Ata do Copom e dados de inflação nos EUA mantêm clima de cautela no mercado; Azul (AZUL4), Raízen (RAIZ4) e mais divulgam resultados do 1T25 nesta terça-feira (13)

Dados econômicos brasileiros e norte-americanos prerrogam clima de cautela no mercado após positividade de ontem (12). Leia mais. O post Ata do Copom e dados de inflação nos EUA mantêm clima de cautela no mercado; Azul (AZUL4), Raízen (RAIZ4) e mais divulgam resultados do 1T25 nesta terça-feira (13) apareceu primeiro em Empiricus.

Mai 13, 2025 - 15:34
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Ata do Copom e dados de inflação nos EUA mantêm clima de cautela no mercado; Azul (AZUL4), Raízen (RAIZ4) e mais divulgam resultados do 1T25 nesta terça-feira (13)

A segunda-feira (12) trouxe um alívio quase eufórico aos mercados globais, liderado pelos ativos americanos, que responderam com força à notícia de uma trégua tarifária entre EUA e China. Mas, como de costume, a empolgação não dura para sempre. A terça-feira (13) amanhece com um clima mais cauteloso: na Ásia, os mercados fecharam sem direção clara, enquanto os índices europeus se acomodam após o rali da véspera, digerindo os desdobramentos das negociações comerciais e alguns dados econômicos.

Como mencionamos ontem (12), o encontro entre delegações chinesas e americanas na Suíça produziu algum avanço — os dois lados concordaram em cortar tarifas para 10% e 30%, respectivamente, estabelecendo uma pausa de 90 dias na escalada protecionista. Mas agora começa o verdadeiro teste: transformar um cessar-fogo retórico em um acordo comercial robusto e duradouro. O tempo corre contra, e o histórico de idas e vindas entre as partes não recomenda otimismo ingênuo.

No radar de hoje, os investidores voltam a calibrar as expectativas com base nos dados — com destaque para os números de inflação dos EUA, que devem influenciar diretamente os rendimentos dos Treasuries e, por consequência, o apetite global por risco. Nos tempos atuais, o humor do mercado, como sempre, continua dependente do delicado equilíbrio entre política internacional e fundamentos macroeconômicos.

· 00:59 — Apetite?

No Brasil, mesmo com uma inflação corrente ainda desconfortável, começamos a ver uma leve ancoragem das expectativas, ainda que timidamente — um passo relevante para o Banco Central. Contudo, o país ainda exibe um dos juros reais mais altos do planeta. Por isso, toda atenção se volta para a ata do Copom divulgada hoje (13), que reforçou a leitura de que o ciclo de aperto monetário pode ter terminado com a Selic em 14,75%. A chave está nas próximas comunicações: se mais neutro ou ainda vigilante.

Ao mesmo tempo, a temporada de resultados começa a ganhar corpo, com destaque para o balanço da Petrobras (PETR4) divulgado na noite de ontem (12). Apesar de um lucro líquido robusto — R$ 35,2 bilhões, alta de 48,6% sobre o primeiro trimestre de 2024 —, o mercado reagiu com frieza. O dividendo anunciado ficou abaixo do esperado e o endividamento subiu para 1,45x dívida líquida/Ebitda, acendendo o alerta, especialmente com o petróleo abaixo dos US$ 70 por barril — o papel abre a terça-feira próximo da estabilidade no pré-mercado americano. Seja como for, o foco do dia segue nos juros: tanto pela ata do Copom quanto pelos dados de inflação nos EUA.

Em horizonte mais amplo, a combinação de política fiscal expansionista com ano eleitoral adiante dificulta um recuo mais contundente das expectativas de inflação no Brasil. Um último ajuste de 25 pontos até pode ocorrer, mas o cenário-base já migra para o fim do ciclo — e o início da discussão sobre cortes. Desde julho de 2021, a escalada da Selic drenou o fluxo para ativos de risco. A queda entre 2023 e 2024 não foi o suficiente para mudar a dinâmica até então verificada. Agora, sua reversão, ao menos teoricamente, deve operar no sentido oposto. E se a história se repetir, o maior benefício tende a recair sobre as small caps. É nestes momentos — antes da narrativa consolidada — que se planta o retorno. O ciclo, talvez, esteja apenas começando.

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· 01:41 — Brindando o avanço

Nos EUA, o humor melhorou visivelmente após o anúncio de uma trégua tarifária de 90 dias entre Estados Unidos e China — um armistício comercial que os investidores mais otimistas já enxergam como o primeiro passo para uma solução mais duradoura. A Nasdaq, embalando o entusiasmo, já cravou alta superior a 20% desde os fundos recentes, entrando oficialmente em território de “bull market”. Ainda que o saldo tarifário permaneça superior ao do início de 2024, pelo menos o cenário mais sombrio — que lembrava a década de 1930 — parece, por ora, mais distante. As tratativas realizadas na Suíça não encerram a novela, mas representam uma inflexão importante.

Contudo, o mercado faria bem em segurar a empolgação. A instabilidade crônica da comunicação oficial dos EUA — que pode ir da moderação à loucura completa em um único tweet — segue sendo um risco de fundo. Embora o aceno de moderação indique um governo mais pragmático do que o observado no início de abril, não há garantia de que o bom senso será a bússola daqui para frente. Por isso, por mais que a trégua seja bem-vinda, ela ainda está longe de resolver a raiz do conflito comercial. Em tempos de política externa errática, confiança não se reconstrói em um fim de semana.

Hoje, o dado que realmente deve movimentar os mercados nesta semana é o CPI de abril. As expectativas apontam para uma inflação de 2,4% na comparação anual, com o núcleo (que exclui alimentos e energia) projetado em 2,8%. Importante lembrar: os efeitos das novas tarifas comerciais ainda não aparecerão nesses números — só devem começar a ser visíveis em junho ou julho. Mesmo assim, uma leitura mais branda da inflação, especialmente se vier acompanhada de melhora qualitativa (como queda em serviços essenciais), pode reforçar apostas em cortes nas taxas de juros nos EUA. E, nesse caso, o mercado teria um motivo real para comemorar.

· 02:32 — Um novo orçamento

Os republicanos colocaram na mesa um projeto de lei tributária ambicioso: são 389 páginas que prometem trilhões de dólares em cortes de impostos, renovando e ampliando as reduções implementadas em 2017, no primeiro mandato de Trump. Como não poderia deixar de ser, o texto também embute algumas bandeiras de campanha do presidente, como a isenção de impostos sobre gorjetas e horas extras — uma forma de agradar o eleitorado de base, ainda que o impacto fiscal seja pouco claro. Para compensar parte do rombo previsto, o projeto prevê ajustes pontuais de arrecadação, mas nada que altere substancialmente a equação de um déficit público.

A proposta é vendida como o “grande e belo projeto de lei” que Trump tanto prometeu. O problema é que, mesmo entre os próprios republicanos, o consenso está longe de ser garantido. O ponto de atrito mais ruidoso atende pelo nome de SALT o limite para deduções de impostos estaduais e locais, que afeta principalmente eleitores em estados de alta carga tributária como Califórnia, Nova York e Nova Jersey. O projeto até aumenta esse teto em relação ao corte imposto no governo Trump, mas não o suficiente para acalmar os congressistas desses estados, que agora usam sua influência em uma maioria estreita para tentar emplacar uma versão mais generosa.

Além disso, o projeto ignora a ideia de elevar impostos para super ricos — algo que o próprio Trump disse que apoiaria, mas logo tratou de desdizer: “meu partido provavelmente não deveria”. Com uma base dividida e um texto que tenta agradar a muitos sem entregar tudo a ninguém, o projeto enfrenta uma batalha interna antes mesmo de chegar ao Senado. O debate começa agora, e se o texto sairá inteiro ou diluído até a irrelevância é uma questão tão legislativa quanto aritmética.

· 03:25 — Próximos passos

A postura inflexível de Xi Jinping frente a Donald Trump começa a render dividendos políticos ao líder chinês. Após dois dias de negociações tensas na Suíça, os representantes comerciais das duas maiores economias do planeta anunciaram uma redução significativa — embora temporária — nas tarifas que vinham alimentando o conflito bilateral. Como já antecipado,os dois governos recuaram nas tarifas prometidas, adotando um tom mais conciliador depois de ver os mercados derreterem com a escalada da retaliação chinesa. As tarifas “recíprocas” no início de abril levaram o comércio entre os países a um impasse quase total, amplificando incertezas e alimentando temores de uma recessão fabricada nos EUA.

O alívio veio mais rápido do que o esperado, e os mercados asiáticos, especialmente os chineses, responderam com euforia. Ainda assim, os problemas estruturais permanecem intocados. Mas o humor robusto não durou e hoje mesmo já foi substituído por mais cautela. As tarifas, apesar do recuo, continuam em níveis historicamente elevados e representam uma das maiores intervenções protecionistas dos EUA em décadas. A instabilidade regulatória e a imprevisibilidade nas decisões de Washington continuam minando a confiança de investidores e empresas, inibindo decisões de longo prazo e adiando projetos de expansão ou realocação de capital.

Além disso, a ausência de uma isenção fiscal específica para produtos chineses significa que os consumidores americanos continuarão a enfrentar preços mais altos — um repasse inflacionário que dificilmente aparecerá de forma clara nos indicadores tradicionais, mas que afeta o poder de compra e alimenta a insatisfação. Em suma, o alívio tarifário é um passo tático, não uma solução estratégica. E, mesmo com a cortina de fumaça, o cenário-base continua apontando para uma desaceleração da atividade.

· 04:16 — Outra trégua

As conversas de paz entre Ucrânia e Rússia estão, por ora, marcadas para o dia 15 de maio, em Istambul. O presidente ucraniano declarou que estará à disposição para um encontro direto com Vladimir Putin. No entanto, Kiev estabeleceu como condição mínima um cessar-fogo incondicional de 30 dias a partir desta segunda-feira — proposta que Moscou segue rechaçando. Em paralelo, o presidente dos EUA instou os ucranianos a aceitarem a reunião, ainda que sem a trégua, num gesto que revela mais interesse em um desfecho formal do que em garantias concretas de estabilidade.

Mas a pergunta que permanece no ar é: a Rússia realmente quer encerrar essa guerra? Informações recentes sugerem que o Irã estaria preparando o envio de lançadores de mísseis Fath-360 para reforçar o arsenal russo. Caso se confirme, esse movimento colocaria em xeque qualquer alegação de Moscou sobre uma disposição sincera para a paz, indicando que os preparativos bélicos continuam a pleno vapor. No fim das contas, os sinais são contraditórios e o ceticismo é inevitável.

Enquanto as negociações são anunciadas como um passo em direção à diplomacia, os bastidores indicam que o conflito segue sendo alimentado — tanto por alianças oportunistas quanto pela ausência de concessões reais. Em outras palavras, a guerra parece ainda longe de um desfecho concreto, mesmo que haja algum cessar-fogo.

· 05:07 — A operação vai acompanhar?

O ouro continua a desempenhar seu papel clássico como ativo de proteção e, mais uma vez, figura entre os protagonistas deste relatório — uma recomendação já bastante recorrente por aqui. Seguimos…

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