Estoril já ajudou a tombar Benfica: "Criou uma enorme pressão..."
João Coimbra vestiu a camisola dos dois clubes e esteve presente no jogo, em maio de 2013, no qual as águias tropeçaram em casa antes de caírem, com estrondo, no Dragão.

O Benfica visita, no sábado, o Estoril em jogo da 32.ª e antepenúltima jornada da I Liga, com margem de erro reduzida a... zero. Ora, em plena luta acérrima pelo título com o rival Sporting, as águias sabem que não podem perder pontos, na Amoreira, mas, do outro lado, estará um Estoril "sem pressão" e que pode causar estragos. O alerta é de João Coimbra, antigo médio português que vestiu a camisola de ambos os clubes.
"Não é fácil jogar na Amoreira. O Estoril está a fazer um bom campeonato, estando tranquilo na tabela. O Estoril vai jogar mais tranquilo, sem a pressão que o Benfica tem. Esse retirar de pressão ajudará o Estoril a fazer um bom jogo", começa por dizer João Coimbra, em declarações exclusivas ao Desporto ao Minuto, antes de abordar o dérbi na Luz que já está à vista e que assume, cada vez mais, um carácter decisivo.
"A luta está muito boa e imprevisível. Acredito que o dérbi, na Luz, possa decidir tudo. O Sporting, ganhando [todos os jogos], o Benfica terá sempre de ganhar para ser campeão. Ainda faltam três jogos, mas o dérbi será decisivo. O campeão é muito imprevisível. É de salutar esta luta até ao fim destas duas grandes equipas equipas que têm mostrado, nesta fase, que merecem estar nesta disputa. Será um dérbi decisivo, apesar de existirem mais dois jogos e o Benfica ainda tem de ir a Braga", aponta o jogador português que fez quase toda a formação nos encarnados.
Presente no jogo que iniciou o descalabro de 2012/13
O Estoril já causou dissabores ao Benfica e, da época 2012/13, chega-nos um exemplo. Os então comandados de Marco Silva visitaram a Luz e arrancaram um inesperado empate (1-1), precisamente, na antepenúltima jornada do campeonato, antes das águias, de Jorge Jesus, tombarem no Estádio do Dragão - com o tal golo de Kelvin, aos 90+2 minutos - e perderem aquele que parecia ser o título de campeão. João Coimbra estava ao serviço dos estorilistas e havia entrado na segunda parte, já perto da reta final, tendo ainda na memória o impacto desse desaire.
"Lembro-me que estava no banco, entrei quando o Carlos Martins foi expulso e pensei que teria de correr menos (risos). Tínhamos uma equipa muito boa, talvez com um dos melhores plantéis de sempre do Estoril, e a prova disso é que fomos à Liga Europa nesse ano e no seguinte. Com o treinador Marco Silva, que fez um ótimo trabalho e que está a provar na Premier League que é um excelente treinador", recorda João Coimbra, prosseguindo.
"Lembro-me bem que o Benfica entrou forte nos primeiros 15 minutos, mas não conseguiu marcar golo e nós, aos poucos, fomos impondo o nosso jogo. Até estivemos a ganhar e foi um 'balde de água fria' para todo o Estádio da Luz. O Benfica, se ganhasse, ficaria com uma vantagem mais confortável e até poderia perder no Dragão e ser campeão na mesma. Criou uma enorme pressão para o Benfica. Muita gente associa a perda do título a esse jogo do Estoril, mas a verdade é que o Benfica também perdeu o jogo no Dragão", lembra.
Nessa mesma temporada, recorde-se, o Benfica também acabaria por perder, também, a Liga Europa, sendo derrotado pelo Chelsea na final, e a Taça de Portugal, frente ao Vitória SC, então liderado por Rui Vitória. Isto, claro, além do campeonato que seria, afinal, vencido pelo FC Porto.
Pressão não será problema
Questionado de que forma a pressão pode afetar o rendimento dos jogadores, João Coimbra acredita que tanto Benfica como Sporting têm planteis com atletas experientes e que a vontade de ganhar supera qualquer obstáculo. No entanto, também avisa que qualquer erro pode sair caro.
"Estamos a falar de jogadores de alto nível e que estão habituados a lidar com isso. Mas, claro, chegando à parte da decisão, muita coisa vai pesar. Qualquer erro pode influenciar e condicionar o campeonato. A pressão está no Benfica e também no Sporting, que não conquista o bicampeonato há vários anos. Será uma luta enorme por cada jogada até a fim", vaticina.
Velhos conhecidos na estrutura
João Coimbra passou pela equipa principal do Benfica nas épocas 2005/06 e 2006/07 e foi companheiro de equipa de nomes como Simão Sabrosa, Ricardo Rocha ou Rui Costa, todos eles agora com funções distintas no clube encarnado passados quase 20 anos. O antigo médio considera muito importante a presença destes antigos jogadores junto da equipa por conta da tamanha experiência adquirida nas respetivas carreiras.
"Considero ser muito importante ter pessoas consagradas dentro do balneário. Conseguem passar a dita mística, experiência e alguma tranquilidade nestes momentos de maior pressão. Conseguem passar aquilo que já vivenciaram aos jogadores, mas também estamos a falar de jogadores, dos clubes grandes, estão habituados a estes jogos e a lutar por títulos. A vontade de conquistar títulos é maior e vão dar tudo em campo", sublinha o antigo futebolista que fez um total de 18 jogos ao serviço da equipa principal do Benfica.
João Coimbra em ação num jogo da Taça UEFA, frente ao PSG, com a camisola do Benfica.
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Futuro ao lado de Bruno Pinheiro
Depois de ter terminado a carreira de jogador na época 2020/21, João Coimbra depressa envergou pela carreira de treinador, juntando-se à equipa técnica liderada por Bruno Pinheiro. Do Estoril ao Gil Vicente, o agora treinador adjunto de 38 anos também já passou pelo Qatar, e encontra-se neste momento à espera de um novo desafio ao lado do treinador que o convidou.
"Tive a sorte do míster Bruno Pinheiro ter-me convidado para integrar a equipa dele, na altura, no Estoril. Estou a gostar muito de trabalhar com ele. Tenho aprendido muito com ele. É um treinador com um futuro muito promissor", remata João Coimbra.
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