China suspende investimentos da Geely e BYD na América Latina diante da guerra imposta pelos EUA
Pequim tem adiado a autorização para os projetos de expansão das montadoras chinesas Geely e BYD na América Latina, em meio ao aumento das tarifas comerciais por parte dos Estados Unidos e ao crescimento das incertezas econômicas globais. A informação foi confirmada por duas fontes a Reuters com conhecimento direto do assunto. A Geely e […] O post China suspende investimentos da Geely e BYD na América Latina diante da guerra imposta pelos EUA apareceu primeiro em O Cafezinho.

Pequim tem adiado a autorização para os projetos de expansão das montadoras chinesas Geely e BYD na América Latina, em meio ao aumento das tarifas comerciais por parte dos Estados Unidos e ao crescimento das incertezas econômicas globais. A informação foi confirmada por duas fontes a Reuters com conhecimento direto do assunto.
A Geely e a Renault anunciaram em fevereiro um acordo pelo qual a montadora chinesa passaria a utilizar as instalações industriais da Renault no Brasil e assumiria uma participação minoritária nas operações da empresa francesa no país.
Já a BYD revelou em 2023 a intenção de construir uma fábrica no México, com promessa de detalhar a localização da unidade até o fim de 2024.
No entanto, ambas as iniciativas enfrentam demora na obtenção de aprovação por parte do governo chinês.
Segundo as fontes, o principal órgão de planejamento estatal da China comunicou às montadoras que os projetos apresentam riscos potenciais de transferência de tecnologia, embora não tenha especificado quais seriam esses riscos.
Paralelamente, associações do setor automobilístico chinês alertaram representantes das duas empresas, em conversas separadas, sobre os possíveis impactos das políticas tarifárias dos Estados Unidos.
De acordo com os relatos, a elevação das tarifas comerciais determinadas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, pode gerar instabilidade nos fluxos comerciais e aumentar a complexidade da avaliação de riscos e retornos dos investimentos internacionais.
As fontes destacaram que as negociações sobre os projetos ainda estão em andamento e podem ser modificadas.
Uma terceira pessoa, também familiarizada com o tema, informou que as autoridades chinesas têm adotado uma abordagem mais cautelosa em relação aos investimentos externos do setor automotivo, sem interromper completamente a análise de novos pedidos.
Essa fonte afirmou ainda que o processo de avaliação passou a exigir prazos mais longos e um volume maior de documentação por parte das empresas interessadas.
A Geely, por meio de nota, declarou que a parceria com a Renault no Brasil transcorre de forma bem-sucedida e que não houve atrasos ou medidas adicionais de escrutínio. A empresa informou ainda que seus veículos elétricos foram lançados no mercado brasileiro nesta semana, 52 dias após a formalização do acordo com a montadora francesa.
A BYD, a Renault e a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China não se manifestaram sobre o assunto até o momento.
Em março, o jornal Financial Times publicou que o governo chinês estaria retardando a aprovação da fábrica da BYD no México por receio de que a tecnologia desenvolvida pela montadora pudesse ser transferida, direta ou indiretamente, para os Estados Unidos.
A estratégia de expansão internacional das montadoras chinesas ocorre num contexto de mudanças nas políticas comerciais globais. A imposição de tarifas sobre automóveis fabricados na China, especialmente por países europeus, tem incentivado empresas como a BYD a buscar a produção fora do território chinês.
A fabricante mantém mais de 90% de suas vendas no mercado interno, mas está ampliando a presença internacional com a construção de fábricas na Hungria, Tailândia, Uzbequistão, Brasil e no próprio México, além de intensificar ações de marketing fora da China.
A Geely, controladora das marcas Volvo e Polestar, também vem estruturando uma rede global de produção e distribuição. Além do acordo no Brasil, a empresa firmou parceria com a Renault na Coreia do Sul, onde já produz veículos com tecnologia desenvolvida na China.
Na última quarta-feira, a Geely apresentou o modelo EX5 ao mercado brasileiro. A montadora informou que o veículo será comercializado a partir de julho em 18 cidades por meio de uma rede com 23 concessionárias. A companhia, no entanto, não divulgou um cronograma para o início da produção local.
O avanço das tarifas comerciais e o endurecimento das políticas de investimento internacional têm levado autoridades chinesas a revisar com mais rigor os planos de empresas que pretendem ampliar suas operações fora da China.
Embora o país continue incentivando a internacionalização de suas empresas, os recentes atrasos e a necessidade de novas exigências documentais indicam um movimento mais criterioso por parte de Pequim, especialmente em setores considerados estratégicos, como o automotivo e o tecnológico.
As decisões finais sobre os projetos da Geely e da BYD ainda não foram comunicadas oficialmente. Representantes das montadoras seguem em diálogo com as autoridades chinesas para tentar viabilizar os empreendimentos conforme os prazos inicialmente previstos.
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