais próxima do polo tech mundial. De certa maneira, assim viu muitos “Afonsos” em quem se inspirar.

Humberto Carrão veste look total On – Direção criativa: Kleber Matheus, Fotografia: Bob Wolfenson, Styling: Thiago Ferraz, Beleza: Helder Rodrigues, Direção de arte: Yasmin Klein, Retoque: Gabriella Prata, Coordenação: Mariana Simon / KM Studio, Produção executiva: Zuca Hub, Produtores responsáveis: Claudia Nunes, Produção de moda e assistente de styling: Victor Yuuki, Assistentes de foto: Augusto Jordão, Isadora Totaro e Ana Tonezzer, Assistente de beleza: Adriel Lucas, Assistentes de produção: Caio Nogueira e Junior Costa, Camareira: Iara Corrêa, Estúdio: ODMGT
Em outras palavras, foi por meio do esporte que Carrão encontrou seu Roitman interior — e aqui falamos de dois homens que não poderiam ser mais diferentes. O intérprete é expansivo, boa praça, boêmio apaixonado pelo Flamengo e pela Mangueira. O personagem, milionário, mimado, careta e criado sob o jugo de uma mãe que (na versão anterior da novela, pelo menos) facilmente entraria nas listas de pessoas mais monstruosas do país. “O Afonso procura no esporte os obstáculos que um cara rico como ele nunca teve na vida. E tenta também preencher as lacunas que a Odete deixou nele”, diz Carrão.
Como sabia da necessidade de estar em forma para convencer como alguém que nada, pedala e corre, ele foi praticar a modalidade. O que era uma brincadeira foi crescendo, crescendo e o absorvendo — e, de repente, ele se viu assim, completamente triatleta. Atualmente, pedala duas vezes por semana, corre três e dá umas braçadas no mar… Bem, isso já é mais complicado, porque as águas do Rio de Janeiro são notoriamente geladas, e ninguém é de ferro. “Vou tomar vergonha na cara e tentar nadar duas vezes por semana”, promete. A prática depende da agenda de gravações da novela, que tem sido intensa: de segunda a sábado, começando no fim da manhã e terminando depois das 21h. Mas o triatlo já teve um desdobramento interessante: Carrão se tornou parceiro da marca suíça On, famosa por seus tênis de corrida e roupas esportivas — que, aliás, aparece usando nas imagens deste shooting da Bazaar Man. “Adorei que o ensaio teve muito essa coisa do movimento.”
Em um daqueles lances irônicos da vida, o homem de 33 anos que adora se exercitar integrou, na adolescência, uma banda chamada Revolução Sedentária. É bem verdade que, por ter surgido no Ensino Médio, o nome tivesse relação com o fim da era dos caçadores e coletores, o surgimento da agricultura e a vida progressivamente menos movimentada que surgiu desde aquela época, milênios atrás. Mas, não, ele não era muito da malhação como é atualmente. E, como é o tipo de pessoa que se empolga com o que faz, trocava altas ideias sobre sua banda com os colegas de elenco na novela Bang Bang. Leia-se: Luiz Melodia, Paulo Miklos, Evandro Mesquita… E ele lá, amarradão, aos 14 anos, falando das experiências da vida de popstar.
A Revolução Sedentária durou apenas dois anos, mas a troca com os colegas de profissão mais experientes ficou para sempre. Compreensível, especialmente quando se começa a atuar aos 10 anos de idade e, em pouco tempo, já se contracena com gente como Antônio Fagundes e Stênio Garcia — só para citar dois que ele conheceu logo no início, numa participação na série Carga Pesada. Carrão passou mais tempo de sua vida sendo ator do que não sendo, e coleciona, nessas duas décadas e pouco de estrada, trabalhos não só em produções televisivas famosas, como em filmes fundamentais do cinema brasileiro. Aquarius, de Kleber Mendonça, por exemplo. “Tinha 24 anos, e é uma coisa muito louca você perceber que está ficando amigo de alguém gigante como a Sônia Braga.”

Humberto Carrão veste look total On – Direção criativa: Kleber Matheus, Fotografia: Bob Wolfenson, Styling: Thiago Ferraz, Beleza: Helder Rodrigues, Direção de arte: Yasmin Klein, Retoque: Gabriella Prata, Coordenação: Mariana Simon / KM Studio, Produção executiva: Zuca Hub, Produtores responsáveis: Claudia Nunes, Produção de moda e assistente de styling: Victor Yuuki, Assistentes de foto: Augusto Jordão, Isadora Totaro e Ana Tonezzer, Assistente de beleza: Adriel Lucas, Assistentes de produção: Caio Nogueira e Junior Costa, Camareira: Iara Corrêa, Estúdio: ODMGT
Alguns trabalhos chegam porque ele recebe convite, para outros não se esquiva de fazer teste e também não hesita em demonstrar interesse quando fica sabendo de projetos que o encantam. Já tinha lido (e adorado) Ainda Estou Aqui, de Marcelo Rubens Paiva, quando soube que viria uma adaptação do filme de Walter Salles, e comentou isso com Amanda Gabriel, preparadora de elenco do longa. Assim, acabou escalado para interpretar o jornalista Félix, amigo da família Paiva. “Ela antes comentou que não sabia se seria um papel grande, mas, para mim, isso é o que menos importa. Querer fazer apenas protagonistas é uma cafonice. Penso mais na importância de com quem vou estar em cada trabalho.”
Carrão fala dos colegas de trabalho com respeito, carinho e admiração. Com brilho nos olhos, porque, se ele às vezes parece aquele meme de Instagram que diz “seja emocionado”, conversar com ele confirma a impressão que onze em cada dez pessoas têm de que se trata de um cara muito legal. Que curte um bloco de Carnaval ou jogo de futebol em estádio mesmo sendo famoso e sabendo que alguém pode postar stories seus à revelia. Assim como a maioria dos brasileiros, chorou e se emocionou com o Oscar que finalmente veio neste ano e toda a campanha estrelada pela colega Fernanda Torres (claro, também é fã dela, como você e eu). É o sujeito que dá atenção a quem gosta, sabe? Só não espere que ele responda WhatsApp depressa. “Tenho uma relação de muito amor e cuidado com meus amigos, mas realmente não dou conta de responder sempre. Pensa aí no tempo em que se enviava carta. Não tinha que responder na mesma hora, dava para processar a mensagem”, argumenta. “Mas, quando vejo que o assunto é sério, faço tudo para estar junto.”
Ciente da inconstância da vida de ator, ele mencionou várias vezes ao longo da conversa o quanto se reconhece privilegiado pela trajetória que trilhou desde seu primeiríssimo trabalho, num projeto do canal educativo Futura, em 2002. Justamente esses altos e baixos fazem com que ele cultive seu projeto de estrear na direção de longas-metragens. Será com um roteiro que ele mesmo vem escrevendo, sobre a cantora Aracy de Almeida (1914–1988). Carrão nasceu três anos depois da morte dela, mas se apaixonou pela história da artista circulando pelo mundo boêmio. Embora tenha ganhado fama na televisão como jurada ranzinza do Programa Silvio Santos, Aracy foi um dos maiores nomes da música nacional na primeira metade do século XX — não à toa, era chamada de “o samba em pessoa”. Sua história é pouco conhecida do público, e Humberto Carrão pretende mudar isso assim que possível. “Os que vieram antes merecem reverência.”
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