Demissão aumenta preocupações sobre a instabilidade na FIA

A recente resignação do vice-presidente da FIA, Robert Reid, devido ao que alega serem “uma quebra de padrões de governação” e “decisões críticas tomadas sem o devido processo”, é o mais recente e significativo evento a colocar a federação internacional do automóvel sob escrutínio. Reid era um vice-presidente, o que torna a sua saída ainda […] The post Demissão aumenta preocupações sobre a instabilidade na FIA first appeared on AutoSport.

Abr 11, 2025 - 13:10
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Demissão aumenta preocupações sobre a instabilidade na FIA

A recente resignação do vice-presidente da FIA, Robert Reid, devido ao que alega serem “uma quebra de padrões de governação” e “decisões críticas tomadas sem o devido processo”, é o mais recente e significativo evento a colocar a federação internacional do automóvel sob escrutínio. Reid era um vice-presidente, o que torna a sua saída ainda mais impactante.

Anteriormente, David Richards (presidente da Motorsport UK) já tinha criticado a crescente opacidade da FIA e a concentração de poder no seu presidente, Mohammed Bin Sulayem, contrariando a promessa inicial de transparência e maior abertura. A decisão da FIA de aprovar internamente a Promoção do Campeonato Mundial de Rallycross, sem a aprovação do Senado ou do Conselho Mundial, parece ter sido o ponto de rutura para a renúncia de Reid.

Até agora, a “purga” na FIA poderia ser vista como uma mera substituição de pessoas consideradas inadequadas pelo novo líder. No entanto, a demissão de Robert Reid, com os argumentos apresentados, revela que algo está errado. Quando um dos três principais colaboradores do presidente, ligado ao desporto, se demite com tais justificações, é evidente que as coisas não estão a funcionar como deveriam.

Desacordos são normais, mas a situação atual parece ir além disso. A proibição de Robert Reid e David Richards participarem numa reunião do Conselho Mundial de Desporto Motorizado por se recusarem a assinar um acordo de confidencialidade imposto pelo presidente é, no mínimo, suspeita. O mesmo se aplica às demissões anteriores de Natalie Robyn (CEO), Tim Goss (diretor técnico de monolugares), Steve Nielsen (director desportivo) e Deborah Mayer, todas com preocupações semelhantes sobre a governação imposta.

Quando pessoas em cargos de responsabilidade não partilham a visão do presidente, a saída é inevitável. No entanto, a escala destas demissões sugere um problema maior, e o facto de o presidente ser o denominador comum levanta sérias questões.

As críticas ao estilo de liderança de Ben Sulayem, considerado autoritário, são frequentes, assim como a remoção de executivos, oficiais e comissários sob intervenção direta do presidente.

Um exemplo recente da postura de Ben Sulayem foi a imposição de restrições à linguagem dos pilotos e ao uso de jóias na Fórmula 1. Além disso, é acusado por vários intervenientes de atrasar o desenvolvimento do novo Acordo da Concórdia. Na Assembleia Geral da FIA no Ruanda, foram feitas alterações estatutárias que limitaram ainda mais a responsabilização da liderança.

O presidente da FIA não goza das imunidades legais concedidas a chefes de Estado, mas está sujeito às regras internas da entidade, incluindo investigações conduzidas por comités de ética e compliance. Em 2023, foi investigado por alegada interferência em decisões da Fórmula 1, mas foi absolvido pelo Comité de Ética da FIA, que concluiu não haver provas contra ele.

Ben Sulayem foi investigado por alegada intervenção em decisões (penalização de Alonso e certificação do GP de Las Vegas), mas absolvido. Contudo, o responsável pela investigação foi posteriormente demitido após desentendimentos com o presidente.

No final deste ano, haverá eleições na FIA, e a situação atual tem gerado movimentações nos bastidores. Para já, Ben Sulayem não tem opositores, mas isso poderá mudar. David Richards não pode candidatar-se devido à idade, mas a demissão de Robert Reid pode ser também um sinal de que algo está a ser preparado.

A estrutura de votação da Assembleia Geral da FIA favorece a manutenção do apoio de nações e clubes menores, o que representa um desafio ciclópico para qualquer opositor que pretenda obter votos suficientes para vencer. Esta assembleia votou recentemente a favor de alterações estatutárias controversas, que conferem ao presidente maior controlo sobre o comité de ética, o mesmo que o investigou.

A ex-CEO da FIA, Natalie Robyn, afirma que a demissão de Reid indica “sérios desafios estruturais em curso” e lamenta medidas que ameaçam a credibilidade da FIA.

George Russell (diretor da Associação de Pilotos de Grandes Prémios) manifestou não estar surpreendido com as recentes notícias da FIA, referindo a dificuldade dos pilotos em fazer progressos em questões importantes devido à postura de “quero, posso e mando”.The post Demissão aumenta preocupações sobre a instabilidade na FIA first appeared on AutoSport.