Crítica | Pecadores
A mais ousada expressão de liberdade criativa de Ryan Coogler O post Crítica | Pecadores apareceu primeiro em O Vício.

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Como elemento fundamental da história humana, o mito transcende como um veículo cultural potente. É admirável quando o cinema explora essa força para abrir janelas para outras culturas. Pecadores (2025), de Ryan Coogler, demonstra maestria ao utilizar o poder mítico para narrar uma forte história sobre a música afro-americana, envolta em uma visceral trama de vampiros.
Estruturalmente, o novo filme do diretor de Pantera Negra (2018) acha um meio de caminho interessante entre um terror dramático e um musical, contextualizando todos seus eventos com composições de blues muito bem regidas por Ludwig Göransson. O compositor sueco, aliás, entrega aqui seu magnum opus e, após ter vencido um Oscar por Oppenheimer (2024), caminha a passos largos para se tornar um dos grandes nomes da história da indústria.

Pecadores (2025) se constrói com paciência. Não há pressa para as explosões de dopamina. A prioridade de Coogler no primeiro terço reside em não apenas apresentar os personagens, mas em criar laços de empatia com o público. Essa introdução é tão primorosa que, por si só, já justificaria a experiência cinematográfica.
Mesmo que o fato de o filme ter sido rodado para IMAX 70mm indique o contrário, não há tom pretensioso aparente. Tudo é natural. A divisão entre as paisagens e as sequências de plano fechado é fluida, e o texto — ora pessoal, ora sacana e cínico — é honesto com a proposta. Até mesmo a transição entre o drama sobre irmãos criminosos de volta à casa para o terror de vampiros fissurados por música e praticantes de apropriação cultural é suave.
Pelo costume de ver Ryan Coogler associado a grandes franquias, é tendencioso acreditar em rebeldia da parte dele. Mas o que acontece em Pecadores (2025) não tem a ver apenas com rebeldia, mas principalmente com liberdade.

Em Pecadores (2025), sua mais ousada expressão de liberdade criativa, Coogler não hesita em correr os riscos necessários para compartilhar sua cultura sob sua pura e única visão sobre cinema. O filme não se contenta em ser um entretenimento de excelência, e se estabelece como um mito pungente sobre a liberdade.
Através de sangue, vampiros e cenas quentes, o cineasta pondera que, em contextos onde a aspiração à liberdade é estigmatizada como pecado, há algo consensual entre os crentes e descrentes: Somos todos pecadores.
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