Apagão entra na campanha e pode ter consequências nas legislativas
A forma como o governo geriu o apagão desta segunda-feira entrou em força na campanha eleitoral com o governo a ser acusado de reagir tardiamente e o executivo a querer passar uma imagem de eficácia durante as horas de incerteza e perante uma situação de emergência. A atuação do governo durante a crise, nomeadamente a […]


A forma como o governo geriu o apagão desta segunda-feira entrou em força na campanha eleitoral com o governo a ser acusado de reagir tardiamente e o executivo a querer passar uma imagem de eficácia durante as horas de incerteza e perante uma situação de emergência.
A atuação do governo durante a crise, nomeadamente a nível da comunicação, vai agitar o debate nos próximos dias. O PCP pediu, na segunda-feira à noite, um debate de urgência no parlamento e o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, convocou os partidos para uma reunião com o Governo para a tarde desta terça-feira com o objetivo de fazer um ponto da situação.
"Sob o ponto de vista de comunicação a única questão que se pode apontar ao governo é que a reação foi relativamente tardia, nomeadamente da parte do primeiro-ministro.”
Certo é que esta a gestão desta crise poderá ter efeitos eleitorais e o governo podia ter sido mais rápido a reagir. “Sob o ponto de vista de comunicação a única questão que se pode apontar ao governo é que a reação foi relativamente tardia, nomeadamente da parte do primeiro-ministro”. As instruções públicas não foram rápidas da parte do governo”, diz António Costa Pinto, investigador no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
Paula do Espírito Santo admite que “a gestão do governo desta crise pode ter efeitos nas eleições legislativas antecipadas, mas tudo “depende dos desenvolvimentos”. A politóloga considera quer o tema “poderá entrar de forma muito forte na campanha” e instalar-se a discussão sobre se o governo conseguiu ou não ser eficaz.
"A gestão do governo desta crise pode ter efeitos nas eleições legislativas antecipadas, mas tudo depende dos desenvolvimentos.”
A professora universitária considera que a reação do governo poderia ter sido mais rápida e o primeiro-ministro devia ter falado mais cedo. “Não foi perfeito. Tem de haver uma preparação para situações como esta. Devia ter havido uma capacidade mais ágil para comunicar”, diz ao ECO a politóloga, salientando que “devia haver mais informação para tranquilizar a estabelecer alguma ordem pública, dando informação com alguma frequência”.
Luís Montenegro falou ao país quatro horas depois do apagão e, mesmo antes de a situação estar normalizada, Pedro Nuno Santos defendeu que “a gestão de comunicação numa qualquer crise nunca é fácil, mas hoje exigia-se mais informação e celeridade por parte da Proteção Civil”.
Adelino Maltez considera que o Governo se limitou “a pilotar em automático o sistema”, mas não deixa de apontar falhas de coordenação. A declaração do ministro-adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, a colocar “hipóteses não devia ter acontecido, porque os ministros não são comentadores de energia e se estivesse calado fazia melhor”.
Castro Almeida reagiu ao corte antes do primeiro-ministro e depois do ministro António Leitão Amaro, que foi o primeiro a falar por volta das 12h30 (a eletricidade caiu uma hora antes), e admitiu que o apagão podia ter como causa um ciberataque. Já António Costa Pinto desvaloriza o episódio e considera que foi “apenas uma precipitação” numa altura em que “a informação ainda era escassa e algumas agências noticiosas reputadas acertaram ao lado”.
“O ponto mais importante foi a comunicação ter sido relativamente tardia e as instruções públicas não serem rápidas da parte do Governo”, remata.