Um terço das empresas planeia investir mais de 25 milhões de dólares em Inteligência Artificial, diz BCG
Apesar destas perspetivas de investimento e de a maioria dos executivos (75%) encarar a IA como uma das três principais prioridades para a sua organização, apenas um quarto (25%) afirma que esta gerou valor real para a organização, revelando que há uma oportunidade de capitalização da tecnologia, revela o mais recente estudo da BCG.


Quase um terço (31%) das empresas a nível global planeia investir mais de 25 milhões dólares em Inteligência Artificial (IA) em 2025 para transformar processos centrais nos seus negócios, sendo que, destas, 6% prevê um investimento superior a 100 milhões de dólares, segundo o estudo “BCG AI Radar: From Potential to Profit: Closing the AI Impact Gap”, desenvolvido pela Boston Consulting Group (BCG).
Apesar destas perspetivas de investimento e de a maioria dos executivos (75%) encarar a IA como uma das três principais prioridades para a sua organização, apenas um quarto (25%) afirma que esta gerou valor real para a organização, revelando que há uma oportunidade de capitalização da tecnologia, revela o mais recente estudo da BCG.
“A Inteligência Artificial continua a ser uma prioridade estratégica para muitas empresas. O desafio está em traduzi-la em valor real para o negócio”, afirma Tiago Kullberg, Managing Director e Partner da BCG em Lisboa. “O verdadeiro valor da IA não está na tecnologia, mas na sua aplicação estratégica para transformar processos críticos e acelerar vantagens competitivas”.
O estudo é baseado num inquérito global a 1.803 executivos em 19 mercados e 12 setores sobre a sua perceção em relação à IA.
Riscos da IA
Quando inquiridos sobre os principais riscos que esta tecnologia acarreta, 66% dos gestores executivos identifica aqueles relacionados com privacidade e segurança de dados, 48% sublinha a falta de controlo ou compreensão das decisões tomadas pela IA e 44% destaca os desafios regulatórios e conformidade, segundo a BCG.
Por outro lado, a segurança cibernética continua a ser uma preocupação crítica, com 76% dos executivos a reconhecer que as suas medidas de segurança em IA necessitam de melhorias para que consigam tirar o máximo proveito dela com segurança.
De modo a capitalizar a IA e a conseguir utilizá-la para transformar os processos centrais das organizações, e embora ainda estejam numa fase inicial de implementação, mais de dois terços (67%) dos executivos está a considerar a adoção de agentes autónomos como parte da sua transformação digital. Estes traduzem-se em sistemas de IA que atingem objetivos através da utilização de ferramentas, análise de dados e interação entre sistemas, com mínima intervenção humana.
Ainda assim, e contrariando possíveis receios sobre o impacto da automação no emprego, o estudo revela que 68% dos executivos espera manter a sua atual força laboral, concentrando-se no aumento da produtividade e na capacitação dos colaboradores para responder às exigências da IA. No entanto, menos de um terço das empresas já formou pelo menos um quarto dos seus colaboradores para utilizar com destreza esta tecnologia.
Além disso, 17% dos gestores executivos espera que a IA reconfigure o mercado de trabalho, introduzindo novos cargos para substituir funções redundantes, 8% prevê um aumento da força de trabalho e apenas 7% antecipa uma redução do número de colaboradores devido à automação.
«As empresas líderes em Inteligência Artificial, e que já capitalizam esta tecnologia, destinam mais de 80% dos seus investimentos em IA para reformular funções essenciais e criar novas ofertas, enquanto outras empresas alocam 56% dos seus investimentos a iniciativas de menor escala, focadas na produtividade a curto prazo, segundo o estudo.
Estas organizações também estabelecem objetivos claros de IA e acompanham os impactos financeiros e operacionais. Em oposição, 60% das empresas inquiridas não define nem monitoriza quaisquer indicadores financeiros (KPIs) relacionados com a criação de valor da IA, segundo a BCG.
Além disso, este grupo de organizações foca-se em poucas iniciativas de IA em simultâneo, priorizando, em média, 3,5 casos de uso de IA, em comparação com os 6,1 projetos aos quais as restantes empresas se dedicam ao mesmo tempo. Isto permite-lhes aprofundar o uso da tecnologia e escalá-la de forma mais rápida e precisa para toda a organização, gerando um retorno sobre o investimento (ROI) 2,1 vezes superior ao das concorrentes.
BCG dá cinco estratégias chave para os CEO’s capitalizarem a IA
Para desbloquear o potencial da Inteligência Artificial, as empresas devem adotar uma abordagem prática que permita criar um impacto significativo e acrescentar valor.
Nesta linha, a BCG recomenda cinco estratégias para os CEO’s. Inovar com IA. Os líderes empresarias devem começar por repensar as formas de trabalho e os modelos organizacionais e operacionais, aproveitando a IA para criar novas ofertas e alavancar o negócio.
Depois, priorizar um conjunto restrito de iniciativas. É importante que os executivos se concentrem num conjunto pequeno de iniciativas de IA que tenham maior potencial para que as empresas consigam capitalizar esses projetos, escalá-los de forma rápida e sustentada, e obter um retorno positivo.
Integrar a IA na estratégia da empresa. As lideranças precisam de encarar a implementação da IA como um ponto chave da sua transformação digital, integrando-a na sua estratégia de negócio, monitorizando os resultados e acompanhando de forma rigorosa o valor que esta tecnologia acrescenta à empresa.
Outra estratégia passa por impulsionar a mudança cultural e organizacional. Para integrar a IA em todos os níveis da organização e conseguir capitalizá-la, os líderes têm de reimaginar os fluxos de trabalho, capacitando as equipas para lidar com a tecnologia, e promover uma cultura organizacional assente na inovação através da IA.
Por fim, antecipar tendências. Os CEO’s devem antecipar as tendências de IA, bem como os riscos que as acompanham, definindo estratégias que lhes permitam capitalizar esta tecnologia e traduzi-la em ganhos de valor reais.