Ataque de Israel mata jornalista palestina que inspira filme em Cannes

Fatma Hassouna e nove familiares morrem em bombardeio na Faixa de Gaza, um dia após documentário sobre sua vida ser anunciado no festival francês

Abr 17, 2025 - 20:33
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Ataque de Israel mata jornalista palestina que inspira filme em Cannes

Morte ocorre um dia após anúncio da seleção oficial

A fotojornalista palestina Fatma Hassouna morreu em um ataque aéreo de Israel na Faixa de Gaza, 24 horas após o anúncio da seleção de um documentário sobre sua vida para o Festival de Cannes. A informação foi confirmada pela Associação do Cinema Independente para a sua Difusão (ACID), responsável por uma das mostras paralelas do evento.

O bombardeio, registrado na quarta-feira (16/3), atingiu um campo de deslocados e deixou ao menos 40 mortos, segundo a Defesa Civil de Gaza. Nove membros da família de Fatma também morreram na ação.

Filme será exibido em maio no Festival de Cannes

Fatma é a protagonista de “Put Your Soul On Your Hand And Walk” (“Coloque sua alma em sua mão e ande”, em tradução livre), documentário dirigido pela cineasta franco-iraniana Sepideh Farsi. A obra reúne conversas entre as duas e estreia em Cannes em 14 de maio.

A seleção para a mostra ACID havia sido anunciada um dia antes do ataque.

Jornalista era conhecida por retratar a guerra em Gaza

Reconhecida internacionalmente por suas fotografias, Fatma documentava o impacto da guerra e da ocupação militar israelense sobre a população palestina. Seu trabalho foi publicado em diversos veículos internacionais.

No Instagram, onde reunia mais de 27 mil seguidores, ela se definia com a frase: “Uma mulher corajosa persegue a luz em busca de espanto.”

Manifestação do Festival de Cannes

O perfil oficial da mostra ACID do Festival de Cannes se manifestou em choque com a notícia da morte da fotojornalista.

“Nós, cineastas e membros da equipe da ACID, conhecemos Fatma Hassouna ao descobrir o filme de Sepideh Farsi, “Put Your Soul On Your Hand And Walk”, durante a programação de Cannes. Seu sorriso era tão marcante quanto sua tenacidade: testemunhar, fotografar Gaza, distribuir alimentos apesar das bombas, do luto e da fome. Sua história chegou até nós, ficamos aliviados a cada uma de suas aparições ao saber que seguia viva, e tememos por ela. Ontem, soubemos com horror que um míssil israelense atingiu seu prédio e matou Fatma e membros de sua família.

Tínhamos assistido e programado um filme em que a força vital dessa jovem parecia um milagre. Não é mais o mesmo filme que vamos carregar, apoiar e apresentar em todas as salas, começando por Cannes. Todos nós, cineastas e espectadores, devemos estar à altura da luz que ela irradiava”