Brigadas indígenas farão monitoramento com equipamento de ponta
Ibama firma convênio pelo qual equipes dos povos originários fiscalizarão desmatamento e incêndios nas terras que ocupam com o que há de melhor em matéria de tecnologia

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) firmou uma parceria inédita para equipar com tecnologia de ponta 40 brigadas indígenas para combater focos de fogo em territórios dos povos nativos. Essas equipes atuarão no Mato Grosso, no Mato Grosso do Sul, no Maranhão, no Pará e no Tocantins. Os equipamentos serão doados pela Fundação Bunge, que investirá mais de R$ 500 milhões.
Os cinco estados foram responsáveis por 57,4% de todos os focos de incêndio registrados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em 2024. Os biomas mais afetados foram a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal, que, somados, representaram 84,9% de todos os registros de queimadas no ano.
O volume de incêndios este ano vêm mostrando uma tendência de alta em relação aos anos anteriores. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), até 1º de maio o Brasil já registrou 9.095 focos, sendo que os cinco estados nos quais funcionarão as brigadas indígenas foram responsáveis por 34,9% do total.
Pacote
Entre os equipamentos que serão doados ao Ibama, estão itens de comunicação, de vídeo e de rastreamento, como aparelhos de tevê, computadores, notebooks e monitores. O objetivo é dar condições tecnológicas aos brigadistas para monitorar seus territórios e, a partir dessa vigilância, acionar órgãos responsáveis pela fiscalização ambiental. Também serão doados drones, utilizados para atividades de monitoramento e orientação no combate a incêndios florestais. Todos os materiais doados se tornarão patrimônio público do Ibama.
O convênio reconhece a relevância e a importância dos territórios indígenas e o papel dos povos originários como "guardiões da floresta". A parceria fortalece a atuação do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo).
"Estamos, agora, começando com seis, mas chegando até 40 brigadas em diferentes territórios do país. A ideia é esta: fortalecer o conjunto de políticas públicas de combate a incêndios, prevenção e de ocupação em áreas indígenas", explicou Cláudia Calais, diretora-executiva da Fundação Bunge. O Ibama, através da PrevFogo, será o executor principal da formação dos brigadistas indígenas.
Uma nota técnica do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), referente ao período de janeiro a agosto de 2024, mostrou que foram queimados 3,08 milhões de hectares em territórios indígenas. Ao longo do ano passado, as terras dos povos originários estiveram entre as categorias fundiárias mais afetadas por queimadas, em números absolutos. (IMC)
*Estagiário sob a supervisão de Fabio Grecchi