Big techs chinesas estavam preparadas

ByteDance, Alibaba e Tencent estocam bilhões em chips da Nvidia antes de nova restrição dos EUA. As principais empresas de internet da China estocaram bilhões de dólares em chips de inteligência artificial H20 da Nvidia neste ano, antes que os Estados Unidos interrompessem o envio desses componentes em abril, segundo apurou o Nikkei Asia. O […] O post Big techs chinesas estavam preparadas apareceu primeiro em O Cafezinho.

Abr 23, 2025 - 20:54
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Big techs chinesas estavam preparadas

ByteDance, Alibaba e Tencent estocam bilhões em chips da Nvidia antes de nova restrição dos EUA.

As principais empresas de internet da China estocaram bilhões de dólares em chips de inteligência artificial H20 da Nvidia neste ano, antes que os Estados Unidos interrompessem o envio desses componentes em abril, segundo apurou o Nikkei Asia.

O chip gráfico H20 foi desenvolvido especialmente para o mercado chinês, em conformidade com os controles de exportação dos EUA. No entanto, ByteDance, Alibaba e Tencent começaram a se preparar no ano passado para a possibilidade de que Washington também barrasse o fornecimento do H20, segundo fontes.

As três empresas pediram à Nvidia o envio de cerca de 1 milhão de unidades do H20 — o equivalente a um ano inteiro de fornecimento — o mais rápido possível, idealmente até o fim de maio, disse uma das fontes. Contudo, o número efetivamente entregue foi menor, pois o governo Trump anunciou no início de abril que a exportação desses chips exigiria licença.

Outra fonte afirmou que o valor dessas encomendas de emergência ultrapassou US$ 12 bilhões, sendo que vários bilhões de dólares em chips foram enviados antes que as novas restrições entrassem em vigor.

Segundo duas fontes, a ByteDance foi a mais agressiva na aquisição dos chips da Nvidia.

Esse esforço de estoque ocorreu em meio a uma explosão da demanda por poder computacional de IA na China, especialmente desde o surgimento da DeepSeek no início do ano. Em fevereiro, a Tencent começou a integrar o DeepSeek ao seu superaplicativo WeChat, o que aumentou fortemente a demanda por computação.

“A restrição ao H20 não foi surpresa, pois já era amplamente esperada no setor”, afirmou um executivo de uma empresa de tecnologia chinesa. “Todas as grandes empresas chinesas estavam se antecipando e estocando o H20. Afinal, ele ainda não era proibido e apresentava ótimo desempenho.”

Além das encomendas urgentes, empresas chinesas vêm buscando formas de comprar chips da Nvidia fora da China, onde não se aplicam os controles dos EUA. Outras estratégias incluem a criação de subsidiárias no exterior ou parcerias com operadoras de telecomunicações, segundo diversas fontes do setor.

“O comportamento dos clientes chineses tem sido muito sereno”, disse um executivo de uma fornecedora da ByteDance e da Alibaba Cloud. “Eles sabiam que isso aconteceria e estavam preparados. Disseram que a meta de construir mais data centers este ano continua inalterada.”

Além da China continental e Hong Kong, a Alibaba mantém data centers em 13 países, incluindo dois nos EUA. A ByteDance tem centros de dados em vários países do sudeste asiático e da Europa, como Irlanda e Noruega.

Enquanto isso, gigantes de data centers chineses estão acelerando a validação de plataformas domésticas de GPU, como a Ascend da Huawei. Em abril, a Huawei apresentou sua nova solução de computação em IA, a CloudMatrix 384, que conecta 384 chips Ascend desenvolvidos internamente, com desempenho equivalente ao do chip avançado GB200 NVL72 da Nvidia.

O H20 é a segunda versão rebaixada do chip H100 da Nvidia, lançado globalmente no terceiro trimestre de 2022. Em resposta aos controles de exportação dos EUA, a Nvidia lançou primeiro o H800 para o mercado chinês, e depois o H20, ainda mais limitado, após novos apertos das regras.

Lançado no primeiro semestre de 2024, o H20 tem cerca de 10% da capacidade de treinamento de IA do H100 original e apenas 20% da capacidade de inferência. Apesar disso, é muito popular na China.

Inferência se refere à capacidade de um sistema de IA gerar respostas ou previsões a partir de um modelo já treinado.

Eugene Lee, engenheiro de IA baseado em Hong Kong, afirmou que, apesar da aparência, o H20 é mais otimizado para inferência do que para treinamento, diferentemente do H100 e H800. Assim, caso o H20 se torne escasso, pode ser parcialmente substituído por alternativas domésticas ou soluções em nuvem para modelos pequenos e médios. Já o desenvolvimento e otimização de modelos maiores pode ser significativamente comprometido.

Lee acrescentou que muitos modelos avançados de IA dependem de H100s e H800s previamente adquiridos para o treinamento, e que grandes provedores de nuvem também os utilizam para oferecer serviços de inferência.

“Se os estoques de H100 e H800 se esgotarem, isso pode prejudicar seriamente o treinamento de modelos de próxima geração e afetar a competitividade da China no desenvolvimento de IA de ponta”, disse ele.

A Nvidia alertou que as novas restrições sobre o H20 devem beneficiar concorrentes, pois os clientes chineses buscarão alternativas internas ou em outros países. Em 15 de abril, a empresa informou que deve registrar um impacto de US$ 5,5 bilhões em um trimestre por conta das novas medidas.

Após esse anúncio, o CEO da Nvidia, Jensen Huang, fez uma visita surpresa a Pequim e afirmou a autoridades que faria “todo esforço” para continuar atendendo o mercado chinês.

No ano fiscal encerrado em 26 de janeiro, a China representou cerca de 13,1% da receita total da Nvidia, abaixo dos quase 17% registrados no ano anterior, segundo documentos da empresa. Já a participação de Singapura subiu de 11,2% para 18% no mesmo período. Esses números se baseiam nos locais de faturamento dos clientes, mas a Nvidia destacou que muitos deles usam Singapura para centralizar as cobranças, mesmo com os produtos sendo enviados para outros países. Por volume efetivo de entregas, Singapura representou menos de 2% da receita total.

A Nvidia não quis comentar. ByteDance, Alibaba e Tencent não responderam aos pedidos do Nikkei Asia.

Cheng Ting-Fang
Lauly Li
Cissy Zhou
23 de abril de 2025
Nikkei Asia

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