Ex-funcionários revelam o uso de substâncias tóxicas em pacientes de uma clínica de estética fechada em Goiânia
A clínica atendeu 954 pacientes de 2018 a 2019. A polícia suspeita que, nesse período, o produto usado para fazer preenchimento facial era óleo de silicone. Donos de uma clínica de estética em Goiânia voltam à cadeia por tentar atrapalhar as investigações Donos de uma clínica de estética em Goiânia voltaram à cadeia por tentar atrapalhar as investigações. Segundo a polícia, mais de 100 denúncias apontam o uso de substâncias tóxicas em pacientes. Nas redes sociais, a clínica de estética de Karine Gouveia e Paulo César Dias prometia tratamentos revolucionários, o que atraía clientes do Brasil inteiro. Mas a busca pela beleza virou pesadelo e pacientes que tiveram procedimentos malsucedidos procuraram a polícia. Em dezembro de 2024, o casal foi preso pela primeira vez e ficou na cadeia por 50 dias. Neste período, funcionários da clínica depuseram sobre os procedimentos e produtos. Delegado: Na caixa, lacrado? Funcionária: Não, vinha na seringa e ele vinha em um envelope azul transparente. Delegado: Você lembra se na seringa tinha marca? Funcionária: Não, era uma seringa simples. Um outro funcionário - um biomédico - disse à polícia que percebeu algo de estranho na hora que ia fazer o preenchimento labial de uma paciente e, por isso, pediu demissão. “A seringa estourou e aí caiu um pouco de produto em cima da ficha da paciente. Aí formou uma mancha de óleo e a gente se tocou que aquilo lá não se tratava de ácido hialurônico e sim de óleo de silicone. Porque ácido hialurônico, a consistência dele é gelatinosa, não oleosa”, diz o funcionário. Anvisa identifica irregularidades em 30 de 31 clínicas de estética fiscalizadas em 4 estados e no DF Foram atendidas na clínica 954 pessoas entre 2018 a 2019. A polícia suspeita que o produto usado para fazer o preenchimento facial nesse período foi óleo de silicone. É um tipo de lubrificante para máquinas também utilizado na indústria. Por isso, a polícia orienta que esses clientes procurem um médico dermatologista. “A pessoa procurava a clínica, pagava por um serviço para preenchimento da face em que deveria ser utilizado o ácido hialurônico, que era o que figurava no contrato, mas aplicavam óleo de silicone”, afirma o delegado Daniel de Oliveira. Ex-funcionários revelam o uso de substâncias tóxicas em pacientes de uma clínica de estética fechada em Goiânia Jornal Nacional/ Reprodução O laudo do ultrassom dermatológico comprova que uma cliente da clínica está com óleo de silicone no rosto. "Você investe um dinheiro por uma coisa e recebe outra. Por exemplo, eu paguei pelo ácido hialurônico que custa o ml dele é aproximadamente R$ 1,5 mil. Eles colocaram esse óleo de silicone que custa R$ 80 o litro”, diz uma vítima. O dermatologista Bodes Jr. explica os riscos da substância: "O óleo de silicone é não biodegradável. Então, a única forma de tirar o produto é através de cirurgia. A qualquer momento, o seu corpo pode ter uma reação inflamatória contra aquele produto e aí pode gerar nódulos, inflamações. Essas pessoas que não tiveram ainda qualquer reação diretamente ao produto é sorte", afirma. Esta semana, a polícia prendeu Karine e Paulo César de novo, por descumprirem obrigações impostas pela Justiça. Os investigadores descobriram que uma das empresas do casal continuava vendendo medicamentos em uma rede social e que os dois estavam atrapalhando as investigações. A defesa de Karine Gouveia repudiou a decisão de prisão preventiva; disse que a investigação não foi concluída e que a cliente nega veementemente o uso de óleo de silicone nos procedimentos. A defesa de Paulo César Dias disse que a prisão é uma decisão absurda, que não se sustenta juridicamente, pois o cliente estava cumprindo as medidas cautelares; e afirmou que vai recorrer da decisão.


A clínica atendeu 954 pacientes de 2018 a 2019. A polícia suspeita que, nesse período, o produto usado para fazer preenchimento facial era óleo de silicone. Donos de uma clínica de estética em Goiânia voltam à cadeia por tentar atrapalhar as investigações Donos de uma clínica de estética em Goiânia voltaram à cadeia por tentar atrapalhar as investigações. Segundo a polícia, mais de 100 denúncias apontam o uso de substâncias tóxicas em pacientes. Nas redes sociais, a clínica de estética de Karine Gouveia e Paulo César Dias prometia tratamentos revolucionários, o que atraía clientes do Brasil inteiro. Mas a busca pela beleza virou pesadelo e pacientes que tiveram procedimentos malsucedidos procuraram a polícia. Em dezembro de 2024, o casal foi preso pela primeira vez e ficou na cadeia por 50 dias. Neste período, funcionários da clínica depuseram sobre os procedimentos e produtos. Delegado: Na caixa, lacrado? Funcionária: Não, vinha na seringa e ele vinha em um envelope azul transparente. Delegado: Você lembra se na seringa tinha marca? Funcionária: Não, era uma seringa simples. Um outro funcionário - um biomédico - disse à polícia que percebeu algo de estranho na hora que ia fazer o preenchimento labial de uma paciente e, por isso, pediu demissão. “A seringa estourou e aí caiu um pouco de produto em cima da ficha da paciente. Aí formou uma mancha de óleo e a gente se tocou que aquilo lá não se tratava de ácido hialurônico e sim de óleo de silicone. Porque ácido hialurônico, a consistência dele é gelatinosa, não oleosa”, diz o funcionário. Anvisa identifica irregularidades em 30 de 31 clínicas de estética fiscalizadas em 4 estados e no DF Foram atendidas na clínica 954 pessoas entre 2018 a 2019. A polícia suspeita que o produto usado para fazer o preenchimento facial nesse período foi óleo de silicone. É um tipo de lubrificante para máquinas também utilizado na indústria. Por isso, a polícia orienta que esses clientes procurem um médico dermatologista. “A pessoa procurava a clínica, pagava por um serviço para preenchimento da face em que deveria ser utilizado o ácido hialurônico, que era o que figurava no contrato, mas aplicavam óleo de silicone”, afirma o delegado Daniel de Oliveira. Ex-funcionários revelam o uso de substâncias tóxicas em pacientes de uma clínica de estética fechada em Goiânia Jornal Nacional/ Reprodução O laudo do ultrassom dermatológico comprova que uma cliente da clínica está com óleo de silicone no rosto. "Você investe um dinheiro por uma coisa e recebe outra. Por exemplo, eu paguei pelo ácido hialurônico que custa o ml dele é aproximadamente R$ 1,5 mil. Eles colocaram esse óleo de silicone que custa R$ 80 o litro”, diz uma vítima. O dermatologista Bodes Jr. explica os riscos da substância: "O óleo de silicone é não biodegradável. Então, a única forma de tirar o produto é através de cirurgia. A qualquer momento, o seu corpo pode ter uma reação inflamatória contra aquele produto e aí pode gerar nódulos, inflamações. Essas pessoas que não tiveram ainda qualquer reação diretamente ao produto é sorte", afirma. Esta semana, a polícia prendeu Karine e Paulo César de novo, por descumprirem obrigações impostas pela Justiça. Os investigadores descobriram que uma das empresas do casal continuava vendendo medicamentos em uma rede social e que os dois estavam atrapalhando as investigações. A defesa de Karine Gouveia repudiou a decisão de prisão preventiva; disse que a investigação não foi concluída e que a cliente nega veementemente o uso de óleo de silicone nos procedimentos. A defesa de Paulo César Dias disse que a prisão é uma decisão absurda, que não se sustenta juridicamente, pois o cliente estava cumprindo as medidas cautelares; e afirmou que vai recorrer da decisão.