"Escola é o local onde se informa sobre a vacina", diz presidente da SBim
Para a especialista, campanhas serão bem sucedidas apenas se houver informação, incentivo e combate às mentiras que desestimulam a imunização. Ela também considera que as aplicações no ambiente de ensino facilita a vida dos pais

A médica pneumopediatra Mônica Levi, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim), considera que as campanhas de vacinação somente serão bem sucedidas se houver informação, incentivo e combate às mentiras que desestimulam a imunização. Ela considera que as escolas são o local ideal para esclarecer sobre as vacinas e, também, aplicá-las sem custos adicionais às famílias. Confira a seguir os trechos da entrevista ao Correio.
Como a senhora avalia o panorama da vacinação no país?
Desde a década de 1970, o Brasil é um exemplo para o mundo ao consolidar o Programa Nacional de Imunizações (PNI). Tivemos muito sucesso, com uma população que acreditava e comparecia para se vacinar. Fomos de uma situação de sucesso no controle de doenças para um risco de reemergência e com baixíssimas coberturas vacinais. O desafio maior, agora, é a retomada dessas coberturas para proteger a população.
O que explica a queda na vacinação?
Primeiramente, a falta de percepção do risco das doenças. Como as vacinas tiveram sucesso em controlá-las, a população não vê a ameaça e não entende a necessidade de manter a vacinação. Outro fator é a disseminação de mentiras e a ação de grupos antivacinas, que se organizaram especialmente durante a pandemia. Isso abalou a confiança e levou ao que chamo de "sommelier de vacina" — pessoas, por preconceito, começam a escolher quais vacinas consideravam importantes tomar. Esses discursos ainda têm força.
A senhora também menciona que problemas estruturais dificultam a vacinação. Que problemas são esses?
Essas questões englobam dificuldades de acesso das famílias aos postos de saúde, por exemplo. Pense que, para ir a um posto, as famílias devem desembolsar o dinheiro do ônibus, do transporte. Então, se deslocar ao posto para se vacinar envolve custos.
O governo federal promoveu um mutirão de vacinação nas escolas. Como a senhora avalia essa iniciativa?
Como algo positivo. A escola é um local onde é possível passar informações corretas para que crianças e adolescentes entendam por que estão se vacinando. A vacina chegar à escola é uma situação muito melhor, pois evita o deslocamento das pessoas aos postos de saúde para imunizar crianças e adolescentes.
E quanto aos adultos? Como incentivar a vacinação entre eles?
Com microplanejamento, conversando com líderes comunitários para entender quem são as pessoas mais ouvidas em cada localidade, já que as estratégias precisam ser diferentes em cada região do Brasil. Estratégias como passar em ruas com megafone informando sobre vacinas disponíveis. Principalmente, criar pontos de vacinação em locais de alta circulação e de fácil acesso para quem não vai espontaneamente aos postos — como drive-thrus, parques, clubes e avenidas movimentadas. Sou contra o uso de brindes como incentivo. A pessoa está ganhando uma proteção gratuita.
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