Especialistas apontam transição geopolítica para ordem multipolar e questionam eficácia de instituições internacionais

O cenário geopolítico global caminha para um equilíbrio multipolar, em que o poder tradicionalmente concentrado no Ocidente tende a ser compartilhado com países do Sul Global. A análise foi feita por especialistas durante episódio do podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, veiculado na quinta-feira, 20, com apresentação dos jornalistas Melina Saad e Marcelo Castilho. O debate […] O post Especialistas apontam transição geopolítica para ordem multipolar e questionam eficácia de instituições internacionais apareceu primeiro em O Cafezinho.

Mar 22, 2025 - 12:55
 0
Especialistas apontam transição geopolítica para ordem multipolar e questionam eficácia de instituições internacionais

O cenário geopolítico global caminha para um equilíbrio multipolar, em que o poder tradicionalmente concentrado no Ocidente tende a ser compartilhado com países do Sul Global.

A análise foi feita por especialistas durante episódio do podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, veiculado na quinta-feira, 20, com apresentação dos jornalistas Melina Saad e Marcelo Castilho.

O debate girou em torno da proposta de reformulação das instituições de governança internacional, tema considerado central na agenda do BRICS. Segundo os participantes, a estrutura atual apresenta sinais de esgotamento diante das transformações nas dinâmicas de poder global.

Denilde Holzhacker, professora de Relações Internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), afirmou que organizações multilaterais como a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Conselho de Segurança (CSNU) enfrentam desgaste crescente.

Para ela, o principal fator dessa crise é a dificuldade das instituições em acompanhar mudanças estruturais no sistema internacional.

“As organizações internacionais não existem por si só, elas são reflexos das vontades dos Estados que estão lá nos seus assentos e dos governos que vão decidir quais serão os rumos”, afirmou Holzhacker.

Charles Pennaforte, professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e coordenador do Laboratório de Geopolítica, Relações Internacionais e Movimentos Antissistêmicos (LabGRIMA), também participou da discussão.

Ele associou o atual impasse à reconfiguração das relações de poder desde o fim da Guerra Fria. Segundo ele, os Estados Unidos não mantêm mais o mesmo grau de influência observado no período imediatamente posterior à dissolução da União Soviética.

“Os Estados Unidos não possuem mais a mesma força que tinham anteriormente”, disse Pennaforte, ao destacar que a ascensão da China e a rearticulação da Rússia enfraqueceram a posição hegemônica norte-americana.

Ele considera que a tentativa de preservar a ordem estabelecida por meio de sanções e pressões econômicas está em declínio. “É uma tentativa de você manter uma estrutura baseada em alicerces antigos”, avaliou.

Holzhacker observou que o processo de redistribuição de poder é contínuo e está em curso, com impactos diretos sobre as relações internacionais.

Países da América Latina, África e Ásia, agrupados no chamado Sul Global, já percebem mudanças no centro de gravidade econômico mundial. A China, segundo ela, assume papel crescente nesse contexto, alterando a configuração dos fluxos comerciais e financeiros.

A especialista argumentou que, além de obter legitimidade política, os países emergentes precisam consolidar suas capacidades econômicas para exercer maior influência. O avanço de novas articulações internacionais, fora do modelo institucional tradicional, reforça esse movimento.

Pennaforte acrescentou que o processo de transição não será marcado por confrontos abruptos, mas por mudanças graduais, à medida que os países buscam alternativas às estruturas dominadas por organismos como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.

“Com o tempo as pessoas vão ver que existem outras saídas (…) e aí vão se deslocar naturalmente por um processo (…) de convivência”, afirmou o professor.

Durante o episódio, os participantes argumentaram que a tentativa de manter a estrutura vigente sem adaptações aos novos atores do sistema internacional pode comprometer a funcionalidade das instituições multilaterais. Segundo eles, a tendência é que o poder geopolítico se redistribua de forma mais ampla, com a inclusão de diferentes países no processo decisório global.

A análise apresentada no programa indica que o Ocidente será gradualmente forçado a aceitar a presença de novos centros de influência no sistema internacional. “Eles terão, no mínimo, que dividir o poder com outros países”, concluiu Pennaforte.

A discussão aponta para a possibilidade de revisão das regras e mecanismos das instituições internacionais, com vistas à incorporação de novos atores e à adequação das estruturas ao cenário multipolar emergente.

Com informações da Sputnik Brasil

O post Especialistas apontam transição geopolítica para ordem multipolar e questionam eficácia de instituições internacionais apareceu primeiro em O Cafezinho.