Web Summit: Dos estreantes aos repetentes, portugueses entendem que no Brasil está o futuro

As startups portuguesas, das estreantes às repetentes no Web Summit Rio, acreditam que o futuro passa pelo Brasil, um mercado ‘continental’ em expansão, onde veem novas oportunidades de crescimento e internacionalização, disseram à Lusa.

Abr 28, 2025 - 10:38
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Web Summit: Dos estreantes aos repetentes, portugueses entendem que no Brasil está o futuro

As startups portuguesas, das estreantes às repetentes no Web Summit Rio, acreditam que o futuro passa pelo Brasil, um mercado ‘continental’ em expansão, onde veem novas oportunidades de crescimento e internacionalização, disseram à Lusa.

Miguel Alves Ribeiro, fundador e presidente executivo da portuguesa sheerME, uma plataforma de serviços de bem-estar e beleza, contou à Lusa que “o Web Summit Rio foi a faísca” para entenderem que o Brasil seria o país perfeito para a internacionalização.

A empresa vai agora para a terceira edição, com planos para lançar a plataforma em São Paulo depois do sucesso no Rio de Janeiro.

“A equipa no Brasil já é maior do que a equipa em Portugal, portanto aqui já temos quase 30 pessoas” no Rio de Janeiro, disse Ribeiro.

O ambiente atual no Brasil, a maior economia da América Latina, lembra o que aconteceu em Lisboa entre 2015 e 2016, após a chegada da Web Summit, quando a capital portuguesa viveu um verdadeiro boom tecnológico, disse o empresário.

À época, o evento catalisou a criação de startups, atraiu investidores e posicionou Lisboa como um dos novos polos de inovação na Europa, considerou.

Mauro Frota, um estreante no Web Summit Rio, que arrancou no domingo com a terceira edição na ‘cidade maravilhosa, não tem dúvidas de que passa pelo Brasil o futuro da empresa que cofundou, a BHOUT, “algures na fronteira entre o exercício físico e o ‘gaming’” que criou “o primeiro saco de boxe inteligente do mundo”,

“O Brasil é o segundo melhor mercado do mundo para ‘fitness’, é um mercado que nos dá muitas garantias, porque a comunidade brasileira que mora em Portugal apoia-nos imenso, estão em massa nos nossos clubes”, explicou à Lusa.

“É um país continental, é um país onde um estado vale por metade da Europa, às vezes, onde um São Paulo, uma grande São Paulo tem 20 milhões de habitantes e que investem massivamente em ‘fitness’ e em cuidar da sua saúde”, frisou.

O saco, que combina sensores com visão computorizada a três dimensões, inteligência artificial e aprendizagem automática, é ideal para o Brasil, considerou, não fosse o Brasil “uma das terras-mães do MMA [sigla em inglês para artes marciais mistas]”.

Miguel Alves Ribeiro deixou, contudo, um aviso aos estreantes portugueses: “arranjem alguém para tratar de tudo o que é a parte de contabilidade, legal, para chegarem cá e porem o negócio a correr”.

Outro dos conselhos que o responsável da sheerME deu às empresas portuguesas que querem atravessar o Atlântico é ir de “estado a estado”.

“O Brasil é um continente, então quando uma empresa portuguesa vem para aqui, para o Brasil, a pensar que pode trabalhar como trabalha em Portugal ou um país da Europa, não pode”, disse.

O Rio de Janeiro é, a partir de domingo e até quarta-feira, o centro mundial da inovação tecnológica, com 28 ‘startups’ portuguesas entre as mais de mil na Web Summit Rio, que quer criar novas pontes num momento de mudança nas alianças comerciais.

O Riocentro, na Barra da Tijuca, vai receber até quarta-feira mais de 34 mil participantes, 600 investidores de fundos globais e 300 palestrantes, de acordo com a organização.

A inteligência artificial, a sustentabilidade, a tecnologia financeira, a regulamentação das plataformas e a diversidade na tecnologia serão outros dos focos do evento que vai na terceira edição no Rio de Janeiro e que, segundo o Governo carioca, tem potencial para atrair mais de 800 mil pessoas e injetar na economia carioca cerca de 1,2 mil milhões de reais (cerca de 250 milhões de euros) até 2028.

Do lado português, estão presentes 28 ‘startups’ com o foco em soluções de inteligência artificial, recursos humanos e desporto e ‘fitness’, apoiada pela Startup Portugal e pela Unicorn Factory Lisboa, das quais 11 participam na conferência no âmbito da iniciativa Business Abroad”, indicou a organização, em comunicado.

O evento tecnológico, que nasceu em 2010 na Irlanda, passou a realizar-se na zona do Parque das Nações, em Lisboa, em 2016 e vai manter-se na capital portuguesa até 2028. A empresa registou também, além do Rio de Janeiro, uma expansão para o Médio Oriente, com a Web Summit Qatar, que se realizou no início de 2024.