Greve ferroviária

1. O direito à greve é fundamental. Poder-se-á criticar a pertinência de determinadas reclamações e/ou a da realização de determinada(s) greve(s). Mas isso não se coaduna com a refutação da possibilidade e legitimidade das greves. 2. (Que eu compreenda) a CP está integrada na Infraestruturas de Portugal, uma empresa pública. A qual decerto tem autonomia face ao governo para gerir as suas relações laborais internas. Mas, ainda assim, estará sob tutela governamental. 3. Como comprei - e disso ando ufano - o passe ferroviário, passei a ser notificado sobre actividades da companhia. Assim recebi há dias esta informação:  Por motivo de greves convocadas, pelos sindicatos ASCEF, ASSIFECO, FECTRANS, FENTCOP, SINAFE, SINDEFER, SINFA, SINFB, SINTTI, SIOFA, SNAQ, SNTSF, STF e STMEFE, entre os dias 07 e 08 de maio de 2025, pelo sindicato SMAQ, entre os dias 07 e 14 de maio de 2025, e pelo sindicato SFRCI, entre os dias 11 e 14 de maio, preveem-se fortes perturbações na circulação, com especial impacto entre os dias 07 e 13 de maio. Uma vez que não foram definidos serviços mínimos pelo Tribunal Arbitral do Conselho Económico Social, a CP não garante a circulação de comboios sobretudo nos dias 07, 08 e 09 de maio. 4. Como nesses dias terei um trabalho além-Trancão, resmunguei ao aviso. E comprei bilhetes de autocarro (os UBER rodoviários). Ou seja, se comprara o passe agora dobrei os custos mensais em transporte. Mas isso, por mais que me angustie ("isto" anda-me mesmo muito mal), "faz parte". E fui ver as reclamações que conduziram os ferroviários (a velha "aristocracia do proletariado") a esta greve: estão aqui. Nada sei sobre aquela realidade, não posso opinar. Mas - e em abstracto - não me parecem descabidas. 5. Como disse acima, a CP integra uma Empresa Pública. Que é autónoma do governo para dirimir as suas relações internas.  Ainda assim: numa empresa destas os trabalhadores optam por fazer uma greve - e tão extensa - uma semana antes de eleições legislativas? Resmungo. E não é por causa de ter tido de gastar mais alguns dos meus (tão escassos) euros.

Mai 8, 2025 - 07:18
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Greve ferroviária

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1. O direito à greve é fundamental. Poder-se-á criticar a pertinência de determinadas reclamações e/ou a da realização de determinada(s) greve(s). Mas isso não se coaduna com a refutação da possibilidade e legitimidade das greves.

2. (Que eu compreenda) a CP está integrada na Infraestruturas de Portugal, uma empresa pública. A qual decerto tem autonomia face ao governo para gerir as suas relações laborais internas. Mas, ainda assim, estará sob tutela governamental.

3. Como comprei - e disso ando ufano - o passe ferroviário, passei a ser notificado sobre actividades da companhia. Assim recebi há dias esta informação: 

Por motivo de greves convocadas, pelos sindicatos ASCEF, ASSIFECO, FECTRANS, FENTCOP, SINAFE, SINDEFER, SINFA, SINFB, SINTTI, SIOFA, SNAQ, SNTSF, STF e STMEFE, entre os dias 07 e 08 de maio de 2025, pelo sindicato SMAQ, entre os dias 07 e 14 de maio de 2025, e pelo sindicato SFRCI, entre os dias 11 e 14 de maio, preveem-se fortes perturbações na circulação, com especial impacto entre os dias 07 e 13 de maio. Uma vez que não foram definidos serviços mínimos pelo Tribunal Arbitral do Conselho Económico Social, a CP não garante a circulação de comboios sobretudo nos dias 07, 08 e 09 de maio.

4. Como nesses dias terei um trabalho além-Trancão, resmunguei ao aviso. E comprei bilhetes de autocarro (os UBER rodoviários). Ou seja, se comprara o passe agora dobrei os custos mensais em transporte. Mas isso, por mais que me angustie ("isto" anda-me mesmo muito mal), "faz parte".

E fui ver as reclamações que conduziram os ferroviários (a velha "aristocracia do proletariado") a esta greve: estão aqui. Nada sei sobre aquela realidade, não posso opinar. Mas - e em abstracto - não me parecem descabidas.

5. Como disse acima, a CP integra uma Empresa Pública. Que é autónoma do governo para dirimir as suas relações internas. 

Ainda assim: numa empresa destas os trabalhadores optam por fazer uma greve - e tão extensa - uma semana antes de eleições legislativas? Resmungo. E não é por causa de ter tido de gastar mais alguns dos meus (tão escassos) euros.