Fed deixa juros inalterados enquanto avalia impactos das políticas de Trump

A taxa de referência manteve-se em 4,5%, com o presidente da Fed a garantir que o banco central está preparado e “numa boa posição” para agir caso seja necessário. As tarifas irão "atrasar" a descida da inflação, mas estas dinâmicas são comuns na chegada de uma nova administração à Casa Branca, reconheceu.

Mar 20, 2025 - 09:21
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Fed deixa juros inalterados enquanto avalia impactos das políticas de Trump

Tudo na mesma nos juros da maior economia do mundo após a reunião de quarta-feira, isto apesar do menor otimismo da Reserva Federal quanto ao crescimento e inflação este ano. A taxa de referência manteve-se em 4,5%, uma decisão tomada como garantida pelos mercados na antecâmara da reunião, e o presidente da Fed garantiu que o banco central está preparado e “numa boa posição” para agir caso seja necessário – incluindo manter os juros elevados durante mais tempo do que se previa.

Um dos grandes motivos para esta certeza na manutenção da política monetária foi a descida da inflação de fevereiro, ao contrário do que muitos temiam, caindo até mais do que se esperava, de 3% em janeiro para 2,8% em fevereiro, abaixo dos 2,9% projetados. A inflação subjacente também caiu mais do que se estimava, para 3,1%, um mínimo desde abril de 2021 e um sinal animador para o banco central.

Ainda assim, estes dados não haviam ainda sido influenciados pela guerra comercial do segundo mandato de Trump, uma dinâmica que deverá agravar os preços, reconhece Powell. A imposição de tarifas deve “atrasar” o regresso do indicador de preços ao objetivo de 2%, e, “tanto consumidores como empresas, apontam para as tarifas como um dos principais motores” da subida de expectativas para a inflação no curto prazo.

No entanto, este é um processo “normal” de chegada de uma nova administração, considerou Powell.

A Fed também reviu em baixa as projeções para o crescimento este ano e nos dois seguintes, enquanto a inflação, tanto a nominal como a subjacente, foram atualizadas em alta. O banco central aponta agora para um crescimento de 1,7% este ano, significativamente abaixo dos 2,1% previstos em dezembro, e de 1,8% nos dois anos seguintes (a anterior expectativa passava por 2% em 2026 e 1,9% em 2027).

Já a inflação nominal (medida pelo índice de gastos pessoais de consumo, o indicador de referência da Fed para esta dinâmica) foi revista em alta para 2,7% este ano, uma subida de 0,2 pontos percentuais (p.p.) em relação ao anterior exercício de projeções, enquanto 2026 deverá fechar com um valor 0,1 p.p. acima do esperado em dezembro, ou seja, 2,2%.

Também ignorando as categorias mais voláteis dos preços, a energia e a alimentação, o indicador fechará acima do anteriormente esperado. Para este ano, a Fed antecipa agora 2,8% de inflação core, uma subida significativa de 0,3 p.p. em relação à projeção de dezembro.

Apesar das mexidas, o presidente do banco central afirmou que “não houve uma grande alteração nas previsões”, sobretudo na referente aos juros diretores, dado que estes movimentos contrários no crescimento e na inflação “acabam por se equilibrar”.

Além da atualização de projeções, a Reserva Federal mexeu no ritmo de redução do balanço do banco, em relação ao qual havia já algumas expectativas de alterações. A Fed irá agora reduzir apenas 5 mil milhões de dólares por mês, um quinto dos 25 mil milhões até agora, acalmando assim o aperto quantitativo que vinha aplicando.