Bolsa de Tóquio aciona circuit breaker após queda brutal motivada pelo tarifaço dos EUA

A Bolsa de Valores de Tóquio registrou forte instabilidade na manhã desta segunda-feira, 7, quando os contratos futuros do índice Nikkei 225 sofreram uma queda superior a 8%, levando à ativação do mecanismo de proteção conhecido como circuit breaker.

A medida suspende temporariamente as negociações diante de oscilações significativas e foi acionada às 8h45 no horário local. As informações são do Wall Street Journal.

O recuo abrupto foi atribuído à nova rodada de tarifas comerciais anunciadas pelo então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no contexto da disputa econômica com a China. A suspensão das negociações durou 10 minutos, conforme os protocolos de emergência estabelecidos pelo operador da bolsa japonesa.

Após a reabertura, o mercado permaneceu em queda. O índice à vista do Nikkei chegou a recuar quase 9% nos primeiros minutos de pregão, mas reduziu parcialmente as perdas e encerrou a sessão da manhã com retração de 6%.

A instabilidade em Tóquio refletiu um movimento mais amplo observado em diversas bolsas asiáticas. O índice Kospi, da Coreia do Sul, caiu 5% no mesmo período.

Na China continental, os principais índices recuaram mais de 4%. Em Taiwan, que reabriu após feriado na quinta e sexta-feira, o mercado registrou perda de quase 10%. Diante do cenário, as autoridades financeiras taiwanesas adotaram medidas para restringir operações de venda a descoberto.

As reações do mercado ocorreram após declarações do então presidente norte-americano Donald Trump, que indicou que não haveria recuo nas tarifas impostas à China.

Em entrevista, Trump afirmou que os investidores “terão que engolir o remédio” e declarou que não pretende retomar negociações com Pequim enquanto o déficit comercial dos Estados Unidos não for solucionado.

A China respondeu de forma imediata. Em nota oficial, o governo chinês afirmou que “os mercados já disseram o que pensam”, indicando que a reação negativa foi consequência direta das medidas unilaterais adotadas por Washington.

Além disso, autoridades chinesas anunciaram ações retaliatórias, cujos detalhes não foram divulgados até o fechamento desta reportagem.

Analistas financeiros consultados por veículos internacionais indicaram que a volatilidade registrada reflete a deterioração das expectativas quanto ao avanço de um possível acordo entre as duas maiores economias do mundo.

A elevação das tarifas é vista por operadores como um fator de risco para o comércio internacional, com potencial para afetar a cadeia de produção global e reduzir os níveis de investimento.

O circuit breaker acionado em Tóquio é um dos instrumentos utilizados por bolsas ao redor do mundo para conter movimentos bruscos e evitar decisões tomadas sob pânico.

O mecanismo consiste na paralisação das negociações por um período determinado quando os índices atingem variações negativas superiores a limites previamente estabelecidos. No caso da Bolsa de Tóquio, a suspensão de 10 minutos é aplicada quando a queda ultrapassa 8%.

As consequências do episódio ainda estão sendo avaliadas por agentes do mercado. Embora a queda tenha sido parcialmente revertida durante o pregão, o ambiente permanece instável.

Nos Estados Unidos, os índices futuros também apresentaram baixa nas primeiras horas da manhã, sinalizando que a repercussão do impasse comercial pode se estender para outros mercados.

A disputa comercial entre Estados Unidos e China, intensificada desde 2018, tem sido marcada por sucessivas rodadas de aumento de tarifas, restrições tecnológicas e retaliações. O impasse já motivou revisões nas projeções de crescimento global por parte de instituições financeiras e organismos multilaterais.

Até o momento, não há indicações de retomada do diálogo entre Washington e Pequim. A ausência de negociações formais e o endurecimento das posturas públicas de ambos os lados têm contribuído para aumentar a incerteza no cenário econômico internacional.

A Bolsa de Tóquio retomou as negociações normalmente após a interrupção prevista, mas investidores seguem monitorando os desdobramentos da crise comercial. A expectativa do mercado gira em torno de possíveis novas medidas por parte dos dois países e de eventuais intervenções das autoridades monetárias para conter os efeitos da instabilidade.

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