Dia da Mulher: 5 descobertas científicas sobre a saúde feminina

Está chegando o dia 8 de março, internacionalmente comemorado com o Dia da Mulher, quando são celebradas as conquistas femininas em diversas áreas, da cultura e política à ciência e saúde. Por isso, separamos pesquisas recentes que podem ajudar a melhorar a qualidade de vida das mulheres, seja no campo da medicina ou no campo social. Dia da Mulher: participação feminina chega a 49% na ciência brasileira 10 mulheres que deixaram a sua marca na astronomia antiga e atual Exercícios e menstruação Durante o ciclo menstrual, o nível de hormônios no corpo flutua, o que impacta diversos aspectos do corpo feminino, incluindo a performance física. Uma pesquisa sueca publicada na revista Frontiers in Sports and Active Living analisou as percepções de força de várias mulheres em períodos diferentes de seu ciclo menstrual. Mulheres notaram que a fase do ciclo menstrual em que mais tiveram força e motivação para treinar foi a da menstruação (Imagem: Freepik/Domínio Público) Foram estudadas cinco mulheres que fazem treinos de força de maneira recreativa, tomando nota de seu volume e intensidade de treino, motivação, nível de energia e dia do ciclo menstrual. Durante a fase folicular, a performance variou, mas diversas mulheres notaram uma falta de energia durante os primeiros dias do ciclo, que também mostrou ter mais chances de lesões. -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- No final da fase folicular, essa tendência foi revertida, com a energia e a força atingindo seu ápice alguns dias antes ou logo após a menstruação, podendo ser indicativo do pico de hormônios anabólicos da ovulação. Na fase lútea, a performance ficou no nível mais baixo percebido pelas mulheres. A informação pode ajudar a criar treinos personalizados mais efetivos para as mulheres. Osteoporose e vitamina B3 A osteoporose é uma condição que afeta os ossos, diminuindo sua densidade mineral, aumentando a fragilidade e chances de fraturas. Mulheres na menopausa são um grupo com risco particularmente aumentado de desenvolver o problema. Um estudo chinês publicado na revista científica Frontiers in Medicine descobriu recentemente uma ligação entre a vitamina B e a doença. O consumo de vitamina B3 diminuiu as chances de mulheres na menopausa de terem osteoporose em 13% (Imagem: CDC/Unsplash) O consumo da vitamina B, presente em verduras, legumes e laticínios, foi ligado negativamente ao risco de osteoporose em mulheres: foram estudadas mais de 1.800 americanas acima dos 50 anos. Ao tomar 10 miligramas de vitamina B3 por dia, o risco de osteoporose foi diminuído em 13%, segundo a pesquisa. Votos e a saúde das mulheres pretas Em uma pesquisa feita nos Estados Unidos, notou-se uma ligação entre a suspensão do direito ao voto e a saúde nas mulheres pretas. No país, cidadãos podem ter seu direito de votar negado devido a condenações criminais. Em 2020, 5,2 milhões de pessoas foram afetadas: em alguns estados, as leis são piores, sendo que, em certos lugares, uma em cada sete mulheres pretas são afetadas. Num estudo publicado na revista Frontiers in Public Health, foi investigado o impacto dessa suspensão de direitos civis na saúde feminina autorreportada (ou seja, a própria percepção de saúde). Com 180.000 mulheres de 49 estados diferentes, notou-se que os distritos com leis mais estritas estavam associados a uma pior saúde percebida nas mulheres pretas, mas não nas brancas. A pesquisa americana notou que mulheres pretas sentiram que sua proibição do direito ao voto teve um impacto negativo em sua saúde (Imagem: Freepik/Domínio Público) Segundo os cientistas, a exposição crônica às desvantagens sociais e racismo estrutural podem não manifestar uma doença física em particular, mas gerar uma saúde pior no geral. Leis mais brandas e mais sensíveis às desigualdades raciais, de acordo com eles, podem ajudar. Infecção urinária e câncer de bexiga O câncer de bexiga é um dos mais diagnosticados do mundo, e mais prevalente em mulheres do que em homens. Num estudo realizado por pesquisadores chineses e publicado no periódico Frontiers in Oncology, foram estudadas 850 mulheres entre 30 e 85 anos com diagnósticos de câncer de bexiga para descobrir fatores de risco associados à doença. O comportamento de risco mais forte identificado foi o tabagismo: fumantes têm cerca de duas vezes mais chances de desenvolver o quadro cancerígeno. Exposição ocupacional a substâncias cancerígenas foi o segundo, também quase dobrando as chances do câncer, enquanto o terceiro fator foram infecções recorrentes do trato urinário. Mulheres com infecção urinária recorrente possuem mais chances de desenvolver câncer de bexiga — buscar tratamento pode ajudar a diminuir as chances e fazer um diagnóstico precoce (Imagem: Prostock-studio/Envato) As chances de uma mulher desenvolver câncer de bexiga aumentaram em 1,72 vez entre as estudadas que tiveram infecções

Mar 8, 2025 - 14:22
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Dia da Mulher: 5 descobertas científicas sobre a saúde feminina

Está chegando o dia 8 de março, internacionalmente comemorado com o Dia da Mulher, quando são celebradas as conquistas femininas em diversas áreas, da cultura e política à ciência e saúde. Por isso, separamos pesquisas recentes que podem ajudar a melhorar a qualidade de vida das mulheres, seja no campo da medicina ou no campo social.

Exercícios e menstruação

Durante o ciclo menstrual, o nível de hormônios no corpo flutua, o que impacta diversos aspectos do corpo feminino, incluindo a performance física. Uma pesquisa sueca publicada na revista Frontiers in Sports and Active Living analisou as percepções de força de várias mulheres em períodos diferentes de seu ciclo menstrual.

Mulheres notaram que a fase do ciclo menstrual em que mais tiveram força e motivação para treinar foi a da menstruação (Imagem: Freepik/Domínio Público)
Mulheres notaram que a fase do ciclo menstrual em que mais tiveram força e motivação para treinar foi a da menstruação (Imagem: Freepik/Domínio Público)

Foram estudadas cinco mulheres que fazem treinos de força de maneira recreativa, tomando nota de seu volume e intensidade de treino, motivação, nível de energia e dia do ciclo menstrual. Durante a fase folicular, a performance variou, mas diversas mulheres notaram uma falta de energia durante os primeiros dias do ciclo, que também mostrou ter mais chances de lesões.

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No final da fase folicular, essa tendência foi revertida, com a energia e a força atingindo seu ápice alguns dias antes ou logo após a menstruação, podendo ser indicativo do pico de hormônios anabólicos da ovulação. Na fase lútea, a performance ficou no nível mais baixo percebido pelas mulheres. A informação pode ajudar a criar treinos personalizados mais efetivos para as mulheres.

Osteoporose e vitamina B3

A osteoporose é uma condição que afeta os ossos, diminuindo sua densidade mineral, aumentando a fragilidade e chances de fraturas. Mulheres na menopausa são um grupo com risco particularmente aumentado de desenvolver o problema. Um estudo chinês publicado na revista científica Frontiers in Medicine descobriu recentemente uma ligação entre a vitamina B e a doença.

O consumo de vitamina B3 diminuiu as chances de mulheres na menopausa de terem osteoporose em 13% (Imagem: CDC/Unsplash)
O consumo de vitamina B3 diminuiu as chances de mulheres na menopausa de terem osteoporose em 13% (Imagem: CDC/Unsplash)

O consumo da vitamina B, presente em verduras, legumes e laticínios, foi ligado negativamente ao risco de osteoporose em mulheres: foram estudadas mais de 1.800 americanas acima dos 50 anos. Ao tomar 10 miligramas de vitamina B3 por dia, o risco de osteoporose foi diminuído em 13%, segundo a pesquisa.

Votos e a saúde das mulheres pretas

Em uma pesquisa feita nos Estados Unidos, notou-se uma ligação entre a suspensão do direito ao voto e a saúde nas mulheres pretas. No país, cidadãos podem ter seu direito de votar negado devido a condenações criminais. Em 2020, 5,2 milhões de pessoas foram afetadas: em alguns estados, as leis são piores, sendo que, em certos lugares, uma em cada sete mulheres pretas são afetadas.

Num estudo publicado na revista Frontiers in Public Health, foi investigado o impacto dessa suspensão de direitos civis na saúde feminina autorreportada (ou seja, a própria percepção de saúde). Com 180.000 mulheres de 49 estados diferentes, notou-se que os distritos com leis mais estritas estavam associados a uma pior saúde percebida nas mulheres pretas, mas não nas brancas.

A pesquisa americana notou que mulheres pretas sentiram que sua proibição do direito ao voto teve um impacto negativo em sua saúde (Imagem: Freepik/Domínio Público)
A pesquisa americana notou que mulheres pretas sentiram que sua proibição do direito ao voto teve um impacto negativo em sua saúde (Imagem: Freepik/Domínio Público)

Segundo os cientistas, a exposição crônica às desvantagens sociais e racismo estrutural podem não manifestar uma doença física em particular, mas gerar uma saúde pior no geral. Leis mais brandas e mais sensíveis às desigualdades raciais, de acordo com eles, podem ajudar.

Infecção urinária e câncer de bexiga

O câncer de bexiga é um dos mais diagnosticados do mundo, e mais prevalente em mulheres do que em homens. Num estudo realizado por pesquisadores chineses e publicado no periódico Frontiers in Oncology, foram estudadas 850 mulheres entre 30 e 85 anos com diagnósticos de câncer de bexiga para descobrir fatores de risco associados à doença.

O comportamento de risco mais forte identificado foi o tabagismo: fumantes têm cerca de duas vezes mais chances de desenvolver o quadro cancerígeno. Exposição ocupacional a substâncias cancerígenas foi o segundo, também quase dobrando as chances do câncer, enquanto o terceiro fator foram infecções recorrentes do trato urinário.

Mulheres com infecção urinária recorrente possuem mais chances de desenvolver câncer de bexiga — buscar tratamento pode ajudar a diminuir as chances e fazer um diagnóstico precoce (Imagem: Prostock-studio/Envato)
Mulheres com infecção urinária recorrente possuem mais chances de desenvolver câncer de bexiga — buscar tratamento pode ajudar a diminuir as chances e fazer um diagnóstico precoce (Imagem: Prostock-studio/Envato)

As chances de uma mulher desenvolver câncer de bexiga aumentaram em 1,72 vez entre as estudadas que tiveram infecções urinárias recorrentemente. A condição, então, merece atenção, já que é um sinal importante, mas muito pouco observado por profissionais da saúde, segundo os cientistas responsáveis.

Mentorias e as mulheres na ciência

A disparidade de gêneros na ciência, apesar de esforços para diminuí-las, é bastante presente nas áreas conhecidas como STEM“Science, Technology, Engineering and Maths” (ciência, tecnologia, engenharia e matemática, em tradução livre), em inglês. Isso ainda está presente por conta de normais sociais, sistema educacional e cultura de trabalho com vieses muitas vezes inconscientes.

Uma equipe de cientistas do Chile, México e Espanha investigaram as motivações para seguir em carreiras do tipo STEM entre mulheres, bem como seu interesse em promover diversidade e o papel das mentorias no desenvolvimento profissional. Eles publicaram os resultados na revista científica Frontiers in Education.

Ainda há disparidade de gêneros nas ciências matemáticas e tecnológicas: programas de mentoria podem ajudar, segundo a pesquisa, a diminuir a diferença (Imagem: Trust Katsande/Unsplash)
Ainda há disparidade de gêneros nas ciências matemáticas e tecnológicas: programas de mentoria podem ajudar, segundo a pesquisa, a diminuir a diferença (Imagem: Trust Katsande/Unsplash)

Foram feitas 19 entrevistas, descobrindo que as motivações das mulheres eram diferentes de acordo com o papel desempenhado em cada ciência. Eles variaram entre a vontade de ter um impacto social, crescimento econômico em papéis profissionais externos e de gerência e metas acadêmicas baseadas em posições voltadas à pesquisa.

Todas as respondentes, no entanto, enfatizaram a importância de programas de mentoria personalizados como ferramentas para o crescimento pessoal e profissional, também sendo um espaço para compartilhar experiências e ajuda mútua. Isso sugere que o aumento de programas como esse pode ajudar a diminuir as diferenças entre os gêneros nas ciências STEM.

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VÍDEO: Mulheres notáveis da Ciência

 

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