Selic sobe a 14,75% ao ano: Onde investir em renda fixa, ações, fundos e no exterior?

Saiba como o aperto monetário impacta os investimentos e o que analistas recomendam em cada classe de ativos The post Selic sobe a 14,75% ao ano: Onde investir em renda fixa, ações, fundos e no exterior? appeared first on InfoMoney.

Mai 8, 2025 - 00:16
 0
Selic sobe a 14,75% ao ano: Onde investir em renda fixa, ações, fundos e no exterior?

A Selic subiu para 14,75% ao ano nesta quarta-feira (7), por decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom). O Banco Central tinha sinalizado o movimento na reunião de março do Copom, e o mercado vinha precificando os impactos do aperto monetário. Porém, a efetivação da alta guarda consequências ainda desconhecidas na curva de juros, atividade econômica e balanços das empresas, o pode mudar o jeito como os investidores planejam suas alocações de recursos. 

Especialistas entrevistados pelo InfoMoney dizem que “a renda fixa segue como uma das opções mais interessantes para investidores”, mas a Bolsa também “tem condições de manter sua trajetória de alta”. Nos fundos imobiliários, os FIIs de papel devem se beneficiar no curto prazo, enquanto “a seletividade e diversificação devem continuar sendo a tônica” nos fundos de investimento, segundo Clara Sodré, analista de fundos da XP.

Leia também: Quanto R$ 1 milhão passa a render em renda fixa com a Selic a 14,75%?

Veja onde estão as oportunidades em cada classe de ativos, agora que a Selic está em 14,75% ao ano: 

Títulos públicos

No Tesouro Direto, os pós-fixados – Tesouro Selic – e indexados à inflação – Tesouro IPCA+ – seguem como escolhas “óbvias”. Luise Coutinho, Head de Produtos e Alocação da HCI Advisors, diz que investir no Tesouro Selic “é uma forma de acompanhar esse movimento (de alta dos juros) com menor exposição a risco” e comprar os títulos do Tesouro IPCA+ “são um dos melhores veículos para preservar o poder de compra ao longo do tempo com retornos consistentes”. 

No entanto, os prefixados estão ganhando espaço nas recomendações. Isto porque o mercado já enxerga e precifica um ciclo de cortes da Selic, movimento que faz o indexador mais arriscado ganhar atratividade. “Quando um ciclo de aperto termina, chega o momento dos prefixados”, diz Ian Lima, gestor de renda fixa da Inter Asset. Apesar de gostar do momento para comprar prefixados, ele recomenda uma “composição mista”, com o Tesouro IPCA+.

Crédito privado 

Enquanto os spreads (prêmio na comparação com títulos públicos) seguem comprimidos, Ricardo Schweitzer, sócio da Garoa Wealth Management, diz preferir os títulos públicos e afirma que vai alocar o estoque de risco dos clientes em “ativos com melhor relação entre risco e retorno”. 

Já Marianne Moraes, gestora de crédito privado, FI-Infra e Fiagro da Inter Asset, diz que “o mercado de crédito privado ainda tem boas oportunidades, mas é preciso ser seletivo e cuidadoso”. Ela diz que os fundos de crédito privado alocados principalmente em pós-fixados terão melhora no carrego com a alta da Selic e vê as debêntures incentivadas ainda “no páreo” com os juros altos e isenção de Imposto de Renda como atrativos. 

Um dos cuidados necessários, segundo a especialista, é com o vencimento dos papéis: “o alongamento indiscriminado de duration (prazo médio de recebimento dos títulos) em busca de elevação pontual do carrego do portfólio deve ser evitado, especialmente em cenários de incertezas macroeconômicas. 

Ações

Além da interpretação sobre esta Super Quarta, o fôlego do Ibovespa, que saiu dos 123 mil pontos para alcançar os 133 mil pontos no último mês, depende da combinação entre estabilidade política, resultados corporativos e expectativa inflacionária controlada, segundo Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos. Regis Chinchila, analista da Terra Investimentos, ainda acrescenta o fluxo estrangeiro e sinalizações de estabilidade dos juros nos Estados Unidos à lista de fatores que podem manter a trajetória de alta da Bolsa brasileira. 

Do lado das pressões, Matheus Amaral, especialista em Renda Variável do Inter, cita o risco fiscal e o juro elevado, “que pode impactar os balanços em 2025, apesar do mercado estar antecipando o fim do ciclo de alta”. 

Leia também: As ações mais indicadas para maio: Banco do Brasil (BBAS3) volta à lista 

Entre as recomendações dos especialistas, os destaques estão nos setores de commodities, energia, bancos e seguros. Entre as elétricas, Fernando Camargo Luiz gestor da Trópico Investimentos, recomenda Cemig (CMIG4) e Isa Energia (ISAE4), destacando os contratos indexados ao IPCA que mitigam a alta dos custos e “garantem fluxo previsível”. Nas commodities, Chinchila destaca a Vale (VALE3), que tem “valuation muito atrativo, mesmo com menor demanda chinesa”. 

Fundos imobiliários

No curto prazo, os fundos de papel – aqueles que investem em títulos ligados ao mercado imobiliário – devem se beneficiar com o aumento da taxa básica de juros. Isto porque seus portfólios são compostos, em sua maioria, por CRIs indexados ao CDI e ao IPCA, segundo Isabella Pereira de Almeida, analista da Rio Bravo. “Atualmente, os fundos de CRI negociam no mercado secundário com um desconto médio de 9% em comparação ao valor patrimonial, o que também indica um potencial de valorização das cotas nesse mercado”, disse.

Já no médio e longo prazo, os fundos de tijolo, que investem diretamente em imóveis físicos, apresentam maior potencial de valorização, explicou Isabella. “Os FIIs de tijolo estão sendo negociados no mercado secundário com um desconto médio de 18%, podendo chegar a quase 40%, a depender do setor. Considerando que se trata de um portfólio de ativos performados e locados, o potencial de retorno total com esse investimento é muito alto”.

Leia também: Fundos imobiliários high grade são os favoritos das corretoras para investir em maio

Para Felipe Sant’Anna, especialista do grupo Axia Investing, a análise criteriosa do fundo imobiliário é essencial antes de investir. “É fundamental entender o setor no qual o fundo investe, saber quem são os inquilinos, se estão em dia com os pagamentos, se os contratos vencem no curto prazo e qual é o grau de diversificação do fundo”, disse. 

Fundos de investimento

Os investimentos em fundos de renda fixa pós-fixados e multimercados com abordagem mais defensiva tendem a ter desempenho melhor em um cenário de Selic em alta. Já os fundos de renda variável podem ser aconselhados, mas dependem de uma composição de estratégias diversificadas, explica Clara Sodré, analista de fundos da XP. 

Os fundos pós-fixados, especialmente aqueles atrelados ao CDI, podem trazer retornos com taxas próximas ou acima de 1,1% ao mês, afirma Di Mattina, da Hike Capital. Isso faz com que muitos investidores migrem de produtos de maior risco para fundos mais conservadores, em busca de proteção e retorno. Já os fundos prefixados e indexados à inflação enfrentam maior volatilidade. Isto porque a elevação da Selic empurra os juros futuros para cima, reduzindo o valor dos títulos na marcação a mercado, explica Gustavo Harada, head de alocação da Blackbird Investimentos. 

“A seletividade e diversificação devem continuar sendo a tônica. Se houver sinalização de fim do ciclo de alta ou possível queda adiante, isso pode impulsionar a busca por ativos de risco, como multimercados e ações. Por isso, é essencial monitorar o cenário e manter a carteira alinhada com o perfil e horizonte do investidor”, diz Clara.

Investimento no exterior

A elevação dos juros no Brasil e a manutenção das taxas nos EUA podem criar a impressão de que os investimentos domésticos são suficientes, especialmente quando ativos como títulos públicos e CDBs oferecem retornos atrativos com baixo risco. No entanto, segundo Lara Rates, sócia da One Investimentos, essa visão desconsidera o impacto da inflação e da desvalorização cambial, o que pode causar uma falsa sensação de segurança e ganho real.

“A escolha entre Selic ou dólar não precisa ser excludente. Embora a Selic ofereça uma rentabilidade de 13% ao ano, se o dólar se valoriza 30% no mesmo período, seu patrimônio em reais perde poder de compra perante o resto do mundo. Investir no exterior, mesmo com juros altos no Brasil, não significa abrir mão de bons retornos domésticos. Pelo contrário, é uma forma de preservar o poder de compra e garantir diversificação”, disse.

Leia também: Diversificação em dólar: 9 ações gringas para investir em maio

Há diversas formas de dolarizar o patrimônio. Segundo Luciana Maia Campos Machado, professora de Finanças da Fipecapi, na renda fixa, os títulos públicos dos EUA, conhecidos como Treasuries, “oferecem segurança e retornos competitivos”. Já na renda variável, setores como tecnologia e energia podem ser uma boa pedida. “Entretanto, é aconselhável considerar uma exposição mais ampla, incluindo small caps e índices menos concentrados, para equilibrar o risco e o retorno.”

The post Selic sobe a 14,75% ao ano: Onde investir em renda fixa, ações, fundos e no exterior? appeared first on InfoMoney.