Alemanha: Merz falha voto para confirmação como chanceler
Friedrich Merz ficou a apenas seis votos do objetivo, sendo que a esmagadora maioria dos analistas tomava como certa a confirmação do novo chanceler esta terça-feira.


Num resultado inesperado, o líder dos conservadores alemães não conseguiu reunir os votos necessários para ser confirmado como próximo chanceler do país, marcando novo recrudescer da incerteza política na maior economia europeia. Friedrich Merz ficou a apenas seis votos do objetivo, mas é agora incerto se conseguirá atingir este número.
É a primeira vez na história alemã que o chanceler designado não consegue assegurar os votos necessários para a sua confirmação e um resultado que lança novamente as interrogações sobre o futuro da economia alemã. Sendo uma votação anónima, nem é claro quais os parlamentares que votaram contra a direção da coligação entre CDU/CSU e SPD, coligação essa que reúne mais 12 lugares no parlamento do que necessário para ter a maioria.
Contas feitas, 18 parlamentares da coligação não votaram em linha com Merz.
O resultado foi um choque para o líder da CDU, que tem agora 14 dias para voltar a votar a confirmação do chanceler – seja Merz ou outro candidato apresentado pelo Bundestag. É altamente improvável que haja outra votação ainda durante o dia de terça-feira.
Recorde-se que os conservadores da CDU e do seu partido irmão na Baviera, a CSU, venceram as eleições de fevereiro, mas com apenas 28,5% dos votos, ficando longe da maioria absoluta necessária para garantir a formação de governo. A solução encontrada foi coligar-se com o SPD, do incumbente Olaf Scholz, que conseguiu 16,4% dos votos.
Os dois partidos contaram ainda com a ajuda dos Verdes para aprovarem as alterações ao travão constitucional da dívida, um assunto que vinha gerando bastante discórdia entre as várias fações políticas alemãs. Perante a necessidade de investimentos avultados em defesa, infraestrutura e na digitalização da economia, esta maioria qualificada (ainda relativa à constituição parlamentar da legislatura que agora acaba, dado que os resultados de fevereiro não permitiriam a estes três partidos reunir dois terços do Bundestag) aprovou uma reforma desta limitação, uma opção que parece estar agora a minar a coligação.
[notícia atualizada às 11h57]