Reclamações disparam 1766% no setor low-cost das telecomunicações. Digi domina com mais queixas apresentadas
Digi lidera destacadamente o ranking, concentrando 74,9% das queixas apresentadas.


Desde a entrada da operadora romena Digi no mercado português, em novembro de 2024, o setor das telecomunicações low-cost tem sido palco de um aumento exponencial de reclamações por parte dos consumidores. Segundo dados do Portal da Queixa, entre novembro de 2024 e abril de 2025 foram registadas 2.799 queixas — um crescimento de 1766% face ao semestre anterior, que contabilizava apenas 150 reclamações.
A Digi lidera destacadamente o ranking, concentrando 74,9% das queixas apresentadas. Seguem-se as operadoras Amigo (11,97%), Woo (7,81%), UZO (5,25%) e Liga T (0,08%).
De acordo com Pedro Lourenço, fundador do Portal da Queixa by Consumers Trust, “a entrada da Digi no mercado português veio dinamizar um segmento até então pouco explorado — o das telecomunicações low-cost — oferecendo uma alternativa de valor para os consumidores mais sensíveis ao preço”, no entanto, “os dados mostram que a marca não se preparou adequadamente para a avalanche de adesões que gerou, falhando na entrega de um serviço minimamente satisfatório a muitos dos seus novos clientes”.
“A promessa de uma solução acessível e funcional saiu gorada para milhares de consumidores que hoje se sentem arrependidos com a mudança. A Digi tem potencial para se afirmar de forma sustentável em Portugal, mas precisa urgentemente de reforçar a sua estrutura, melhorar os seus processos e adotar uma postura de maior proximidade com os clientes, sob pena de ver a sua reputação colada a uma imagem de desorganização e má qualidade”, destacou Pedro Lourenço.
De recordar que, durante o apagão que afetou Portugal no dia 28 de abril, a Digi foi a operadora móvel mais criticada pelos clientes, com falhas prolongadas e queixas a multiplicarem-se. No dia que se seguiu ao apagão, a operadora foi alvo de mais de 500 reclamações no Portal da Queixa e a última operadora a retomar os serviços em pleno, deixando milhares de consumidores sem acesso a comunicações por mais de 24 a 48 horas consecutivas.
Voltando aos principais motivos de insatisfação nas operadoras low-cost, as falhas e indisponibilidades de serviço (30,9%) dominam, seguidas de problemas na ativação e instalação (19,4%) e erros de faturação e dificuldades de pagamento (12,4%). Outras queixas recorrentes envolvem atrasos na portabilidade (11,1%) e falhas de rede, incluindo cobertura nacional e em roaming (10,85%).
O perfil dos reclamantes revela ainda uma predominância masculina (78,16%), com a faixa etária dos 35 aos 54 anos a representar mais de metade das ocorrências (54,44%). Lisboa concentra o maior número de queixas (28,2%), seguida do Porto (19,6%) e de Setúbal (11,3%).