Saiba Como os Azeites Borriello e Bem-te-Vi Estão Unindo Terroirs para Fazer Escala

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo. Carla Borriello, produtora paulista, e Michelle Sapiras, gaúcha, contam os detalhes de uma aliança para ampliar a produção e conquistar novos mercados O post Saiba Como os Azeites Borriello e Bem-te-Vi Estão Unindo Terroirs para Fazer Escala apareceu primeiro em Forbes Brasil.

Mai 7, 2025 - 12:25
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Saiba Como os Azeites Borriello e Bem-te-Vi Estão Unindo Terroirs para Fazer Escala

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

 

 

Se a escala é a alma do negócio, duas produtoras de azeite, a paulista Carla Borriello e a gaúcha Michelle Sapiras, estão atrás desse mantra. Donas das empresas produtoras Borriello e Bem-Te-Vi, respectivamente, elas agora vão caminhar juntas em um novo projeto batizado de BB Brasil Azeites, em busca do que os terroirs dizem sobre aquilo que produzem. Com a sociedade, a meta é faturar R$ 1,2 milhão em 2025.

“Ficamos namorando a ideia de nos juntarmos durante uns três anos”, conta Carla, que fundou a Borriello em 2007 a partir da produção da fazenda Três Barras Castanhal, de 200 hectares no município mineiro de Andradas, localizado a quase 500 quilômetros de Belo Horizonte. No ano passado, o negócio de Carla faturou R$ 700 mil.

“Eu e a Carla descobrimos que tínhamos dores semelhantes nos dois negócios. Estamos bem animadas porque somos mulheres insistindo num projeto de olivicultura no Brasil”, conta Michelle, que criou a Bem-Te-Vi em 2017. A produção na fazenda Don Marco, de 20 hectares no município gaúcho de Encruzilhada do Sul, a 170 quilômetros de Porto Alegre, rendeu R$ 400 mil no ano passado. A quase 1.500 quilômetros uma da outra, Andradas e Encruzilhada do Sul têm em comum as montanhas, uma na Serra da Mantiqueira e outra na Serra do Sudeste.

A junção dos dois projetos representa mais que o nascimento de uma nova marca. Ela é a tradução de um movimento de expansão da olivicultura brasileira. Em 2024, a produção de azeite no país foi de cerca de 400 mil litros, concentrada justamente nesses dois pólos: o Rio Grande do Sul e a região da Serra da Mantiqueira, que se estende também para o estado de São Paulo. E ainda é muito baixa para a atual demanda.

Vale registrar que a primeira extração de azeite extravirgem no país ocorreu em 2008, coordenada pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), no campo experimental de Maria da Fé, município a 180 quilômetros de Andradas. Não por acaso, o Brasil continua importando muito. No ano passado foram 78,1 mil toneladas por US$ 783,7 milhões (R$ 4,5 bilhões na cotação atual), com destaque para o azeite português.

Getty Images

A produção de azeites premium no Brasil ainda é discreta

No mundo dos azeites premium, Carla e Michelle não estão sozinhas. Elas caminham pareadas com projetos de destaque em produtos premium, como as marcas Sabiá, Prosperato, Mantikir, Estância das Oliveiras, Essenza, entre outras, inclusive nos prêmios. Por exemplo, o azeite Bem-Te-Vi ficou entre os melhores do hemisfério Sul, alcançando 85 pontos (que vai até os 100) no Flos Olei de 2024, um guia italiano que destaca as 500 melhores marcas do mundo de azeites extravirgens. Borriello também aparece neste guia nos anos de 2016 e 2019.

Embora os prêmios sejam importantes, a meta para Carla é fazer a marca BB Brasil Azeites ganhar relevância no mercado interno. “Vamos mostrar ainda mais que o Brasil consegue sim fazer um azeite de qualidade”, diz ela. Em conjunto, as produtoras esperam produzir 6 mil litros de azeite em 2025, sendo 800 litros na Serra da Mantiqueira e 5.200 litros na Serra do Sudeste, que faz parte dos Pampas Gaúchos.

Para Ana Beloto, uma das principais sommeliers de azeites, consultora da Borriello e destaque na Lista Forbes das 100 Mulheres Poderosas do Agro, Carla e Michelle estão no caminho certo. “Essa é a expressão pura de dois terroirs muito importantes e significativos de produção de azeite no Brasil: a Serra da Mantiqueira e os Pampas Gaúchos”, diz Ana.

Como essa história do azeite começou

O encontro dos dois terroirs e da sommelier é quase uma saga.  Com a Borriello, que começou produzindo azeites a partir de 700 mudas de oliveiras, Carla não tinha intenção de “virar negócio”. Na época, ela, que é advogada de formação, trabalhava no Citibank. Mas em 2013, a colheita rendeu 800 litros de azeite e virou a chave de sua cabeça. “Todo mundo que provava, elogiava. Foi um lote que saiu muito fresco e então decidi me dedicar”. A partir daí, a Borriello nunca foi a mesma.

Com uma máquina de extração de azeite comprada na Itália, e a meta de plantar mudas todos os anos até chegar a 6 mil árvores, a produção de Carla cresceu e passou a chamar a atenção do mercado, entre eles negócios como o Santa Luzia, na capital paulista. “No começo, as pessoas me perguntavam ‘é azeite do Brasil? e é você que produz?’”, conta Carla. Mas ela queria ir além e foi daí que começou a mostrar seu azeite também em feiras. De tanto participar desse tipo de evento, em um deles – uma inusitada feira de orquídeas em Minas Gerais– seu caminho se cruzou com o de Ana Belotto.

Divulgação - Epamig

Ana Beloto foi a pivô do encontro entre as produtoras de azeite Carla e Michelle

“Estava em uma feira de orquídeas e vejo uma banquinha de azeites. Aí fui lá conversar. O azeite realmente une as pessoas em locais mais diversos”, conta Ana. Alguns dias depois desse encontro, elas não eram mais somente duas mulheres apaixonadas por azeites: começava ali uma outra história. Ana foi contratada por Carla para fazer os blends dos azeites da Borriello. Mas essa história ainda não termina aqui.

Em 2022, em uma expedição para conhecer os azeites produzidos no Rio Grande do Sul, Ana conheceu a Michelle. E conta que foi uma aventura: “Caiu uma tempestade na região de Encruzilhada e eu não tinha como voltar para casa. Quem me abrigou por três dias foi a Michelle. A cada conversa nossa eu pensava ‘Michelle precisa conhecer a Carla’”.  Ana foi a pivô do encontro entre as duas.

A história de Michelle começa em 2017, na época uma recém-chegada ao mundo da olivicultura depois de uma decisão radical. Com 25 anos atuando no setor de embalagens, ela diz que sentia falta de um outro tipo de vida, como estar mais em contato com o campo. Por isso decidiu entrar no agro. “Mas eu não queria produzir uma commodity. Então, fui estudar cultivo de uvas, frutas vermelhas e mirtilo, que acabei plantando depois. Mas quando conheci o olival de uma empresa em Cachoeira do Sul foi mágico”, conta.

Divulgação - Borriello

O novo rótulo estará disponível para consumidores a partir de maio

A propriedade comprada naquele ano sem um pé de oliva, ganhou rapidamente 5 mil mudas de oliveiras de seis variedades — arbequina, koroneiki, coratina, arbosana, manzanilla e moraiolo — que cinco anos depois resultaram em 45 toneladas de olivas, o dobro do que era esperado. “Era muita azeitona”, diz ela. “Os galhos tombavam de frutos e, sem exagero, a gente colhia sentados e tomando chimarrão”, brinca ela. Foi nesse ano que Carla e Michelle se conheceram.

Agora, o futuro das duas como administradoras da BB Brasil Azeites está pronto para começar. Com olivas dos dois terroirs, o azeite processado e estocado aguarda a chegada ao país das garrafas produzidas na Itália. A estimativa é que novo rótulo esteja nas prateleiras a partir deste mês de maio.

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