Shein incentiva produção no Vietname devido às tarifas e fábricas na China já sentem o impacto

A ascensão meteórica da Shein, gigante chinesa de fast fashion, foi tão marcante para a economia de aldeias industriais nos arredores de Guangzhou, na China, que estas passaram a ser conhecidas informalmente como “aldeias Shein”. No entanto, o cenário parece estar a mudar no meio da guerra comercial desencadeada pelas tarifas impostas por Donald Trump.

Depois de ter construído um império de mais de 30 mil milhões de dólares por ano com base na sua estratégia de preços baixos, marketing agressivo e regras comerciais vantajosas – como a isenção “de minimis” (pequenas encomendas) nos EUA e uma cadeia de fornecimento centrada em centenas de pequenas fábricas que respondem, em tempo real, às tendências globais de consumo -, a retalhista vê agora necessidade de mudar da China para o Vietname para contornar as tarifas.

Segundo reporta a agência Reuters, o ambiente de incerteza está a afetar empresários e fornecedores chineses que admitem que as encomendas da Shein têm vindo a diminuir, devido à diversificação da produção movida para o Vietname.

“O impacto é bastante óbvio”, comentou o proprietário de fábrica, Li, que trabalha com a Shein há cinco anos e viu as encomendas caírem 50% este ano. “As tarifas não são algo com fim à vista e não sabemos o que vai acontecer a seguir”, apontou.

A retalhista chinesa enfrenta atualmente tarifas de 145% e já não tem o benefício da isenção “de minimis” por encomendas com origem na China, o que levanta dúvidas sobre a sustentabilidade do seu modelo baseado em produção rápida e barata no sul do país.

Num comunicado à Reuters, a Shein negou estar a transferir a produção para fora da China, referindo o crescimento do número de fornecedores locais — de 5.800 para 7.000. No entanto, não respondeu sobre os incentivos dados a grandes fornecedores para expandirem operações no Vietname.