Entenda o racha no Psol e o que cada lado defende
Cotado para a Esplanada, Guilherme Boulos tem protagonizado divergência interna entre os grupos majoritário e minoritário do partido

A possível indicação do deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP) para ser ministro da Secretaria Geral da Presidência deve acirrar o racha na bancada do Psol na Câmara dos Deputados.
A ala minoritária da bancada, à qual o deputado Glauber Braga (Psol-RJ) pertence, defende que o apoio ao governo não seja irrestrito. Eles são defensores de mais espaço para críticas, o que ficaria mais difícil com um cargo na Esplanada para o partido.
O bloco majoritário da sigla, próximo ao Boulos, por outro lado, vê como positiva a aproximação do partido a Lula. Acreditam que o petista é uma alternativa viável para evitar o eventual retorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Executivo.
As alas do Psol são representadas por uma maioria de 8 deputados e uma minoria, de 5.
São do grupo majoritário:
- Célia Xakriabá (MG);
- Érika Hilton (SP);
- Guilherme Boulos (SP);
- Ivan Valente (SP);
- Luciene Cavalcante (SP);
- Pastor Henrique Vieira (RJ);
- Talíria Petrone (RJ);
- Tarcísio Motta (RJ).
E são do grupo minoritário:
- Chico Alencar (RJ);
- Fernanda Melchionna (RS);
- Glauber Braga (RJ);
- Luiza Erundina (SP);
- Sâmia Bomfim (SP).
O racha é minimizado por integrantes da bancada. Eles chamam a situação de “divergência civilizada”. A visão é de que essas diferenças demonstram que o partido não tem centralismo e nem é radical, porque apesar das discordâncias nenhuma corrente defende sair do grupo aliado ao governo ou mesmo ir para a oposição.
“Não é um partido de caciques”, o Poder360 ouviu de um interlocutor. No entanto, a nomeação de Boulos como ministro, ainda não confirmada, pode trazer uma nova crise.
Uma ala do partido defende que qualquer convite de Lula a um integrante da sigla deve ser deliberado pelos integrantes e não pelo indivíduo sozinho. Neste caso, Boulos não poderia aceitar sem consultar o Psol antes.
O Psol, hoje, tem o Ministério dos Povos Indígenas, com Sônia Guajajara. A nomeação dela é tratada como exceção, por causa do perfil do cargo e do fato de Sônia ser indígena e militante da causa. Mas a resolução do partido é de não participar de cargos ministeriais.
Apesar de não se intimidarem de fazer críticas ao governo mesmo que ganhem cargo, a ala minoritária acredita que a nomeação de Boulos pode, sim, aumentar a adesão à gestão de Lula, mas sem perder o “espírito crítico”.
INÍCIO DO RACHA
A divergência na bancada do Psol se evidenciou quando o economista Davi Deccache foi demitido do gabinete da liderança do partido depois de fazer críticas à política econômica do governo Lula.
A sigla negou que esse tenha sido o motivo da demissão. Disse que insultos a deputados motivaram a decisão.
Depois da demissão do assessor econômico do partido, o grupo da minoria do Psol saiu em defesa de Deccache. Afirmou que ele não fez ofensas e criticou o “autoritarismo” de Boulos e seus aliados.
Apesar da troca de farpas entre integrantes, deputados negam que o partido esteja rachado. Dizem que isso não foi assunto das recentes reuniões da bancada. Também declaram que a ida de Boulos ao governo não é certa.
CRÍTICAS A BOULOS
Um dos políticos mais relevantes do Psol, Boulos é alvo de críticas do bloco minoritário. Atribuem a ele o distanciamento do partido de seus princípios fundadores em prol de uma ascensão política.
Os governistas do partido negam as acusações. Dizem que o bloco minoritário, derrotado na disputa pelo controle da sigla, não aceita a governança do bloco majoritário.