Days Gone Remastered – Review

 Dentre todos os games single player de grande orçamento produzidos por estúdios first party da Sony nos últimos anos, independente de serem novas IPs ou franquias consagradas, poucos foram tão subestimados quanto Days Gone (2019), em um misto entre equívocos na divulgação e uma certa saturação com alguns elementos centrais em sua essência. Os …

Mai 1, 2025 - 09:12
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Days Gone Remastered – Review



Dentre todos os games single player de grande orçamento produzidos por estúdios first party da Sony nos últimos anos, independente de serem novas IPs ou franquias consagradas, poucos foram tão subestimados quanto Days Gone (2019), em um misto entre equívocos na divulgação e uma certa saturação com alguns elementos centrais em sua essência.

Os próprios desenvolvedores, em diversas ocasiões, nunca esconderam uma certa frustração com a recepção morna que o game recebeu tanto da crítica quanto do público, algo que resultou em uma certa desconfiança com a marca que jamais veria uma continuação ou qualquer movimento neste sentido, ao menos por enquanto. Até mesmo a remasterização quase natural promovida pelos responsáveis pelo Playstation foi recebida com indiferença por grande parte de uma comunidade tradicionalmente fiel.

O nosso review original do jogo, escrito pelo redator Bruno Henrique Vinhadel, traz uma análise minuciosa e precisa das características principais do game, considerando um modelo de gameplay refinado (sobretudo no sistema de combate) mesmo dentro de um gênero já bastante explorado; visuais caprichados e com uma bela identidade própria; e uma história de desgraça e esperança interessante e muito bem contada.

Considerando que tudo isso se mantém praticamente inalterado, com alguns pequenos ajustes refinando as arestas sendo lançados durante o período inicial de suporte, o objetivo desta análise está focado nas novidades, melhorias e conteúdos extras que compõem esta versão que, a princípio, se apresenta como a forma definitiva de se aproveitar esta grande obra da Bend Studios. Fica, claro, a recomendação da leitura do texto base para complemento deste.

Para tirarmos o elefante branco da sala, é mais do que óbvio que há uma atualização gráfica para o jogo rodar com mais fluidez seja em 60 frames por segundo no modo desempenho, em uma definição estável em 1440p; seja com 30 estáveis em resolução 4K na opção que preza a qualidade. No fim das contas, esta é uma escolha que depende da expectativa do jogador, com diferenças mínimas quando priorizamos a maior definição de imagem.

O resultado é que a opção pelo desempenho acaba se provando ligeiramente mais confortável por sacrificar muito pouco os belos visuais do jogo. O PS5, mesmo o padrão, não sofre para rodar o game e não apresenta engasgos aparentes, com um carregamento inicial relativamente longo e praticamente nenhum intervalo durante a jogatina. Já em seu lançamento, portanto, a remasterização mostra uma bela otimização e cumpre o esperado, mesmo oferecendo diferenças comparativamente modestas sobretudo na comparação com a versão original rodando no PS4 Pro.

As adições podem ser sentidas, de forma mais sutil, sobretudo na vegetação mais viva e intensa, o que parece presente na maior parte do tempo considerando a ambientação e, principalmente, os momentos de trânsito entre um ponto de interesse e outro. A geração de partículas e a amplitude no campo de visão acabam se beneficiando diretamente da maior fluidez, inclusive nas passagens mais agitadas, como os ataques de grandes hordas, ainda mais volumosas do que podemos nos lembrar.

Os efeitos de iluminação, principalmente quando fazem uso das funções HDR, se mostram ótimos para ambientes externos, sobretudo nas passagens de tempo e na dinamicidade de clima. Brincar no modo fotografia com a mudança de horário ajuda a ter uma dimensão de como o trabalho neste aspecto traz uma nova dimensão para o realismo de ambientes naturais e também para ruínas de uma Oregon desolada pela passagem do tempo. As paisagens são deprimentes e, ao mesmo tempo, encantadoras.

Para os mais puristas, até o efeito de céu em mundo aberto, que parecia vez ou outra um borrão disforme na versão de PS4 neste e em outros jogos do tipo, ganhou alguns contornos sofisticados que, por um lado, influenciam pouco (ou quase nada) no geral, mas por outro, faz uma diferença enorme no sentimento de imersão, algo que faz muita diferença em experiências do gênero.

O DualSense também se beneficia da nova versão, com o controle da lendária Drifter se aproveitando dos gatilhos adaptáveis ao conferir peso na aceleração e algumas texturas de terreno bem representados pelos sensores táteis. Longe das melhores experiências criadas especificamente para o periférico, contudo, o jogo é básico e protocolar nesse quesito. O mesmo vale para mixagem de som que sim, se mantém imersiva e muito bem cuidada, mas longe de se apropriar das melhores características do Pulse 3D.

Para além do protocolo, as adições complementares de qualidade de vida são as maiores vantagens para quem pretende retornar a este mundo desgraçado ou, quem sabe, dar a primeira chance depois de deixá-lo passar batido pelos últimos seis anos. E grande parte deste entendimento é graças ao modo Ataque da Horda, que não poderia ser mais literal em seu título.

Em um sistema de combate em arena, esse modo nos coloca diante uma infinidade de Frenéticos enlouquecidos e em toda a sua diversidade, eles no atacam forçando-nos a usar de todas as ferramentas e capacidades adquiridas na campanha original para nos manter vivos pelo maior tempo possível e, assim, alcançar as pontuações mais altas que pudermos em um dos quatro cenários aqui disponíveis.

É simplesmente brutal e, sem muitos respiros, é a oportunidade perfeita para quem já terminou a história central (mesmo estando disponível logo de cara) de sair esfarelando inimigos sem medo de ser feliz ou das consequências por escolhas arriscadas. Em outras palavras, é a melhor forma de desligar o cérebro e só deixar a coisa acontecer, mas para isso, é recomendado primeiro aprender pelo menos as principais mecânicas na campanha antes de se colocar à prova aqui.

Afinal, não é porque temos em mãos algo que se parece com o modus operandi de World War Z que teremos facilidade. Começamos a jornada sempre com uma mera pistola em mãos, desesperados para chegar até a nossa motoca. Depois disso, é necessário ficar explorando o mapa para encontrar caixas com melhores equipamentos, que mudam a cada run, e podem conter um total de 20 armas diferentes e outros recursos valiosos, incluindo um lança-chamas exclusivo do modo que, acreditem, faz um estrago considerável às fileiras inimigas.

Além de ficarmos vivos, há algumas tarefas secundárias que potencializam a pontuação e a quantidade de experiência acumulados e, no final, são metas que mantém um certo sentido de propósito para além de só correr e atirar naquilo que se mexer. E quem consegue durar os primeiros 30 minutos ganha o direito de enfrentar a chamada Horda Suprema, que nada mais é do que o jogo mandando tudo o que tem para acabar de vez com a sua alegria. A ideia não é sair vivo e triunfante, mas sim durar só um pouquinho mais.

O resultado de tanto esforço está nas recompensas que são liberadas em cada um dos 35 níveis possíveis. Alguns destes prêmios são estéticos, como novos complementos para o visual do nosso herói, emblemas a serem ostentados no peito, bem como o desbloqueio de seis novos personagens jogáveis, incluindo Skizzo, O’Brian e Lisa.

Também são liberados modificadores especiais que alteram a experiência em si, os já conhecidos injetores, totalizando 24, metade deles com efeitos positivos para a pontuação que complicam o combate, como aquele que já inicia a encrenca em rotação máxima; e a outra com resultados contrários, sacrificando a pontuação com facilitações para o quebra pau, como o que simplesmente faz com que inimigos derrotados explodam e, consequentemente, levem outros mais próximos para o além.

Por sua vez, o modo parece ser complementar aos Desafios, estes também verdadeiros deleites para expandir a qualidade de vida do game, e funcionam de forma parecida com o de hordas, nos colocando em situações complicadas e estabelecendo algumas metas a serem atingidas, nos premiando com dinheiro para compra de distintivos, personagens e pinturas para a nossa moto.

Days Gone Remastered ainda traz alguns acréscimos nas possibilidades de acessibilidade, com melhoria na configuração das legendas, modos de alto contraste tanto na interface como no gameplay, destaques e cores diferenciadas, e outras muito similares ao que já vimos, com muito sucesso e reconhecimento, em jogos como The Last of Us Part II. Ampliar este alcance do jogo para o máximo de pessoas possível é sempre algo a se celebrar.

Por outro lado, o modo de Speedrun é uma opção um pouco mais dedicada a um público específico, com um cronômetro visível o tempo todo que pausa automaticamente nas cutscenes. É possível acessá-lo em qualquer dificuldade, e tanto quem joga com tranquilidade quanto quem se desafia nos mais complicados níveis podem se testar na correria.

Aliás, para além dos níveis mais desafiadores, há agora a possibilidade de se acionar o Modo de Morte Permanente, que transforma cada nova investida em um acampamento e, principalmente, cada entrada em uma zona com hordas algo realmente emocionante, daqueles de sentar na beirada do sofá, porque uma bobeada e já era. Não é meu favorito, mas certamente vai ser um desafio a mais para os jogadores mais experientes e sádicos.

Por tudo isso e também pela qualidade original, Days Gone Remastered é um título que vale a pena ter na biblioteca do Playstation 5. Por mais que a temática de sobrevivência pós-apocalíptica não seja das mais criativas, e que as mecânicas de combate armado já sejam bastante reconhecíveis, toda a construção de mundo continua espetacular mesmo tantos anos depois, e considerando a atualização técnica presente aqui, tudo está em seu melhor estado.

As melhorias técnicas podem ser sutis para quem guarda para si as lembranças da edição de 2019, mas não há dúvidas que elas ajudam a dar para o game os visuais e a fluidez que seriam ideais se fossem as condições de seu tempo. Finalmente, parece agora que as máquinas podem dar as condições para que a jornada de Deacon St. John ser aquilo que deveria.

Ao mesmo tempo, é difícil recomendar o jogo para veteranos que já o aproveitaram pouco tempo atrás, a não ser pela ampliação da experiência nos modos extras, que usam das mesmas mecânicas para propor novas investidas mais localizadas. Se você está procurando por transformações aprofundadas na narrativa, não as encontrará aqui, mas se gostaria de voltar a este universo e aproveitá-lo de várias maneiras, provavelmente esta é a oportunidade ideal.

Days Gone Remastered está disponível para PS5 e PC (Steam). Esta análise é da versão PS5 e foi realizada com um código fornecido pela Sony Interactive Entertainment.