Caio Blat questiona “Beleza Fatal” na TV aberta e cobra direitos dos atores: “Nenhuma participação”
Ator expõe preocupação com venda de produções do streaming sem remuneração para elencos


Venda de “Beleza Fatal” levanta debate
Caio Blat criticou a ausência de direitos de imagem dos atores em negociações de produções audiovisuais. O ator usou como exemplo a venda de “Beleza Fatal”, da Max, para a Band, sem que o elenco recebesse compensação. “Qualquer novela ou filme que já fiz pode ser colocado no streaming sem me comunicar, nem me pagar”, afirmou.
A novela estreou na TV aberta na segunda-feira (10/3), e Blat reconheceu a importância de ampliar o alcance da obra. O tema foi abordado durante entrevista ao programa DR com Demori, apresentado por Leandro Demori, que será exibido nesta terça-feira (11), às 23h, na TV Brasil.
Ator critica falta de participação dos artistas
Blat, que interpreta Benjamin Argento na trama, destacou o impacto da nova dinâmica do streaming na distribuição de novelas. “‘Beleza Fatal’ é uma das primeiras novelas nesse novo formato mais dinâmico do streaming. Faz um sucesso gigantesco. São 40 episódios. Dirigi até algumas cenas. É uma superprodução. Conseguiu pegar grandes atores consagrados que o público conhecia, confia e gosta do trabalho”, afirmou, em trecho divulgado pelo colunista Zean Bravo, do Extra.
Apesar do reconhecimento da novela, o ator lamentou que os artistas não tenham participação na revenda da obra. “Fizemos a novela para a Max para abrir um novo campo de mercado. Imediatamente a novela foi vendida para uma emissora de TV aberta. A gente ficou feliz porque quer que ela chegue ao maior público possível, mas a gente não tem nenhum direito, nenhuma participação sobre isso. Trabalhamos para o streaming por um valor, para aqueles assinantes. Agora eles negociam, os direitos todos são deles. Podem revender e reprisar”, explicou.
Direitos dos atores e mudanças na mídia
Blat ressaltou o impacto das plataformas de streaming no mercado de trabalho dos atores. “Os atores acabam ficando para trás nessas mudanças de tecnologia. Sem ser no teatro, o ator é peão do sistema de mídia”, declarou.
Ele também denunciou a ausência de regulamentação para proteger os profissionais. “Nós não temos direitos garantidos. Não temos uma lei sobre os direitos conexos. Não tenho direito sobre minhas imagens. Qualquer novela ou filme que já fiz pode ser colocado no streaming sem me comunicar, nem me pagar. Os atores não recebem pelos filmes disponíveis nas plataformas, e as empresas de streaming vendendo assinaturas…”
O ator destacou que apenas roteiristas e diretores possuem direitos autorais sobre as obras, enquanto o elenco fica sem participação nas receitas geradas. “Só existe direito autoral para o autor da novela e para o diretor. Os atores só têm os direitos conexos. A nossa imagem, voz e interpretação estão presas ali. Só que não existe lei no Brasil de direitos conexos como no México, na Argentina, na Espanha e em Portugal”, afirmou.
Preocupação com inteligência artificial
Blat também comentou o uso crescente da inteligência artificial no audiovisual e os riscos que essa tecnologia representa para os atores. “Estamos batalhando pelos direitos conexos, os nossos direitos de interpretação. E tentando modernizar nossa lei também, de acordo com as transformações que a mídia está tendo”, declarou.