Valentina Herszage: “A sutileza da interpretação era essencial para manter a naturalidade da história”

Aos 26 anos, Valentina Herszage é um dos grandes talentos do cinema brasileiro. Mais do que uma promessa, a jovem já conquistou seu espaço na arte nacional ao interpretar Vera, filha de Fernanda Torres e Selton Mello em “Ainda Estou Aqui”, filme de Walter Salles que levou o Brasil à maior premiação do cinema. Agora, […] O post Valentina Herszage: “A sutileza da interpretação era essencial para manter a naturalidade da história” apareceu primeiro em Harper's Bazaar » Moda, beleza e estilo de vida em um só site.

Fev 28, 2025 - 15:39
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Valentina Herszage: “A sutileza da interpretação era essencial para manter a naturalidade da história”

Valentina Herszage para BAZAAR – Direção criativa: Kleber Matheus, Fotografia: Thay Bonin, Styling: Gabriel Binow, Beleza: Rafaela Siqueira, Hair: Vanessa Castelini, Direção de arte: Yasmin Klein, Retoque: Romulo Koerich, Coordenação: Mariana Simon/ KM Studio, Produção executiva: Zuca Hub, Produtores responsáveis: Claudia Nunes, Produção de moda e assistentes de styling: Anna Sanchez e Mila Deltreggia, Assistentes de foto: Edson Luciano, Assistente de produção: Caio Nogueira e Junior Costa, Camareira: Roseli Batista, Manicure: Rose Luna e Locação: Espaço de Arte Auroras – Exposição de Bruno Dunley

Aos 26 anos, Valentina Herszage é um dos grandes talentos do cinema brasileiro. Mais do que uma promessa, a jovem já conquistou seu espaço na arte nacional ao interpretar Vera, filha de Fernanda Torres e Selton Mello em “Ainda Estou Aqui”, filme de Walter Salles que levou o Brasil à maior premiação do cinema. Agora, ela colhe os frutos e vive um momento decisivo na carreira. Em entrevista exclusiva à BAZAAR, a atriz fala sobre sua trajetória na sétima arte, os desafios do novo projeto e a emoção de representar o país no Oscar. Ao papo!

HB: Como foi o seu início na carreira para chegar até em “Ainda Estou Aqui”?

VH: Eu comecei a trabalhar muito nova. O primeiro grande filme que fiz foi Matmi, por favor, que estreou em Veneza quando eu tinha 15 anos. Só com esse filme, já são 11 anos de profissão. Antes disso, também fiz uma série e sempre estive muito envolvida com o cinema. Esse filme do Walter [Salles] tem trazido atenção para meus trabalhos anteriores, o que tem sido muito legal. Apesar de não ter artistas na família, sempre houve um grande incentivo às artes.

HB: Sua rotina mudou muito com o reconhecimento desse filme?

VH: Para minha surpresa, sempre fui reconhecida mais por novelas. Mas com esse filme, tem sido diferente. As pessoas me reconhecem no cinema, de uma forma que parece torcida, como se fóssemos amigos. É um apoio muito bonito.

HB: Qual foi o maior desafio ao interpretar essa personagem?

VH: O mais desafiador foi a volta da personagem ao Brasil. Ela descobre pelo jornal que os pais foram presos e, ao retornar, ninguém fala sobre isso. A sutileza da interpretação era essencial para manter a naturalidade da história e fazer com que qualquer pessoa pudesse se identificar.

Valentina Herszage – Foto: Thay Bonin

HB: Como foi o processo de criar essa dinâmica familiar no filme?

VH: Foi um processo muito cuidadoso. A casa onde filmamos já era um espaço familiar para nós antes das gravações. Também trabalhamos relações individuais entre os personagens para criar diferentes laços familiares. Além disso, tivemos um período intenso de preparação, onde passamos dias explorando cada cômodo da casa e entendendo como cada personagem interagia com o ambiente e entre si. O diretor e a preparadora de elenco nos incentivaram a construir memórias dentro daquele espaço, realizando ensaios para aprofundar ainda mais os vínculos familiares. Isso fez com que, quando começamos a filmar, já tivéssemos um senso de pertencimento muito forte, tornando as cenas mais naturais.

HB: Algum momento nos bastidores te marcou especialmente?

VH: A cena da despedida da minha personagem, com a música “Take Me Back to Piauí” [de Juca Chaves], foi muito especial. Filmamos várias vezes, e o clima no set era de alegria verdadeira. Além disso, foi um processo muito especial porque eu mesma registrei muitos momentos com fotografias analógicas. Sempre gostei desse tipo de fotografia, e isso ajudou a capturar a essência dos bastidores do filme. Até agora, tenho muitas fotos que ainda não publiquei, e a equipe está organizando um material de bastidores com algumas dessas imagens. Para essa cena, também tivemos aulas de dança para aprender os estilos dos anos 70 e captar a autenticidade dos movimentos. Foi um processo muito divertido e enriquecedor, que ajudou a criar ainda mais sintonia entre o elenco e trouxe uma energia única para a sequência.

HB: Você esperava toda essa repercussão?

VH: Desde que li o roteiro, sabia que o filme era forte. Mas ver até onde ele chegou, com indicações e prêmios, foi surpreendente. Os aplausos em Veneza foram um primeiro sinal disso. Quando a sessão terminou e vi a reação do público, percebi que essa história realmente tocava as pessoas de uma maneira muito profunda. O reconhecimento internacional também foi impressionante.

Valentina Herszage – Foto: Thay Bonin

HB: O filme ajudou a fortalecer a conexão do Brasil com a América Latina?

VH: Sim! Nossa história é parecida com a de outros países da região, como Argentina e Chile. Ver o reconhecimento em prêmios, como o Goya [que é Espanhou, mas é emocionante e fortalece essa união. Acredito que o filme ajudou a reforçar a identidade latino-americana do Brasil, algo que nem sempre é tão evidente para nós. A recepção calorosa em diversos festivais da América Latina mostrou como compartilhamos uma memória histórica e cultural muito forte. Além disso, a conexão entre cineastas e artistas de diferentes países latinos tem se fortalecido ainda mais, e isso é muito especial.

HB: Como a moda faz parte da sua vida?

VH: Sempre gostei de moda, mas de um jeito natural. Em eventos como Veneza, quis alinhar meu estilo à história do filme. Minhas referências vêm do cinema francês e de figuras como Audrey Hepburn. Acho muito interessante como a moda e o cinema conversam, porque ambos são formas de arte que acompanham transformações do mundo. Desde que comecei a me envolver mais com isso, fui percebendo como os figurinos podem contar histórias tanto quanto as cenas. Minha parceria com a stylist Rita Lazarotti foi fundamental para construir essa identidade visual nas premiações. Também tenho descoberto novas maneiras de me expressar por meio da moda e entendido que, mesmo não sendo modelo, posso trazer minha personalidade para meus trabalhos.

HB: Quais são seus próximos projetos?

VH: Tenho um filme com Susana Vieira, que é uma homenagem aos 60 anos da Globo. Além disso, estou avaliando novos roteiros e projetos para escolher com calma meus próximos passos. Nos últimos meses, tenho recebido convites muito interessantes, tanto para cinema quanto para televisão, e quero me dedicar a projetos que me desafiem artisticamente. Ainda é cedo para revelar detalhes, mas estou animada com o que está por vir.

HB: Como será seu domingo de Oscar?

VH: Não vou à cerimônia, mas estarei em Los Angeles, onde parte da equipe também estará reunida. Muitos de nós vamos acompanhar juntos esse momento tão especial. Queremos celebrar essa conquista, independentemente do resultado, porque o simples fato de estarmos indicados já é uma vitória enorme. Será uma noite de festa e emoção, cercada por amigos e colegas que fizeram parte desse projeto incrível. Estamos organizando um encontro para assistir à premiação juntos e brindar a jornada que percorremos até aqui.

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