Além da Tailândia e Vietnã: o Sudeste asiático cresce nas mesas de Londres
LONDRES — Esta cidade é universalmente conhecida por sua oferta gastronômica, not the least no ramo da “culinária asiática”. Aqui ganharam fama diversas versões da fusion cuisine que mesclam ingredientes, receitas e técnicas de países como Índia, China e Tailândia com a cultura e o paladar ocidentais. Como “culinária asiática” é um termo que diz […] The post Além da Tailândia e Vietnã: o Sudeste asiático cresce nas mesas de Londres appeared first on Brazil Journal.

LONDRES — Esta cidade é universalmente conhecida por sua oferta gastronômica, not the least no ramo da “culinária asiática”.
Aqui ganharam fama diversas versões da fusion cuisine que mesclam ingredientes, receitas e técnicas de países como Índia, China e Tailândia com a cultura e o paladar ocidentais.
Como “culinária asiática” é um termo que diz muito e nada ao mesmo tempo, a tendência agora entre chefs é desmembrar essa grande fusão e ressuscitar pontos de autenticidade das gastronomias de seus países.
O Guia Michelin reconheceu dois restaurantes assim este ano, ambos com raízes no sudeste asiático: o filipino Donia e o malaio Mambow.
O Brazil Journal visitou estes dois espaços e, apesar das ideias serem semelhantes, as formas de executá-las são inequivocamente diferentes.
Vamos, então, analisar seu apetite por risco.
Se você costuma pedir que o passeio de buggy na praia seja “sem emoção”, sugiro que comece pelo Donia. Do contrário, procure o Mambow mais abaixo.
Fundado pela filipina Florence Mae Maglanoc em 2023, o Donia é descomplicado e refrescante.
Sua localização estratégica, em uma galeria na meiuca do Soho, é ideal para compromissos após o trabalho; e seu salão contido, com luz amarelada e mobília verde e castanha, permite desde dates até jantares de família.
Comecei pedindo um trio de ostras com calamansi (limão filipino) e granita (primo do sorbet) de menta — e considerei seriamente só comer aquilo pelo resto da noite. Acidez, sal e frescor na medida, como se o mar inteiro coubesse na língua.
A culinária filipina foi estabelecida a partir das tradições alimentares de mais de uma centena de tribos indígenas do arquipélago. (Além de frutos do mar, tubérculos e carnes de caça são recorrentes nos pratos.)
Posteriormente, uma forte rota de comércio com a China e as colonizações espanhola e americana trouxeram elementos externos para as panelas do país, e o cardápio do Donia faz menção a essas influências.
Brilham as croquetas de cogumelo no adobo (marinada filipina); os dumplings de porco, camarão e caranguejo; e o carro-chefe da casa, uma torta recheada com caldereta — um cozido de cordeiro e batatas.
Arrematei a refeição com uma torta de milho que, meu amigo… Me converteu em apoiador da modalidade doces de milho que o brasileiro tanto ama.
O Mambow, de Abby Lee e Vanessa Fernandes, é arisco e picante desde 2022.
Por ficar em Lower Clapton — um bairro residencial no leste da cidade hoje tomado por hipsters — não é uma opção para o dia a dia de muitos. Mas é perfeito para aquela “almojanta” de sábado ou domingo.
O salão é colorido, com móveis e louças desiguais, e só um balcão separa as mesas da cozinha. Há também a opção de sentar nos fundos da loja, num pátio interior.
Mesmo que a Malásia tenha se estabelecido como país há menos de 100 anos, grupos indígenas malaios, indianos e chineses ocupam a região há séculos, enquanto portugueses, holandeses e ingleses colonizaram o espaço por sua localização estratégica.
Peixes, frutas, vegetais e especiarias convivem harmoniosamente nos pratos do país até hoje — e também na porção de picles do Mambow. O petisco leva cenoura, cebola, pepino, manga, gergelim e amendoim e é pedida obrigatória.
À seguir, pedi uns copinhos de massa para rechear com conserva de nabo e caranguejo com molho chilli. Doce, crocante, viciante e picante.
No site do restaurante, as chefs dizem que a vibe atual da casa é “Calor da Malásia + Vinhos Suculentos”, e faz todo sentido.
A pimenta que permeia todos os pratos vai inchando os lábios a cada garfada — in a good way — e nos obriga a tomar fôlego num vinho natural ou numa cerveja para continuar enfileirando pratos.
Tudo vale a pena quando a estrela do banquete chega: uma arraia recheada com sambal (pasta de malagueta e camarões) e grelhada envolta numa folha de bananeira.
Acho até que está implícito, mas o peixe derrete sem cerimônias e abre espaço para a detonação final de sabores nas paredes da boca.
Só não saí de lá totalmente realizado porque a sobremesa, uma combinação entre bolo de mandioca e sorvete de arroz, é duvidosa na teoria e pior na prática.
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