Superapp: a obsessão das big techs pelo "aplicativo de tudo"

Elon Musk e Sam Altman brigam para fazer de seus apps o próximo superapp global, que reunirá redes sociais, compras, e entretenimento Superapp: a obsessão das big techs pelo "aplicativo de tudo"

Mai 12, 2025 - 21:14
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Superapp: a obsessão das big techs pelo "aplicativo de tudo"

Um superapp, ou everything app (aplicativo de tudo), é um aplicativo que reúne diversas funcionalidades diferentes, a fim de atender todas as necessidades de um usuário; a ideia é não permitir que ele saia da aplicação para nada. Temos vários exemplos de apps do tipo, onde o mais famoso é o WeChat, e sua versão localizada para o mercado chinês, Weixin.

Idealmente, um superapp deve fornecer serviços de rede social (texto, vídeo, fotos), mensageiro instantâneo, pagamentos móveis, games, feed de notícias, streaming, broadcasting, videoconferência, compartilhamento de localização, e alguns até contam com ferramentas corporativas B2B e B2C, pacote completo.

Algo assim (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

Algo assim (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

Com 1,38 bilhão de usuários, o WeChat é hoje o superapp mais popular do mundo, mas por vir da China, ele incomoda as cabeças pensantes do Vale do Silício há anos, por não serem os primeiros a bolarem tal coisa, algo que Elon Musk e Sam Altman querem mudar. E claro, os ex-amigos estão disputando uma corrida pelo primeiro superapp ocidental de sucesso massivo em todo o globo.

X, World, e o 1.º superapp Made in USA

O termo "superapp" e a expressão everything app foram usados originalmente para descrever o WeChat, desenvolvido pela gigante chinesa Tencent, que hoje é usado por mais de 90% da população do País do Meio, onde seu único concorrente sério é o Alipay, da rival Alibaba. Ambos oferecem uma game gigante de serviços em seu país natal, cobrindo até mesmo marcação de consultas médicas.

Desenvolvedores também podem usar ambas plataformas para compartilhar seus apps e games, na forma de mini-apps, ou "apps dentro do app" principal. As duas companhias concentram um grande fluxo de receita e dados, e compartilham tudo com o governo, no que o WeChat foi duramente criticado pela Anistia Internacional, por não oferecer criptografia (lembrando que ele está disponível no resto do mundo). A plataforma da Tencent quase foi banida nos Estados Unidos com o TikTok, vale lembrar.

O fato do WeChat ser tão bem-sucedido sempre incomodou as big techs norte-americanas, por estas não terem pensado em nada parecido antes da Tencent e Alibaba, além de outras companhias da Índia, Indonésia e Singapura, que possuem plataformas semelhantes. E não é segredo que Elon Musk persegue essa ideia há anos, desde o tempo da "máfia do PayPal", empresa fundada em 1999 quando sua X.com se fundiu à Confinity de Peter Thiel.

Musk tinha uma visão para fazer do PayPal algo além do que o X original e a Confinity eram, como processadoras financeiras, e tornar o novo empreendimento uma plataforma para mais funções. Isso até pode ser considerado como um rascunho do que seria o conceito de um superapp, que só tomaria a forma vislumbrada pelo executivo pelas mãos da Tencent.

A compra do Twitter, hoje X, foi movida principalmente pelo desejo de Musk de rivalizar o WeChat e apps similares, e desde então a rede social vem agregando uma penca de funcionalidades novas, como streaming de vídeo, publicação de artigos, e criação de comunidades, todos obviamente atrelados ao plano de assinatura, mas recentemente, o bilionário anunciou uma parceria com a Visa para a criação de uma carteira virtual dentro do app, e viabilizar pagamentos tal qual o WeChat.

Além da dominância em IA, Elon Musk e Sam Altman estão brigando para decidir quem terá o primeiro superapp americano de sucesso (Crédito: Michael M. Santiago/Nordin Catic/Getty Images/Tyler Le/Business Insider)

Além da dominância em IA, Elon Musk e Sam Altman estão brigando para decidir quem terá o primeiro superapp americano de sucesso (Crédito: Michael M. Santiago/Nordin Catic/Getty Images/Tyler Le/Business Insider)

Agora, Musk tem que lidar não só com chineses, mas com seu desafeto Sam Altman, CEO da OpenAI, que também está investindo em um superapp próprio chamado World, já disponível.

A plataforma desenvolvida plea empresa Tools for Humanity, da qual Altman é co-fundador e presidente, introduziu uma nova criptomoeda (claro, por que não?) chamada Worldcoin, distribuída a pessoas que criarem um perfil verificado dentro do app através do escaneamento da íris, atividade proibida no Brasil pela ANPD (Agência Nacional de Proteção de Dados); aqui, os cadastrados recebiam R$ 600 pela coleta de dados.

O World possui a mesma proposta do Twitter pós-Musk: oferecer uma carteira de cripto ativos, rede social, sistema de pagamentos (também com apoio da Visa), e plataforma de mini-apps que o aplicativo rival ainda não possui (e nunca foi mencionado se a funcionalidade será implementada), mas é algo que WeChat, Alipay e outros incorporaram há tempos.

A diferença principal do World em relação ao X, o processo de criação de um perfil está ligado ao escaneamento da íris, o que confere uma verificação via blockchain, ou seja, uma garantia de que cada usuário ali é um humano real; a rede social de Musk, por outro lado, sofre há anos com bots e perfis falsos, que o sistema atual, onde qualquer um pode pagar para ter um selinho azul ou dourado, não garante nada.

Isso foi devidamente zoado pelo Tumblr, inclusive.

Desenvolvido pela Tencent, o WeChat é o superapp com mais usuários do mundo (Crédito: Reprodução/acervo internet)

Desenvolvido pela Tencent, o WeChat é o superapp com mais usuários do mundo (Crédito: Reprodução/acervo internet)

O Meta também tem planos para lançar um superapp próprio, fazendo do Meta AI um standalone separado de suas redes, nas quais a ferramenta continuará integrada. Segundo Chris Cox, gerente de Produto da companhia, a ideia é oferecer uma solução separada a pessoas que fazem uso pesado da ferramenta dentro do Facebook, Instagram e outros, e uni-lo a funções como feed e comunicação sociais.

No futuro, o Meta pretende adicionar um plano premium e anúncios ao Meta AI, mas ainda não está claro se ele terá mais funções que o fariam ser considerado um superapp, nem se ele será posicionado para concorrer com WeChat, World, e X.

Fonte: The Verge

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