Capital de risco Admar lança-se na gestão de investimento imobiliário para chegar aos 400 milhões em cinco anos

A gestora de fundos de capital de risco portuguesa Admar SCR, do empresário Pedro Carvalho de Almeida, lançou uma nova área de negócio ligada ao investimento imobiliário de forma a atingir 400 milhões de euros sob gestão nos próximos cinco anos. Após lançar quatro fundos de capital de risco – dois dos quais levantados e […]

Mai 5, 2025 - 09:02
 0
Capital de risco Admar lança-se na gestão de investimento imobiliário para chegar aos 400 milhões em cinco anos

A gestora de fundos de capital de risco portuguesa Admar SCR, do empresário Pedro Carvalho de Almeida, lançou uma nova área de negócio ligada ao investimento imobiliário de forma a atingir 400 milhões de euros sob gestão nos próximos cinco anos.

Após lançar quatro fundos de capital de risco – dois dos quais levantados e investidos (em período de gestão corrente) com 25 a 28 participadas – a Admar pretende entrar no mercado do investimento em imóveis. Para tal, vai aumentar a equipa de análise e gestão imobiliária em, pelo menos, cinco pessoas até ao final de 2025.

Alterámos agora a nossa licença junto da CMVM e passámos de ser uma sociedade gestora de fundos de capital de risco para uma sociedade gestora de fundos e sociedades de capital de risco e fundos e sociedades de investimento imobiliário. Vamos agora começar essa área de negócio e ficar com duas diferentes”, diz ao ECO o administrador João Cota Dias.

Neste contexto de mudança interna, a Admar está também a preparar o lançamento de vários fundos e sociedades de investimento imobiliário, embora o principal foco esteja na comercialização do fundo de hotelaria e saúde. Porquê? “São duas áreas em que já temos alguma experiência, vemos grande potencial aqui em Portugal para investir e são onde podemos criar valor para os nossos investidores através do conhecimento local de negócios”, defende João Cota Dias.

Em causa está o fundo H2 Health & Hospitality FCR, direcionado a particulares com poupanças e vontade de fazer investimento, “empresas com alguma tesouraria” e family offices. Para crescer e chegar aos grandes investidores institucionais é necessário atingir um volume superior, o que o gestor antevê que ocorra daqui a quatro ou cinco anos.

“O fundo para investir na hotelaria e saúde é aquele em que estamos mais ativos. Começámos a levantar capital para esse em abril. Já temos cerca de cinco/seis investidores – e outros em pipeline – e dois ou três milhões de euros [de 70 milhões de euros] comprometidos. Cada fundo tem a sua estratégia de investimento diferenciada, que é definida no regulamento de gestão e na abordagem aos investidores, porque eles têm de perceber em que áreas vamos investir”, assinala.

A estratégia do grupo de gestores de investimento é ‘pegar’ em negócios de nicho na área do turismo, como hotéis boutique ou serviços de bem-estar e desporto outdoor. “Não estamos a fazer investimentos de raiz ou a competir com os grandes fundos a comprar hotéis já consolidados ou super bem geridos. Interessam-nos atividades que tenham uma boa performance e que os seus promotores ou gestores tenham ambição de crescer e, para isso, precisem de um investidor financeiro”, esclarece João Cota Dias.

No setor da saúde, estão atentos às clínicas de especialidade de oftalmologia, ortopedia, cardiologia ou saúde mental, cujo negócio é repartido e se encontram espalhadas por todo o país com uma gestão menos profissionalizada. A ideia é expandir ao ponto de ser transacionável e deixar de depender de um ou dois médicos, por exemplo.

Achamos é que existem algumas especialidades que podem ser complementares aos grandes hospitais e que têm potencial de crescimento. Acreditamos que faz sentido fazer uma consolidação de clínicas para terem mais unidades e ganharem dimensão”, afirma, acrescentando que existem especialidades médicas que não estão tão ligadas aos seguros de saúde e também podem ter rentabilidade.

Do petróleo ao capital de risco, atravessando os terrenos da Comporta

A Admar SCR foi criada em 2020 por Pedro de Almeida, fundador da empresa de trading de petróleo e navegação Ardma, que em 2017 tentou – sem sucesso – adquirir a Herdade da Comporta e, poucos anos antes, havia financiado a antiga cadeia de restaurantes Prego Gourmet e entrado na estrutura acionista do jornal online Observador.

Na administração da sociedade estão, além de Pedro Carvalho de Almeida, o seu filho Lourenço Carvalho de Almeida e João Cota Dias, que falou ao ECO sobre os novos projetos da empresa, que tem atualmente 12 pessoas.
“Começámos a trabalhar em 2011 na gestão de um family office da família de Pedro Almeida e estivemos durante uns dez anos a fazer investimentos através de uma sociedade com capital próprio da família. Entretanto, oportunidades de coinvestimento apareceram e decidimos criar a Admar há cinco anos”, recorda.

Na lista de investimentos correntes encontram-se edifícios como o RCC Alvalade, Moinho das Antas (Oeiras) ou o Tróia Eco-Resort na área do imobiliário e hotelaria, a Kuikila Investments para investimento em energia em Moçambique, a Sidefarma e Primum Medicina Estética ligadas à saúde e outros, como o Conserveira do Sul e o futuro Surf Park em Óbidos.

Entre as vendas (exits) dos últimos anos estão o Hospital dos Açores, o condomínio Splendid Beloura ou a Grow Energy, após outros como a sede da WPP ou o Mercado de Campo de Ourique, ambos em Lisboa. “Quase todos os nossos projetos estão em gestão de desenvolvimento, portanto nos próximos dois-três anos teremos muitas saídas (exits) assim que criarmos o valor suficiente para o retorno que esperamos”, projeta João Cota Dias, deixando um pedido de estabilidade política para o próximo Governo.

Questionado sobre se a Admar ainda vive com a sombra da falhada aquisição da Herdade da Comporta, que foi a rampa de lançamento desta empresa, João Cota Dias assegura: “Longe vão esses tempos”. “Foi um processo longo, organizado com a banca de investimento e advogados e o Ministério Público a acompanhar, mas por razões diversas não foi libertado o arresto das unidades de participação do fundo que íamos comprar. Gastámos bastante tempo e dinheiro, mas criaram-se oportunidades e criámos um portefólio diversificado”, garante o administrador da Admar.