Crítica | Pecadores

A mais ousada expressão de liberdade criativa de Ryan Coogler O post Crítica | Pecadores apareceu primeiro em O Vício.

Abr 19, 2025 - 18:43
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Crítica | Pecadores

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Como elemento fundamental da história humana, o mito transcende como um veículo cultural potente. É admirável quando o cinema explora essa força para abrir janelas para outras culturas. Pecadores (2025), de Ryan Coogler, demonstra maestria ao utilizar o poder mítico para narrar uma forte história sobre a música afro-americana, envolta em uma visceral trama de vampiros.

Estruturalmente, o novo filme do diretor de Pantera Negra (2018) acha um meio de caminho interessante entre um terror dramático e um musical, contextualizando todos seus eventos com composições de blues muito bem regidas por Ludwig Göransson. O compositor sueco, aliás, entrega aqui seu magnum opus e, após ter vencido um Oscar por Oppenheimer (2024), caminha a passos largos para se tornar um dos grandes nomes da história da indústria.

Reprodução/Warner Bros. Pictures

Pecadores (2025) se constrói com paciência. Não há pressa para as explosões de dopamina. A prioridade de Coogler no primeiro terço reside em não apenas apresentar os personagens, mas em criar laços de empatia com o público. Essa introdução é tão primorosa que, por si só, já justificaria a experiência cinematográfica.

Mesmo que o fato de o filme ter sido rodado para IMAX 70mm indique o contrário, não há tom pretensioso aparente. Tudo é natural. A divisão entre as paisagens e as sequências de plano fechado é fluida, e o texto — ora pessoal, ora sacana e cínico — é honesto com a proposta. Até mesmo a transição entre o drama sobre irmãos criminosos de volta à casa para o terror de vampiros fissurados por música e praticantes de apropriação cultural é suave.

Pelo costume de ver Ryan Coogler associado a grandes franquias, é tendencioso acreditar em rebeldia da parte dele. Mas o que acontece em Pecadores (2025) não tem a ver apenas com rebeldia, mas principalmente com liberdade.

Reprodução/Warner Bros. Pictures

Em Pecadores (2025), sua mais ousada expressão de liberdade criativa, Coogler não hesita em correr os riscos necessários para compartilhar sua cultura sob sua pura e única visão sobre cinema. O filme não se contenta em ser um entretenimento de excelência, e se estabelece como um mito pungente sobre a liberdade.

Através de sangue, vampiros e cenas quentes, o cineasta pondera que, em contextos onde a aspiração à liberdade é estigmatizada como pecado, há algo consensual entre os crentes e descrentes: Somos todos pecadores.

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Nota 10

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