Diário de viagem: Capítulo 3
Por aquelas paragens, madrugar esteve na ordem do dia… todos os dias. Se o que se quer é uma visita com qualidade, chegar cedo é fundamental. Isto implica acordar às 6:30h, tomar pequeno almoço e estar no lobby pronto para o autocarro entre as 7:30h e as 8 horas. Éramos quase sempre os primeiros e assim tínhamos tempo para conversar com o guia sobre as visitas. Se existe coisa de que não nos poderemos nunca queixar, é da organização e da pontualidade dos muitos representantes da agência Egípcia que nos transportaram e guiaram aos mais variados destinos, alguns num português-do-Brasil quase perfeito, outros num excelente espanhol. Foram todos sem excepção, óptimos profissionais. Com o grupo completo, rumámos à mesquita de Muhammad Ali, também conhecida como Mesquita de Alabastro, um importante local de culto e também um símbolo da era de modernização do Egito sob o governo de Muhammad Ali Pasha. Visitámos também a mesquita mameluca de na-Nasr Mohammed, que é um exemplo impressionante da arquitetura mameluca, com grandes cúpulas, minaretes altos e belos detalhes decorativos. Ambas as mesquitas estão situadas dentro da Cidadela de Saladino , o famoso Salah ad-Din Yusuf ibn Ayyub, fundador da dinastia aiúbida. A cidadela foi projetada para proteger a cidade de invasões, especialmente durante as Cruzadas. Foi a primeira vez que entrámos em mesquitas calçados (era opção por 10EGP) e apenas com protectores de sapatos. Dos muros da Cidadela, a vista panorâmica sobre a cidade é de tirar o fôlego, de tão fantástica quanto deprimente. Pelo caminho avistamos a Cidade dos Mortos, que não conseguimos visitar por estar a decorrer um funeral. Depois do almoço em restaurante típico, visitámos o bairro Copta. Este bairro é o centro da comunidade cristã copta do país, que é uma das mais antigas tradições cristãs do mundo. O pequeno tesouro que é a Igreja de S. Sérgio e S. Baco, erigida sobre a casa na qual a Virgem Maria, o Menino Jesus e S. José viveram quando da sua fuga para o Egipto merece destaque. Visitámos também a antiga igreja de Santa Bárbara convertida em sinagoga. Paredes meias com uma mesquita construída sem minaretes nem altifalantes para não perturbar as orações na sinagoga, funcionam cada uma no seu culto e ambas em perfeita e pacífica coabitação. Visitámos também o grande bazar de Khan el Khalili e o Museu Egípcio. Como dois lugares distintos, um pardacento e sombrio, o outro arrumado e alegre, Cairo-a-Capital e o Cairo Turístico, vivem lado a lado, dissonantes, como duas metades em que as disparidades são por demais flagrantes debaixo da mesma luz, duas faces da mesma moeda cuja cara que cai voltada para o sol é a renda que alimenta o país. O Museu Egípcio apesar de desfalcado de grande parte do seu acervo, é ainda muito interessante. Apresenta a exposição por categorias e sem ordem cronológica, mas está muito bem organizado. A sua maior atracção é (e será até Julho) parte do tesouro de Tut Ankh Amon. Está exposta a máscara funerária, o sarcófago de ouro e um sem número de gargantilhas, coroas e outros objectos pessoais confeccionados nesse metal precioso, imprescindíveis ao percurso da alma após o Tribunal de Osíris e todos os processos de vida, morte e regresso da alma ao corpo. Por ser sagrado ou profano, não percebi bem o porquê, não é permitido fazer fotografias ou vídeos da sala deste faraó... mas se se pagar com antecedência pela sessão fotográfica, depois do horário de encerramento podemos fotografar, algo que à data desconhecia completamente. Hatshepsut Já entardecia quando regressámos ao hotel para preparar tudo para a aventura seguinte. Nas ruas recomeçava a azáfama para mais um iftar, e a letargia do jejum dava lugar à antecipação do banquete que, onde quer que fosse, era sempre farto e bastante variado e cujos aromas esvoaçavam por toda a cidade, carregados pelos ventos de final de tarde. Pelas estradas, voluntários ofereciam água e tâmaras àqueles que demoravam no regresso a casa, para que pudessem quebrar o jejum depois das 6 da tarde, hora em que o sol, apesar de ainda iluminar, deixava de se ver no horizonte e em que, do alto dos minaretes de todas as mesquitas, por todo o país, os muezim cantam o adhan para as primeiras orações da noite. Também nós tínhamos algumas tarefas a ultimar. Acordar às 2 horas da madrugada, sair às 3 horas, chegar ao aeroporto às 4 horas, passar pelas diversas revistas de segurança e às 6 horas voar rumo Luxor. Assim foi e mal o avião descolou, já começava a preparar a aterragem.

Por aquelas paragens, madrugar esteve na ordem do dia… todos os dias. Se o que se quer é uma visita com qualidade, chegar cedo é fundamental. Isto implica acordar às 6:30h, tomar pequeno almoço e estar no lobby pronto para o autocarro entre as 7:30h e as 8 horas. Éramos quase sempre os primeiros e assim tínhamos tempo para conversar com o guia sobre as visitas. Se existe coisa de que não nos poderemos nunca queixar, é da organização e da pontualidade dos muitos representantes da agência Egípcia que nos transportaram e guiaram aos mais variados destinos, alguns num português-do-Brasil quase perfeito, outros num excelente espanhol. Foram todos sem excepção, óptimos profissionais.
Com o grupo completo, rumámos à mesquita de Muhammad Ali, também conhecida como Mesquita de Alabastro, um importante local de culto e também um símbolo da era de modernização do Egito sob o governo de Muhammad Ali Pasha. Visitámos também a mesquita mameluca de na-Nasr Mohammed, que é um exemplo impressionante da arquitetura mameluca, com grandes cúpulas, minaretes altos e belos detalhes decorativos. Ambas as mesquitas estão situadas dentro da Cidadela de Saladino , o famoso Salah ad-Din Yusuf ibn Ayyub, fundador da dinastia aiúbida. A cidadela foi projetada para proteger a cidade de invasões, especialmente durante as Cruzadas.
Foi a primeira vez que entrámos em mesquitas calçados (era opção por 10EGP) e apenas com protectores de sapatos.
Dos muros da Cidadela, a vista panorâmica sobre a cidade é de tirar o fôlego, de tão fantástica quanto deprimente. Pelo caminho avistamos a Cidade dos Mortos, que não conseguimos visitar por estar a decorrer um funeral.
Depois do almoço em restaurante típico, visitámos o bairro Copta. Este bairro é o centro da comunidade cristã copta do país, que é uma das mais antigas tradições cristãs do mundo. O pequeno tesouro que é a Igreja de S. Sérgio e S. Baco, erigida sobre a casa na qual a Virgem Maria, o Menino Jesus e S. José viveram quando da sua fuga para o Egipto merece destaque. Visitámos também a antiga igreja de Santa Bárbara convertida em sinagoga. Paredes meias com uma mesquita construída sem minaretes nem altifalantes para não perturbar as orações na sinagoga, funcionam cada uma no seu culto e ambas em perfeita e pacífica coabitação. Visitámos também o grande bazar de Khan el Khalili e o Museu Egípcio.
Como dois lugares distintos, um pardacento e sombrio, o outro arrumado e alegre, Cairo-a-Capital e o Cairo Turístico, vivem lado a lado, dissonantes, como duas metades em que as disparidades são por demais flagrantes debaixo da mesma luz, duas faces da mesma moeda cuja cara que cai voltada para o sol é a renda que alimenta o país.
O Museu Egípcio apesar de desfalcado de grande parte do seu acervo, é ainda muito interessante. Apresenta a exposição por categorias e sem ordem cronológica, mas está muito bem organizado.
A sua maior atracção é (e será até Julho) parte do tesouro de Tut Ankh Amon. Está exposta a máscara funerária, o sarcófago de ouro e um sem número de gargantilhas, coroas e outros objectos pessoais confeccionados nesse metal precioso, imprescindíveis ao percurso da alma após o Tribunal de Osíris e todos os processos de vida, morte e regresso da alma ao corpo. Por ser sagrado ou profano, não percebi bem o porquê, não é permitido fazer fotografias ou vídeos da sala deste faraó... mas se se pagar com antecedência pela sessão fotográfica, depois do horário de encerramento podemos fotografar, algo que à data desconhecia completamente.
Hatshepsut
Já entardecia quando regressámos ao hotel para preparar tudo para a aventura seguinte. Nas ruas recomeçava a azáfama para mais um iftar, e a letargia do jejum dava lugar à antecipação do banquete que, onde quer que fosse, era sempre farto e bastante variado e cujos aromas esvoaçavam por toda a cidade, carregados pelos ventos de final de tarde. Pelas estradas, voluntários ofereciam água e tâmaras àqueles que demoravam no regresso a casa, para que pudessem quebrar o jejum depois das 6 da tarde, hora em que o sol, apesar de ainda iluminar, deixava de se ver no horizonte e em que, do alto dos minaretes de todas as mesquitas, por todo o país, os muezim cantam o adhan para as primeiras orações da noite.
Também nós tínhamos algumas tarefas a ultimar. Acordar às 2 horas da madrugada, sair às 3 horas, chegar ao aeroporto às 4 horas, passar pelas diversas revistas de segurança e às 6 horas voar rumo Luxor.
Assim foi e mal o avião descolou, já começava a preparar a aterragem.