Ucrânia intensifica campanha para recrutar brasileiros como combatentes

Com a promessa de salários de até R$ 25 mil mensais, o governo da Ucrânia vem promovendo uma ofensiva nas redes sociais para recrutar brasileiros dispostos a se alistar na Legião Internacional e lutar contra a invasão russa. O país traduziu para o português a página oficial de alistamento de estrangeiros e mobilizou recrutadores que […] O post Ucrânia intensifica campanha para recrutar brasileiros como combatentes apareceu primeiro em O Cafezinho.

Abr 23, 2025 - 17:56
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Ucrânia intensifica campanha para recrutar brasileiros como combatentes

Com a promessa de salários de até R$ 25 mil mensais, o governo da Ucrânia vem promovendo uma ofensiva nas redes sociais para recrutar brasileiros dispostos a se alistar na Legião Internacional e lutar contra a invasão russa. O país traduziu para o português a página oficial de alistamento de estrangeiros e mobilizou recrutadores que atuam ativamente em grupos de WhatsApp, Telegram e Signal.

A estratégia busca repetir no Brasil o que ocorreu na Colômbia, onde cerca de dois mil ex-combatentes, entre ex-militares e ex-integrantes das Farc, aderiram à causa ucraniana. A promessa de rendimentos considerados altos para os padrões locais atraiu muitos. O governo de Kiev espera o mesmo efeito entre os brasileiros, destacando, nos vídeos divulgados, o apoio logístico oferecido, o treinamento e um seguro de vida de até US$ 350 mil em caso de morte.

Um dos alvos da campanha foi Renato Belém, cinegrafista de 38 anos de Manaus, que decidiu se alistar na esperança de mudar de vida. Ex-integrante do 1º Batalhão de Infantaria de Selva e da missão do Exército brasileiro no Haiti, ele acredita que poderá garantir um futuro melhor para a filha de 12 anos com o dinheiro recebido em combate.

A intensificação do recrutamento estrangeiro ocorre em meio à grave crise de efetivo enfrentada pela Ucrânia. Estima-se que cerca de 100 mil soldados desertaram desde o início da guerra, e dezenas de milhares morreram, embora o governo evite divulgar números oficiais. Com dificuldades para alistar novos combatentes dentro do país, Kiev reduziu a idade mínima de alistamento de 27 para 25 anos e endureceu o controle das fronteiras.

A população ucraniana também segue em queda. Desde 1991, a Ucrânia perdeu quase 20 milhões de habitantes. “Precisamos de estrangeiros agora, e vamos precisar no pós-guerra também”, diz Oleksandr Gladun, do Instituto de Demografia da Academia Nacional de Ciências.

O modelo colombiano, inicialmente considerado bem-sucedido, começa a apresentar sinais de esgotamento. O número de voluntários caiu devido ao aumento das mortes e às dificuldades enfrentadas pelas famílias para receber os seguros, principalmente nos casos em que os corpos não são recuperados. O salário-base de US$ 500 varia conforme o risco da missão, o que frustra muitos combatentes que esperavam rendimentos mais altos.

Dados do Ministério das Relações Exteriores da Colômbia, com base em informações repassadas pela Rússia, indicam que ao menos 300 colombianos morreram na guerra. Já o Brasil registra números menores: oito mortos e 13 desaparecidos desde 2022, segundo o Itamaraty. As estimativas apontam que cerca de 100 brasileiros integram atualmente a Legião Internacional.

No início do conflito, a motivação dos brasileiros era principalmente ideológica. Hoje, cresce o número de interessados que buscam uma saída financeira rápida, embora a Ucrânia não ofereça passagens ou auxílio para a viagem. “Muitos querem vir, mas não têm como bancar a ida”, diz Márcia, brasileira que atua em operações civis ao lado do governo ucraniano desde o começo da guerra.

Renato, por exemplo, vendeu seu carro e lançou uma campanha de arrecadação por Pix, mas ainda não conseguiu reunir o valor necessário para embarcar. “Logo vou conseguir. Não tem futuro para mim no Brasil”, afirma.


Autores: Yan Boechat
Fonte: Deutsche Welle (DW Brasil)
Data de publicação: 23 de abril de 2025

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