Bill Gates acusa Elon Musk de “matar” crianças com cortes em agência dos EUA

O bilionário Bill Gates anunciou, nesta quinta-feira (8), que pretende doar quase todo o seu patrimônio de US$ 200 bilhões (R$ 1,1 trilhão) por meio da Fundação Gates e encerrar a organização até 2045. Em entrevista ao jornal Financial Times, o fundador da Microsoft também atacou Elon Musk e os recentes cortes de ajuda internacional promovidos pelos Estados Unidos.

Aos 69 anos, Gates, que atua exclusivamente com filantropia desde 2020, quando deixou conselho administrativo da Microsoft, afirmou que está acelerando planos para desinvestir sua fortuna e fechar a Fundação Gates em 20 anos. O anúncio foi feito no 25º aniversário da organização, em um post no site intitulado “Meu novo prazo: 20 anos para doar praticamente toda a minha riqueza”.

Além disso, Gates criticou Elon Musk, o homem mais rico do mundo e figura-chave no governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusando-o de “matar as crianças mais pobres do mundo” com enormes cortes norte-americanos no orçamento de ajuda humanitária.

“A imagem do homem mais rico do mundo matando as crianças mais pobres do mundo não é bonita”, disse Gates ao Financial Times.

Gates disse que, após os cortes, gostaria que Musk fosse visitar as crianças que agora foram infectadas pelo HIV, uma vez que ele cortou verbas para um hospital em Moçambique que impedia a transmissão do vírus de mães infectadas para seus bebês, na crença equivocada de que os EUA estavam fornecendo preservativos para o Hamas em Gaza, no Oriente Médio.

O Departamento de Eficiência Governamental, liderado por Musk, cortou o financiamento da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), responsável pelo fornecimento de bilhões de dólares para causas relacionadas à saúde no mundo, desde o desenvolvimento e aplicação de vacinas para crianças até assistência alimentar emergencial.

“Morreu rico”

Em uma postagem em seu site, Gates alegou saber que as pessoas dirão muitas coisas a seu respeito depois que morrer, mas que está determinado que “morreu rico” não seja uma delas, enfatizando que existem problemas urgentes demais no mundo para manter para si recursos podem ser usados para “ajudar as pessoas”.

Na declaração, sem citar nominalmente o atual presidente dos EUA, o bilionário afirma querer ajudar a impedir que recém-nascidos, crianças e mães morram de causas evitáveis, além de acabar com doenças como pólio, malária e sarampo e reduzir a pobreza.

Gates também cutucou outros países ricos, como Reino Unido e França, questionando se eles continuarão a defender suas populações mais carentes.

O fundador da Microsoft afirmou que, apesar da riqueza da fundação, o progresso não seria possível sem o apoio de governos, elogiando a resposta dos líderes de nações na África após os cortes de ajuda dos EUA, que promoveram a readequação de orçamentos.

Ainda assim, o fundador da Microsoft não deixou de pontuar sua preocupação com a situação atual do planeta, enfatizando que existem problemas que não serão superados sem a ajuda e o financiamento dos EUA.

Doação

A Fundação Gates já doou US$ 100 bilhões desde sua criação. Os recursos ajudaram apoiar iniciativas como o grupo de vacinas Gavi e o Fundo Global de Combate a Aids, Tuberculose e Malária.

A entidade foi criada por Gates e sua então esposa, Melinda, em 2000. Atualmente, a fundação tem grande participação no setor de saúde global, com um orçamento anual bilionário, que deve chegar a US$ 9 bilhões até 2026.

Segundo Gates, a organização será fechada depois que 99% da sua fortuna pessoal for gasto, contrariando expectativas de que ela se manteria aberta nas décadas seguintes à morte do bilionário.

Seus herdeiros devem ficar com cerca de 1% de seu patrimônio, como ele já adiantou em entrevistas anteriores.

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