Cientistas descobrem o que era a gosma misteriosa na superfície do Mar Báltico

Tirada em 2018, uma foto do Golfo de Gdánsk, na Polônia, intrigou cientistas por anos — a imagem de satélite registrava grandes massas de um material misterioso fazendo espirais gigantes na costa do Mar Báltico. A substância gosmenta chegou a ficar até 210 km da costa. 2024, o ano em que desvendamos grandes mistérios dos oceanos Fim do mistério: octógonos no fundo do mar são feitos por polvos Estudando imagens dos satélites Aqua e Terra, da NASA, cientistas de diversas universidades internacionais notaram que o acontecimento havia se repetido pelo menos 14 vezes entre 2000 e 2001, entre maio e junho. O aflorar de algas fotossintéticas não poderia ser a explicação, já que aconteciam meses antes do fato, e eram mais visíveis a olho nu. Havia uma teoria de que a substância era mucilagem marinha, um líquido gosmento produzido por plâncton e que se prende a navios costeiros. Não havia relatos dessa ocorrência na região, no entanto. -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- A gosma do Mar Báltico Uma pesquisa de 2023 finalmente resolveu o mistério: publicada na revista científica Remote Sensing of Environment, os pesquisadores que notaram as imagens de satélite nos anos 2000 também conseguiram associar os redemoinhos com o ciclo de pólen das árvores pinus (Pinus sylvestris), descobrindo que elas estariam lançando o pó ao mar. Na foto, os tons foram realçados para melhor visualização do fenômeno, o que deixou a costa vermelha: O material orgânico chegou a 210 km da costa do Mar Báltico, chegando ao ápice em 2018 (Imagem: ESA/Copernicus) Analisando a reflexão da luz pela gosma, a hipótese foi confirmada. Os pinus são a árvore mais comum da Polônia, compondo cerca de 60% das florestas do país. Como é rico em carbono, o pólen pode ter um papel nos ecossistemas marinhos mundo afora, o que precisará de mais estudos para ser compreendido totalmente, segundo os cientistas. Acredita-se que o aumento no pólen oceânico seja resultado de mudanças climáticas, como um estudo de 2021, na revista Sustainability Science, mostrou — com mais dióxido de carbono na atmosfera, as plantas produzem mais dessas partículas. Veja mais: Ovos misteriosos encontrados no abismo do mar são de vermes planos Misteriosa megaestrutura do Pacífico foi fundo do mar na época dos dinossauros O que tem no fundo do mar? VÍDEO: À prova d'água de verdade? Existe uma forma segura de entrar no mar com o celular?   Leia a matéria no Canaltech.

Mai 8, 2025 - 00:18
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Cientistas descobrem o que era a gosma misteriosa na superfície do Mar Báltico

Tirada em 2018, uma foto do Golfo de Gdánsk, na Polônia, intrigou cientistas por anos — a imagem de satélite registrava grandes massas de um material misterioso fazendo espirais gigantes na costa do Mar Báltico. A substância gosmenta chegou a ficar até 210 km da costa.

Estudando imagens dos satélites Aqua e Terra, da NASA, cientistas de diversas universidades internacionais notaram que o acontecimento havia se repetido pelo menos 14 vezes entre 2000 e 2001, entre maio e junho.

O aflorar de algas fotossintéticas não poderia ser a explicação, já que aconteciam meses antes do fato, e eram mais visíveis a olho nu. Havia uma teoria de que a substância era mucilagem marinha, um líquido gosmento produzido por plâncton e que se prende a navios costeiros. Não havia relatos dessa ocorrência na região, no entanto.

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A gosma do Mar Báltico

Uma pesquisa de 2023 finalmente resolveu o mistério: publicada na revista científica Remote Sensing of Environment, os pesquisadores que notaram as imagens de satélite nos anos 2000 também conseguiram associar os redemoinhos com o ciclo de pólen das árvores pinus (Pinus sylvestris), descobrindo que elas estariam lançando o pó ao mar. Na foto, os tons foram realçados para melhor visualização do fenômeno, o que deixou a costa vermelha:

O material orgânico chegou a 210 km da costa do Mar Báltico, chegando ao ápice em 2018 (Imagem: ESA/Copernicus)
O material orgânico chegou a 210 km da costa do Mar Báltico, chegando ao ápice em 2018 (Imagem: ESA/Copernicus)

Analisando a reflexão da luz pela gosma, a hipótese foi confirmada. Os pinus são a árvore mais comum da Polônia, compondo cerca de 60% das florestas do país. Como é rico em carbono, o pólen pode ter um papel nos ecossistemas marinhos mundo afora, o que precisará de mais estudos para ser compreendido totalmente, segundo os cientistas.

Acredita-se que o aumento no pólen oceânico seja resultado de mudanças climáticas, como um estudo de 2021, na revista Sustainability Science, mostrou — com mais dióxido de carbono na atmosfera, as plantas produzem mais dessas partículas.

Veja mais:

VÍDEO: À prova d'água de verdade? Existe uma forma segura de entrar no mar com o celular?

 

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