Barroso pede ajuda de “capinha” no STF: “Tá trabalhando?”
Presidente do Supremo chamou o assistente para auxiliá-lo na busca por um papel durante a sessão

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Luís Roberto Barroso, pediu ajuda a um dos assessores, conhecidos como capinhas, durante a sessão de 4ª feira (12.mar.2025), em que era analisada a liberação da esterilização voluntária de mulheres.
“Tá trabalhando?”, disse Barroso ao assessor, ao pedir para ele ajudá-lo a encontrar um papel. A cena provocou risadas do ministro, do próprio “capinha” e de outros ministros presentes na sessão, como Cármen Lúcia e Luiz Fux.
Esses trabalhadores são conhecidos como “capinhas” por causa do uniforme que usam: uma pequena capa nas costas, menor do que a dos juízes. Eles puxam as cadeiras, esperam os magistrados se sentarem e dão uma pequena ajuda para que cada um deles se aproxime da bancada do plenário. Os funcionários ficam em pé, perfilados atrás das cadeiras, aguardando a chegada dos ministros.
Esse tipo de trabalho reverencial dos assessores para os ministros do STF é tradicional. Em junho de 2024, um momento em que um dos “capinhas” puxava a cadeira para que um ministro se sentasse viralizou na internet. A cena foi multiplicada em vários perfis no X (ex-Twitter), LinkedIn e outras plataformas.
Na sessão, o assunto principal foi a ampliação do foro privilegiado (direito concedido a certas autoridades para serem julgadas por tribunais superiores, e não pela justiça comum) para crimes cometidos depois que autoridades deixarem os cargos. O ministro Gilmar Mendes disse que a decisão da Corte “foi uma adaptação à realidade“.
Com a decisão, investigações iniciadas na Corte relacionadas à função política continuarão sob a análise do tribunal, mesmo depois do fim do mandato por renúncia, cassação ou não reeleição. A prática enfraquece uma das principais linhas de defesa dos denunciados por tentativa de golpe de Estado em 2022.
Os acusados pedem a transferência do julgamento para a 1ª Instância, uma vez que nenhum dos denunciados tem foro especial por já terem deixado os cargos. É o caso do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).