Da história do branded content ao product placement: Como o “Eternauta” da Netflix se tornou montra publicitária
Série impressiona tanto pelo realismo visual como pela sua abordagem inesperada ao marketing.


A nova aposta da Netflix, “Eternauta”, está a conquistar audiências globais com a sua narrativa de ficção científica passada numa Buenos Aires assolada por uma nevada radioativa e uma invasão alienígena. Baseada na banda desenhada argentina homónima, a série conta com Ricardo Darín no papel principal e impressiona tanto pelo realismo visual como pela sua abordagem inesperada ao marketing.
Ao longo dos seis episódios da primeira temporada, mais de 40 marcas reais — argentinas e globais — surgem representadas nos cenários e na ação, em alguns casos com forte destaque. De bancos a cadeias de fast food, de marcas de bebidas a empresas de telecomunicações, a série transforma o colapso urbano num palco de integração publicitária altamente realista.
A presença de nomes como Banco Macro, Nike, Havanna, Movistar, Johnnie Walker ou KFC não passou despercebida aos utilizadores nas redes sociais, que identificaram o fenómeno como algo inédito em séries de ficção. Contudo, tanto a Netflix como a produtora K&S Films garantem que não houve qualquer operação comercial por detrás desta inclusão.
Segundo os criadores, as marcas já estavam presentes nas localizações reais escolhidas para as filmagens e foram mantidas para reforçar a autenticidade do ambiente. Apenas aquelas que autorizaram o uso da sua imagem, sem exigir contrapartidas financeiras, foram incluídas. O objetivo? Evitar cenários artificiais e preservar a verosimilhança.
As marcas representadas em “Eternauta”, de uma forma ou outra, revelam como uma série se pode transformar num palco para a evolução do “product placement“. Em vez da habitual colocação forçada de logótipos, a série opta por uma integração subtil e contextualizada, mais próxima do conceito de branded content, onde a marca faz parte da história sem interromper a narrativa.