Bruxelas atenta a cartas que EUA enviaram a empresas europeias a forçar abandono da diversidade
A Comissão Europeia garante estar a atenta às cartas que os Estados Unidos enviaram a empresas em vários países do bloco comunitário (incluindo, em Portugal, conforma avançou o ECO) a informar que estas devem abandonar os seus programas de diversidade, equidade e inclusão. Em resposta enviada ao ECO, fonte oficial do executivo comunitário explica que […]


A Comissão Europeia garante estar a atenta às cartas que os Estados Unidos enviaram a empresas em vários países do bloco comunitário (incluindo, em Portugal, conforma avançou o ECO) a informar que estas devem abandonar os seus programas de diversidade, equidade e inclusão. Em resposta enviada ao ECO, fonte oficial do executivo comunitário explica que está a avaliar o impacto dessas missivas.
“Estamos conscientes da situação. Estamos, neste momento, a analisá-la, de modo a perceber, nomeadamente, se e em que medida está a ter impacto nas empresas europeias“, avança fonte oficial da Comissão Europeia, quando questionada se considera estas cartas uma intromissão dos Estados Unidos nas empresas do Velho Continente e que resposta dará.
Ao ECO, o executivo comunitário adianta que essa avaliação está a ser feita em cooperação com os Estados-membros.
No início da semana passada, o ECO avançou em primeira mão que a embaixada norte-americana em Lisboa enviou cartas às empresas portuguesas com contratos públicos com os Estados Unidos, de forma a forçá-las a abandonar as políticas de diversidade, equidade e inclusão.
Isto em cumprimento de uma ordem executiva assinada em janeiro por Donald Trump para “acabar com a discriminação ilegal e restaurar as oportunidades baseadas no mérito“. Em reação, as confederações patronais já deixaram claro que as empresas portuguesas não vão “a reboque dos humores” dos Estados Unidos.
Em contraste, questionado sobre se esta atitude dos Estados Unidos não representa uma intromissão na economia portuguesa, o ministro da Economia, Pedro Reis, foi evasivo e não quis tomar uma posição firme sobre o tema, preferindo não “encontrar pontos de discórdia”.
Esta postura do Executivo português contrastou com a de outros países europeus, cujas empresas também estão a receber missivas semelhantes.
Por exemplo, ministro dos Negócios Estrangeiros belga, Maxime Prévot, indicou que o país não recuará “um milímetro” no princípio da diversidade na sociedade, considerando a atitude norte-americana “profundamente lamentável”.
Já o ministro do Comércio Externo francês, Laurent Saint-Martin, disse estar “profundamente chocado” com a carta enviada pela embaixada norte-americana às empresas francesas e pediu “nenhuma transigência” em relação à lei e aos “valores franceses”.
Em Portugal, vários partidos da oposição (incluindo, o PS) já criticaram a atitude do Governo de Luís Montenegro. “Parece que a política é fechar os olhos, tentar passar despercebido e esperar que a tempestade passe“, atirou, por exemplo, Jorge Pinto, deputado do Livre, em conversa com o ECO.