Suspensão do Playce é “uma guerra a que assistimos com pena”, diz Pedro Morais Leitão

O Playce “é um assunto em curso entre a Autoridade da Concorrência e as operadoras de telecomunicações. É uma guerra deles e a que assistimos com alguma pena, mas que acho que tem que se resolver”, respondeu Pedro Morais Leitão, CEO da Media Capital, na 10ª edição do Encontro de Produtores Independentes de Televisão, que […]

Mai 8, 2025 - 14:06
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Suspensão do Playce é “uma guerra a que assistimos com pena”, diz Pedro Morais Leitão

Pedro Morais Leitão (Media Capital), Francisco Pedro Balsemão (Impresa), Nicolau Santos (RTP) e Carla Borges Ferreira (+M / ECO)

O Playce “é um assunto em curso entre a Autoridade da Concorrência e as operadoras de telecomunicações. É uma guerra deles e a que assistimos com alguma pena, mas que acho que tem que se resolver”, respondeu Pedro Morais Leitão, CEO da Media Capital, na 10ª edição do Encontro de Produtores Independentes de Televisão, que está a decorrer esta quinta-feira, num painel que pela primeira vez juntou os CEO dos grupos de media.

Já Francisco Pedro Balsemão, CEO do Grupo Impresa, avançou que a posição do grupo dono da SIC tem sido a de que o Playce devia ter contado com as operadoras free-to-air (em sinal aberto) desde o primeiro dia. “Sabemos melhor que ninguém explorar os nossos conteúdos e achamos que o Playce deve ter esse mesmo conceito. Os conteúdos são nossos, somos nós que devemos explorá-los“, disse.

Queremos fazer parte da solução. Mas é preciso, primeiro, que o tema se resolva“, afirmou no debate “Posicionamento dos Media no Futuro Global”, referindo também que “ainda há muita água para correr debaixo da ponte” em relação a este tema.

Quanto aos impactos económicos desta suspensão, Pedro Morais Leitão defendeu que, “tal como está configurado neste momento” o Playce não consistia numa fonte de financiamento relevante para os operadores de televisão. “Era uma operação totalmente controlada pelas operadoras de telecomunicações e à qual nós tínhamos acesso a uma parte das receitas muito limitada“, afirmou no painel que juntou os CEO dos grupos de media.

Por seu lado, Francisco Pedro Balsemão adiantou que a Impresa já tinha orçamentado um valor para 2025 em relação às receitas oriundas do Playce, pelo que agora, sem acesso a esse valor, “já foi dada instrução às equipas comerciais para conseguirem captar esses valores de outra forma”.

Recorde-se que, como avançou o +M, o Playce, plataforma agregadora de publicidade endereçada disponibilizada através do Meo, Nos e Vodafone, foi suspenso a partir do dia 1 de maio, fruto de uma decisão que resultou de uma nota de ilicitude da Autoridade da Concorrência (AdC). Isto significa que terminaram os 30 segundos de publicidade nas gravações, sistema que tinha vindo a ganhar, pela sua eficácia, escala junto dos anunciantes.

A suspensão do Playce ocorreu tendo em conta que a AdC abriu um processo pelo que considera serem práticas anticoncorrênciais nos 30 segundos de publicidade que antecedem as gravações de programas nas boxes dos operadores, o Playce terá respondido, mas uma decisão final do regulador só seria esperada mais perto do final do ano. A suspensão do serviço antecedeu assim o que as operadoras receavam vir a ser o desfecho deste processo.

Já em 2021, recorde-se, as operadoras Meo, Nos e Vodafone – bem como a consultora Accenture, responsável pelo suporte tecnológico e operacional do Playce – foram acusadas pela AdC de terem feito um “acordo anticoncorrencial nos serviços de televisão por subscrição”. Em causa estava o facto de, através do Playce, os consumidores serem obrigados a ver os anúncios, com um máximo de 30 segundos e que não dão para passar à frente, como “condição de acesso” às gravações das boxes.

Em abril do ano passado, a plataforma contava com mais de 400 anunciantes, embora o nível de investimento ainda não fosse o desejado, referia João Epifânio, na altura porta-voz do projeto lançado comercialmente em setembro de 2020.