China contraria Trump e nega negociações tarifárias com os EUA; no Brasil, IPCA-15 joga luz sobre a inflação: Veja os destaques desta sexta-feira (25)
A guerra comercial e seues imapctos seguem no pano de fundo dos mercados globais. Veja o que mais será manchete econômica hoje. O post China contraria Trump e nega negociações tarifárias com os EUA; no Brasil, IPCA-15 joga luz sobre a inflação: Veja os destaques desta sexta-feira (25) apareceu primeiro em Empiricus.

O pano de fundo dos mercados globais continua dominado pela guerra comercial e seus impactos crescentes sobre as economias, especialmente a americana. Nesse contexto, a desaceleração da atividade nos Estados Unidos permanece no centro das atenções, reforçando as expectativas de que o Federal Reserve possa, em breve, retomar o ciclo de flexibilização monetária. Afinal, uma deterioração adicional da economia poderia forçar o banco central a acelerar os cortes de juros — o que, por sua vez, aliviaria a pressão sobre a curva de juros e traria fôlego para ativos de risco ao redor do mundo, com destaque para emergentes, mais sensíveis a esses movimentos.
Ao mesmo tempo, a disputa tarifária segue sem sinais de arrefecimento. A China já declarou, de maneira inequívoca, que não está negociando com os Estados Unidos em matéria comercial, jogando um balde de água fria sobre qualquer expectativa de trégua iminente. Para piorar a situação, a Casa Branca acumula problemas diplomáticos, como a incapacidade de avançar em qualquer cessar-fogo na guerra da Ucrânia — sendo que, convenhamos, apelos em redes sociais para que Putin “pare,” não configuram exatamente uma estratégia de política externa eficaz. Segue incerto…
Além dessas questões, o mercado acompanha atentamente a temporada de resultados corporativos. A Alphabet (GOGL34), controladora do Google, apresentou números sólidos que animaram parte dos investidores, enquanto a Vale (VALE3), por outro lado, decepcionou com um balanço aquém das expectativas. Nos mercados internacionais, a sessão começou com tom positivo na Ásia e nas bolsas europeias, refletindo parte do otimismo acumulado nos últimos dias. Já os futuros americanos e algumas commodities corrigem parte dos excessos recentes, depois de três dias consecutivos de forte alta.
· 00:57 — Inflação quente ou fria
No Brasil, tivemos ontem mais um dia bastante positivo para os ativos domésticos — especialmente ações e o real. Vale destacar que, entre os países emergentes, o Brasil segue se beneficiando da reconfiguração do ambiente global. Depois de meses sob pressão por conta da escalada dos juros americanos, os mercados emergentes voltam ao radar. A perspectiva de corte de juros nos EUA tem funcionado como um alívio para a curva local, que já precifica uma Selic abaixo dos 13% a partir de meados de 2026, com o início do ciclo de afrouxamento monetário projetado para o último trimestre deste ano. Um cenário que, sem dúvida, favorece ativos de risco.
Nesse contexto, o IPCA-15 de abril, divulgado nesta manhã, ganha especial relevância. A expectativa era de desaceleração na variação mensal — de 0,64% em março para algo próximo de 0,43% agora — embora, no acumulado de 12 meses, a inflação devesse continuar subindo, de 5,36% para cerca de 5,49%. Nossa projeção é de que esse número continue escalando, podendo ultrapassar os 6% nos próximos meses. Isso porque o governo insiste em adotar medidas expansionistas com o “freio de mão puxado”, alimentando a atividade econômica artificialmente e comprometendo, em grande parte, a eficácia da política monetária. Um dólar mais fraco no mundo, uma supersafra agrícola e a queda das commodities lá fora (desaceleração da atividade) podem ajudar — mas não fazem milagre quando Brasília insiste em sabotar o BC.
Notícias vindas da China também contribuíram para o bom humor: o governo chinês estaria preparando medidas mais contundentes para amortecer os impactos da guerra tarifária com os EUA. Isso funciona como mais um vetor positivo para ativos emergentes — embora não tenha sido suficiente para evitar a queda das ADRs da Vale no pré-mercado de NY, após a companhia divulgar um resultado abaixo do esperado.
Em Brasília, o foco deve recair sobre a possível divulgação dos dados de arrecadação. Mas como tenho falado: o problema do Brasil não é arrecadação, é gasto. E ele continua sem freio. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, admitiu que o relatório de receitas e despesas de maio pode trazer algum contingenciamento — um gesto importante, sem dúvida, mas que pouco altera a realidade estrutural. A própria ministra já alertou que será necessário um ajuste fiscal robusto a partir de 2027, ano seguinte às eleições — o que apenas reforça a importância da escolha de 2026. Enquanto isso, o governo atual evita o assunto. Lula prefere seguir priorizando a sua popularidade (em queda livre), a ponto de cancelar eventos públicos para não passar constrangimento.
Agora, tenta atropelar a pauta com uma suposta antecipação da reforma do Imposto de Renda e a controversa PEC da Segurança, numa tentativa de tirar os holofotes da proposta de anistia aos presos no 8 de janeiro — tudo isso enquanto lida com um novo escândalo de corrupção no INSS. A estratégia do Planalto? Atribuir o caso de corrupção ao governo anterior, mesmo que o aumento relevante nas denúncias de descontos indevidos em aposentadorias e pensões só se deu, coincidentemente, entre 2023 e 2024. Um déjà vu institucional. Um museu de grandes novidades.
· 01:43 — Vai desacelerar
Nos EUA, os mercados prolongaram a recuperação na quinta-feira (24), com destaque para o movimento de recompra de ações de tecnologia que haviam sido duramente penalizadas nas semanas anteriores. Esse impulso foi suficiente para tirar o S&P 500 do território de correção, ao menos temporariamente. O bom desempenho da Alphabet, divulgado após o fechamento do pregão de quarta-feira, ajudou a sustentar o clima de alívio. Ainda assim, o cenário segue pautado por cautela: os futuros americanos amanheceram levemente no vermelho nesta sexta-feira (25), refletindo um movimento técnico de correção após as altas recentes (realização de lucros de curto prazo).
A falta de convicção dos investidores segue evidente — e qualquer rali, por ora, tem sido visto mais como oportunidade de realização do que como sinal de tendência. Apesar da instabilidade gerada pela guerra comercial e seus reflexos sobre a atividade, a temporada de balanços nos EUA tem, até aqui, surpreendido positivamente. Cerca de 26% das empresas do S&P 500 já reportaram seus resultados do primeiro trimestre, com 80% superando as estimativas de lucro e 64% ficando acima das projeções de receita. São números robustos — especialmente diante de um pano de fundo ruidoso.
A dúvida, contudo, recai sobre a sustentabilidade desse desempenho. Alguns indicadores já mostram sinais claros de desaceleração. As vendas de imóveis residenciais, por exemplo, registraram em março o pior desempenho para o mês desde 2009. Para esta sexta-feira, o índice de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan ganha relevância adicional. Em um ambiente ainda cercado por ruído geopolítico, distorções tarifárias e sinais mistos da economia real, qualquer pista sobre a disposição das famílias americanas em consumir será examinada com lupa. Afinal, não é a temporada de balanços que vai definir o rumo do mercado no segundo trimestre — mas sim a resposta da economia real a esse novo regime de incertezas.
· 02:38 — Vladimir, STOP!
Nas redes sociais, Donald Trump protagonizou mais um episódio de diplomacia performática ao escrever “Vladimir, PARE!” em sua plataforma Truth Social, em resposta ao ataque russo que matou 12 civis em Kiev — o mais letal desde julho. A mensagem, que mais parece um apelo infantil do que uma posição geopolítica séria, marca uma rara crítica pública ao presidente russo. Não por acaso, veio na esteira de mais uma rodada de críticas a Volodymyr Zelensky, que Trump acusa de inviabilizar um acordo de paz por se recusar a ceder permanentemente a Crimeia à Rússia.
No mês passado, a Ucrânia aceitou um cessar-fogo de 30 dias, mediado pelos Estados Unidos. Mas, como era de se esperar, Vladimir Putin descartou o entendimento, alegando que o acordo ignorava as “causas profundas” do conflito — a cartilha habitual do Kremlin. Em resposta à nova escalada militar e à paralisia diplomática, a Casa Branca agora sinaliza que poderá impor novas sanções econômicas contra a Rússia caso não se avance rumo a um acordo duradouro.
A retórica se intensifica. O Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, foi direto ao ponto: se um acordo “viável” não emergir em breve, os EUA abandonarão o processo de mediação. O impasse se agrava ainda mais com os rumores de que Washington estaria disposto a reconhecer a soberania russa sobre a Crimeia como parte de um eventual acordo — uma concessão que Zelensky já rechaçou de forma categórica. Enquanto isso, o campo de batalha segue ativo, a diplomacia enfraquece.
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· 03:24 — Um dólar mais fraco?
Afinal, Trump quer ou não um dólar mais fraco? A moeda americana chegou ao seu menor nível em três anos no início da semana, antes de ensaiar uma recuperação tímida nos pregões seguintes. O movimento veio na esteira dos novos ataques de Donald Trump ao presidente do Federal Reserve, Jerome Powell — que, segundo ele, estaria falhando em cortar juros com a celeridade desejada. O dólar já acumula uma queda de 10% desde o pico observado em janeiro, pouco antes de Trump assumir. Mas a questão que persiste é: essa desvalorização é acidental ou parte de uma estratégia?
Como já comentei nesse espaço, Stephen Miran — hoje o principal conselheiro econômico de Trump — defendeu publicamente uma ideia pouco ortodoxa: usar tarifas e ameaças de retração militar como instrumentos para forçar os principais parceiros comerciais dos EUA a reavaliar suas moedas e, assim, enfraquecer o dólar. Já debatemos por aqui esse “paper” e seus desdobramentos — uma tentativa de reorganizar cadeias produtivas e incentivar uma reindustrialização seletiva, especialmente em setores considerados estratégicos para os interesses americanos.
O argumento central de Miran é direto: a demanda global por dólares como reserva e moeda de transações internacionais tornou a divisa americana artificialmente forte, prejudicando a competitividade das exportações dos EUA. A solução? Forçar os demais países a revalorizar suas próprias moedas. A inspiração declarada seria o Acordo de Plaza de 1985, quando Ronald Reagan, diante de um dólar excessivamente valorizado, usou o temor do protecionismo americano para pressionar Japão, Alemanha e outros aliados a aceitar um realinhamento cambial. A versão atualizada, sob Trump, ganharia um nome tão sutil quanto seu criador: “Acordo de Mar-a-Lago”.
O problema, claro, é que o contexto de 2025 é bem diferente. Ao contrário do ambiente de cooperação transatlântica dos anos 1980, hoje os EUA enfrentam resistência aberta da Europa — antagonizada por Trump — e veem a China não mais como um parceiro desequilibrado, mas como um competidor geopolítico direto. Tentar reeditar um acordo multilateral com os mesmos moldes de quatro décadas atrás, portanto, beira a fantasia. Resta saber se a ameaça de perder o acesso ao mercado americano — e, mais delicadamente, à proteção militar dos EUA — será suficiente para dobrar a vontade de parceiros estratégicos que já se mostram menos dispostos a tolerar o voluntarismo americano. Até agora, porém, a execução do plano tem sido tudo, menos coordenada.
· 04:05 — Qual o verdadeiro objetivo?
Poucos conseguem decifrar com precisão os reais objetivos da administração Trump. O que se conhece vem de um mosaico confuso formado por promessas de campanha, declarações inflamadas em comícios e entrevistas, e, ocasionalmente, os resquícios de racionalidade emitidos pela ala técnica da Casa Branca — que já comentei neste espaço várias vezes. Mas o ponto mais importante é que Trump, enquanto figura individual, detém um nível de centralização de poder que ultrapassa qualquer outro ocupante da presidência na era moderna dos EUA. E é justamente essa hiperconcentração que confere à sua política tarifária o caráter errático e improvisado.
É verdade que governos anteriores também foram opacos em muitos aspectos. A diferença é que, ao menos, seguiam alguma lógica institucional: decisões passavam por conselhos, comitês, agências e algum grau de consenso. Com Trump, não há processo — há impulso. E mais do que isso: há uma motivação subjacente, raramente dita com todas as letras, mas bastante clara nas entrelinhas de sua atuação. Trump não persegue uma agenda econômica bem definida, tampouco está preso a convicções ideológicas consistentes. Sua bússola é o poder — e seu uso irrestrito para subjugar adversários, dissolver resistências e ampliar sua autonomia de ação.
Trata-se de um projeto de concentração de autoridade. Internamente, vemos isso na tentativa contínua de esvaziar o papel do Congresso e minar a independência das cortes. Externamente, o padrão se repete com a desvalorização de acordos multilaterais, tratados comerciais e normas internacionais. Para Trump, estruturas institucionais são empecilhos; ele prefere agir com o menor número possível de filtros. Ou seja, sua atuação jamais foi guiada por uma ideologia coerente, mas sim por uma lógica de vantagem. Ele opera como um negociador de cassino: disposto a dobrar a aposta e a manipular as regras. Para ele, vitórias são marcadas por submissão: do oponente, do aliado, da imprensa, do Fed, da OMC ou de quem mais ousar desafiá-lo.
Esse estilo de governança — centrado na imprevisibilidade e na força — é um pesadelo para quem analisa mercados, constrói modelos ou desenha cenários. Afinal, dependemos não mais de fundamentos macroeconômicos ou de racionalidade institucional, mas do humor de um homem. Trump não está só tentando reorganizar a economia global sob novas regras — está apenas tentando colocar os EUA (e a si mesmo) em uma posição de dominação. É um jogo de poder, não de economia.
· 05:06 — Um bom balanço que reacende o apetite pelo setor
Dias após ser novamente enquadrada por práticas monopolistas por um juiz federal — a segunda condenação do tipo em menos de dois anos —, a Alphabet (GOGL34), controladora do Google, divulgou seus resultados do primeiro trimestre e, ao que tudo indica, os investidores engoliram a polêmica sem fazer careta…
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