Fraude no INSS prejudicou pessoas com deficiência e que não sabem ler nem escrever
Investigação revelou que essas pessoas seriam incapazes de autorizar descontos em seus benefícios. Prejuízos podem chegar a R$ 6,3 bilhões. Presidente do INSS é demitido O esquema de descontos irregulares em aposentadorias e pensões do INSS investigado pela Polícia Federal prejudicou pessoas que seriam incapazes de autorizar as cobranças em seus benefícios. É o que revela o relatório da Controladoria-Geral da União (CGU). Para que as associações descontem valores nas aposentadorias e pensões pagas pelo INSS, é necessária uma autorização assinada pelo próprio beneficiário. Mas, ao entrevistar beneficiários, a CGU descobriu casos em que não era possível que o documento tivesse sido assinado. "Houve, ainda, relatos de entrevistados que responderam em nome dos titulares dos benefícios sobre a impossibilidade de eles terem assinado termos de autorização e fichas de filiação, considerando serem pessoas com deficiência que os impede dessa manifestação de vontade, assim como impossibilitados de locomoção por doença grave, indígena que reside em aldeia e não sabe ler ou escrever, ou residentes no exterior e que não tiveram contato com associações quando estiveram no Brasil", diz o relatório, divulgado nesta quarta pela CGU. Os auditores também destacaram a frequência com que os beneficiários sofriam descontos por associações de outros estados – o que, destaca o relatório, indica uma possibilidade menor de que as pessoas efetivamente utilizassem os serviços das associações. "Em que pese a possibilidade de as entidades celebrarem parcerias com outras entidades, correspondentes bancários ou representantes, o acesso aos serviços ofertados seria difícil, a menos que ocorresse de forma remota, o que seria improvável, dada a falta de familiaridade dos beneficiários com recursos digitais", diz o documento. Operação da Polícia Federal em vários estados brasileiros contra fraudes no INSS Polícia Federal/Divulgação Leia também: Presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, é demitido após operação sobre fraudes Aposentados foram 'vítimas fáceis' de criminosos que se apropriaram de benefícios, diz Lewandowski Fraude no INSS é problema antigo, e desafio é recuperar recursos para ressarcir vítimas, diz especialista Assinaturas fraudadas Conforme informou em entrevista coletiva o ministro-chefe da CGU, Vinicius Carvalho, também foram identificados casos em que os documentos pelas associações investigadas traziam assinaturas falsificadas. "O que apuramos é que a maioria dessas pessoas não tinha autorizado esses descontos, que eram em sua maioria fraudados, em função de falsificação de assinaturas e de uma série de artifícios para simular essa que não era uma vontade real dessas pessoas", explicou Carvalho. Segundo o relatório, das 31 entidades representadas por beneficiários entrevistados pela CGU, 21 tiveram uma taxa de 100% de negativas – ou seja, todos os beneficiários entrevistados negaram que tivessem autorizado os descontos.


Investigação revelou que essas pessoas seriam incapazes de autorizar descontos em seus benefícios. Prejuízos podem chegar a R$ 6,3 bilhões. Presidente do INSS é demitido O esquema de descontos irregulares em aposentadorias e pensões do INSS investigado pela Polícia Federal prejudicou pessoas que seriam incapazes de autorizar as cobranças em seus benefícios. É o que revela o relatório da Controladoria-Geral da União (CGU). Para que as associações descontem valores nas aposentadorias e pensões pagas pelo INSS, é necessária uma autorização assinada pelo próprio beneficiário. Mas, ao entrevistar beneficiários, a CGU descobriu casos em que não era possível que o documento tivesse sido assinado. "Houve, ainda, relatos de entrevistados que responderam em nome dos titulares dos benefícios sobre a impossibilidade de eles terem assinado termos de autorização e fichas de filiação, considerando serem pessoas com deficiência que os impede dessa manifestação de vontade, assim como impossibilitados de locomoção por doença grave, indígena que reside em aldeia e não sabe ler ou escrever, ou residentes no exterior e que não tiveram contato com associações quando estiveram no Brasil", diz o relatório, divulgado nesta quarta pela CGU. Os auditores também destacaram a frequência com que os beneficiários sofriam descontos por associações de outros estados – o que, destaca o relatório, indica uma possibilidade menor de que as pessoas efetivamente utilizassem os serviços das associações. "Em que pese a possibilidade de as entidades celebrarem parcerias com outras entidades, correspondentes bancários ou representantes, o acesso aos serviços ofertados seria difícil, a menos que ocorresse de forma remota, o que seria improvável, dada a falta de familiaridade dos beneficiários com recursos digitais", diz o documento. Operação da Polícia Federal em vários estados brasileiros contra fraudes no INSS Polícia Federal/Divulgação Leia também: Presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, é demitido após operação sobre fraudes Aposentados foram 'vítimas fáceis' de criminosos que se apropriaram de benefícios, diz Lewandowski Fraude no INSS é problema antigo, e desafio é recuperar recursos para ressarcir vítimas, diz especialista Assinaturas fraudadas Conforme informou em entrevista coletiva o ministro-chefe da CGU, Vinicius Carvalho, também foram identificados casos em que os documentos pelas associações investigadas traziam assinaturas falsificadas. "O que apuramos é que a maioria dessas pessoas não tinha autorizado esses descontos, que eram em sua maioria fraudados, em função de falsificação de assinaturas e de uma série de artifícios para simular essa que não era uma vontade real dessas pessoas", explicou Carvalho. Segundo o relatório, das 31 entidades representadas por beneficiários entrevistados pela CGU, 21 tiveram uma taxa de 100% de negativas – ou seja, todos os beneficiários entrevistados negaram que tivessem autorizado os descontos.