Vulcão “zumbi” da Bolívia exibe sinais de atividade após 250 mil anos
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Uma equipe internacional de cientistas descobriu que o Uturuncu, o vulcão “zumbi” da Bolívia, não está morto — embora esteja 250 mil anos inativo.
Os cientistas publicaram um estudo na última segunda-feira (28), identificando atividades vulcânicas no Uturuncu. Conforme o estudo, o vulcão emitiu gases, desencadeou terremotos e gerou deformações significativas no solo.
Além disso, o vulcão zumbi, apesar de estar na Bolívia, possui um padrão característico de “sombrero” mexicano na deformação do solo: o solo se eleva no centro, enquanto as bordas se afundam.
Satélites identificaram essa atividade do padrão “sombrero” desde os anos 1990. Aliás, a elevação da área central ocorre há 50 anos, em uma taxa variável de 0,4 centímetros por ano.
Atividade de vulcão zumbi na Bolívia
Hipóteses anteriores citavam que o comportamento do vulcão zumbi era consequência do acúmulo de magma do corpo magmático Altiplano-Puna (APMB) — uma enorme reserva de magma sob regiões da Bolívia, Chile e Argentina. Com isso, os sinais preocupam as comunidades das pequenas cidades ao redor do Uturuncu sobre uma possível erupção do vulcão zumbi da Bolívia.
Vale ressaltar que as pessoas que moram próximas ao vulcão são majoritariamente indígenas. 99,4% não têm acesso à eletricidade, enquanto 90% não possui instalações sanitárias.
Portanto, era crucial descobrir se os sinais de atividade do vulcão zumbi podem causar uma erupção. Para isso, os cientistas coletaram dados de mais de 1.700 eventos sísmicos para criar uma imagem de alta resolução da crosta abaixo do Uturuncu.
Se inspirando na medicina, os cientistas usaram técnicas de tomografia sísmica, permitindo observar variações na velocidade de ondas sísmicas, ajudando a identificar a presença e o movimento de magma e de fluidos hidrotermais.
Análises de atividade do vulcão zumbi da Bolívia. Imagem: Universidade de Cardiff/Divulgação
Os resultados do estudo, no entanto, identificaram que o APMB envia fluídos e gases quentes à superfície através de “canos” subterrâneos. Neste processo, gases como vapor e CO2 ficam presos sob o pico do vulcão e a água salgada se espalha nas bordas via rachaduras no vulcão.
São essas interações que explicam a deformação no solo e atividade sísmica do vulcão da Bolívia, mas também são evidências de que o risco de erupção é muito pequeno.
Além disso, os métodos do estudo podem ser úteis para compreender a estrutura geológica de vulcões similares. Matthew Pritchard, coautor do estudo, afirma que a técnica usada no Uturuncu pode ser aplicada em mais de 1.400 vulcões “zumbis” existentes.
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