The Last of Us: Por que [SPOILER] teve que morrer no 2º episódio?

Desde a primeira temporada de The Last of Us, o universo criado por Neil Druckmann e adaptado por Craig Mazin para a televisão deixou claro que cada escolha tem um peso. Ainda assim, poucos estavam preparados para o que aconteceu no segundo episódio da nova temporada.

Joel Miller, interpretado por Pedro Pascal, é morto ao final do capítulo que foi ao ar nesta semana. Embora esperado por quem conhece o jogo, o momento chegou antes do que muitos imaginavam. E por mais doloroso que tenha sido, essa morte precisava acontecer para que a história seguisse seu curso.

Um ponto de virada essencial

Joel era o centro emocional da primeira temporada. A conexão que estabeleceu com Ellie sustentava não apenas a narrativa, mas o coração da série. No entanto, a adaptação de The Last of Us: Parte II exigia uma mudança de protagonismo. Para que Ellie pudesse assumir de vez o papel principal, a saída de Joel precisava acontecer cedo.

Nos jogos, a estrutura da história é parecida: Joel morre dentro das primeiras duas horas de gameplay e esse acontecimento desencadeia a jornada de vingança de Ellie. Mesmo que doloroso, adiar esse momento comprometeria o ritmo da trama.

Apesar de serem semelhantes, a cena da morte de Joel ganhou novos elementos na versão da HBO. No lugar de Tommy, quem assume a patrulha ao seu lado é Dina. A mudança, que parece pequena, altera a dinâmica do jogo e dá uma motivação real para a personagem seguir Ellie em busca de vingança.

A urgência de contar uma nova história

The Last of Us: Parte II é mais complexo e extenso que o primeiro jogo. Ele explora temas como vingança e o ciclo interminável de violência. Para conseguir adaptar isso com profundidade, a série precisava começar essa fase da história desde cedo.

A escolha de colocar a morte de Joel no segundo episódio reflete essa necessidade. A partir dali, a narrativa se volta totalmente para Ellie e suas escolhas. A jornada que ela vai trilhar é o verdadeiro foco da temporada, e não haveria espaço para isso se Joel continuasse presente por mais tempo.

A decisão criativa não foi tomada de forma leviana. O próprio showrunner Craig Mazin admitiu em entrevista que estava aterrorizado com a responsabilidade de adaptar esse momento. A expectativa era enorme, e o risco de decepcionar os fãs era real.

Segundo ele, a equipe estava ciente do impacto que essa morte causaria, mas acreditava que era necessário seguir com coragem. “Este episódio também me deixa arrasado. Não estamos rindo aqui rindo, estamos com eles”, disse Mazin, em referência à dor dos fãs.

A partir daqui, tudo muda

Agora, Ellie será forçada a lidar com a perda, com a raiva e com a responsabilidade de escolher seus próprios caminhos. Assim como no jogo, é nesse ponto que ela deixa de ser apenas uma sobrevivente e passa a ser protagonista de sua própria tragédia.

The Last of Us é, essencialmente, sobre sentimentos humanos. Sobre o que perdemos, o que escolhemos guardar e o que decidimos destruir. A segunda temporada, assim como a Parte II do jogo, vai mergulhar ainda mais nos ciclos intermináveis de violência causados por responsabilidades distribuídas a nível de uma moral que não existe em um mundo apocalíptico.

É um universo onde não existe uma verdade absoluta, apenas reações moldadas por perdas, afetos e traumas. O ciclo que se estabelece no universo de The Last of Us é um espelho direto da conduta humana quando todas as estruturas desabam. E é nesse espelho que a narratica encontra sua força.

A morte precoce de Joel choca, mas também estrutura. Ela é o alicerce sobre o qual se constrói o restante da história e, embora doa, também é necessária para que The Last of Us continue sendo, acima de tudo, uma história sobre escolhas e consequências.

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