EUA Enfrentam Roubo de Ovos; Empresa Perde US$ 40 Mil

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo. Como os alimentos têm se tornado ativos econômicos valiosos, fazendo da indústria do crime mais um desafio das cadeias agroalimentares O post EUA Enfrentam Roubo de Ovos; Empresa Perde US$ 40 Mil apareceu primeiro em Forbes Brasil.

Fev 18, 2025 - 12:29
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EUA Enfrentam Roubo de Ovos; Empresa Perde US$ 40 Mil

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

 

Você nunca deve ter pensado em ovos como um luxo, certo? Porque essa proteína sempre esteve disponível na geladeira, nas prateleiras dos mercados ou em casa, como se tivesse vindo de uma fazenda próxima com entrega sem alardes. Mas agora, com ovos sendo roubados em grandes quantidades nos Estados Unidos, os preços disparando para US$ 8 a dúzia (R$ 45,60 na cotação atual) e as constantes faltas nos mercados, é visível que algo mudou nesse mercado. Os ovos não são mais apenas ovos. Eles exemplificam como os alimentos do dia a dia estão se tornando mais valiosos — e mais vulneráveis.

No meio da noite, ladrões na Pensilvânia, estado no nordeste dos EUA, roubaram 100 mil ovos orgânicos avaliados em US$ 40 mil (R$ 228,5 mil ) da Pete & Gerry’s Organic Eggs, uma das principais produtoras de ovos caipiras do país, fundada em 2003. A empresa confirmou o roubo, declarando que “está ciente de um recente incidente na Pensilvânia, e está trabalhando com as autoridades locais para investigar”.

Pode parecer absurdo, mas o furto faz parte de uma tendência muito mais profunda. Os crimes de carga nos EUA e no Canadá aumentaram 27%, com alimentos básicos e produtos agrícolas entre os principais alvos, de acordo com a análise da CargoNet, empresa especializada na prevenção e recuperação de cargas roubadas.

O roubo de ovos não é apenas sobre o café da manhã. Ele expõe as fragilidades de um sistema alimentar que luta para acompanhar a demanda. Embora pareça algo saído de um seriado policial, o crime mostra problemas mais profundos na indústria de alimentos, desde a escalada dos preços dos ovos até as vulnerabilidades na cadeia de suprimentos.

Um reflexo do momento: a economia por trás do crime

Os ovos sempre foram um item essencial nas cozinhas americanas, mas, nos últimos anos, tornaram-se commodities de alto valor econômico. Em função dos surtos de gripe aviária e problemas na cadeia de abastecimento, os preços da proteína dispararam — dobraram desde 2022 e continuam elevados em 2025. E esse não é um caso isolado.

A CargoNet registrou mais de 3,6 mil roubos de carga em 2024 — um aumento de 27% em relação ao ano anterior — com itens como nozes, abacates e ovos entre os principais alvos. Essas tendências mostram como os alimentos passaram de itens comuns na cozinha para ativos econômicos valiosos o suficiente para serem roubados.

Divulgação

Produtos da Pete & Gerry’s Organic Eggs, uma das principais produtoras de ovos caipiras dos EUA

Para os consumidores, essa é uma ideia preocupante: se alimentos básicos como ovos agora são roubados em grandes quantidades, o que virá a seguir? Para os produtores e consumidores, esse assalto serve como um lembrete da fragilidade do atual sistema alimentar.

O roubo também não diz apenas sobre a perda de um ingrediente, mas também evidencia a mudança no valor dos alimentos em uma era de inflação, escassez de mão de obra e instabilidade no fornecimento. Se os ovos agora são valiosos o bastante para serem roubados em massa, o que isso diz sobre a segurança do abastecimento de alimentos?

Quando a comida se torna valiosa o suficiente para ser roubada

O roubo de 100 mil ovos orgânicos na Pensilvânia pode parecer bizarro, mas faz parte de um padrão muito maior. No mundo todo, ladrões não estão mais interessados apenas em dinheiro ou bens de luxo — estão roubando comida. E não qualquer comida, mas alimentos de alto valor e difíceis de substituir.

Nos últimos anos, os casos foram exemplares. Alguns como:

  • O Grande Roubo do Xarope de Bordo no Canadá (2011): Seis milhões de libras de xarope roubadas, avaliadas em US$ 18 milhões (R$ 102,6 milhões) — um dos maiores roubos de alimentos da história.
  • O Roubo de Nutella (2013): Ladrões levaram 5 toneladas de Nutella na Alemanha, avaliadas em US$ 20 mil (R$ 114 mil) — afinal, quem não ama creme de avelã?
  • A Onda de Crimes das Nozes na Califórnia: Milhões de dólares em amêndoas, pistaches e nozes foram roubados por criminosos que se infiltraram nas redes de distribuição, expondo falhas na segurança do transporte de alimentos.
  • Os Roubos de Colmeias (2024): Quase 300 colmeias, avaliadas em dezenas de milhares de dólares, foram furtadas na Califórnia, já que sem abelhas, a polinização (e a produção de alimentos) entra em colapso.

Esses crimes não são aleatórios. Do xarope de bordo aos ovos, eles refletem uma realidade maior de como os alimentos se tornaram ativos econômicos. À medida que os preços sobem e as cadeias de suprimento enfrentam desafios, o que antes era comum torna-se valioso, e o que antes era garantido torna-se incerto.

O que isso significa para os consumidores

O roubo dos ovos orgânicos é um crime inusitado e revela mudanças profundas no atual sistema alimentar.

A polícia estadual da Pensilvânia segue investigando o caso, mas esse assalto aponta para uma transformação mais ampla na forma como a segurança alimentar é encarada. Com os preços dos ovos instáveis, a indústria pode precisar repensar como proteger e distribuir ingredientes essenciais.

Para os consumidores, isso significa preços mais altos e mais incerteza. Se ladrões estão dispostos a roubar caminhões carregados de ovos, o que isso significa para o futuro do café da manhã — ou de qualquer refeição?

Por enquanto, a Pete & Gerry’s enfrenta um enorme prejuízo em seu estoque de 100 mil ovos levados em um roubo que levanta questões mais amplas. Quando até alimentos básicos deixam de estar seguros contra o crime, é um sinal de que o sistema alimentar — e até mesmo o simples ato de tomar café da manhã — pode ser mais frágil do que imaginávamos.

* Stephanie Gravalese é colaboradora da Forbes EUA, onde escreve sobre restaurantes e cultura alimentar da fazenda ao garfo.

 

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