[Review] Days Gone Remastered é uma ode às segundas chances
Às vezes, um jogo só precisa de tempo. Às vezes, precisa de silêncio. E às vezes, como Deacon St. John, ele só precisa de uma segunda chance. Certas jornadas não nascem prontas para serem compreendidas. Algumas precisam de tempo, de amadurecimento – e de uma nova chance. Days Gone Remastered não tenta reinventar a roda, […] Fonte: [Review] Days Gone Remastered é uma ode às segundas chances">Legião dos Heróis.
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Às vezes, um jogo só precisa de tempo. Às vezes, precisa de silêncio. E às vezes, como Deacon St. John, ele só precisa de uma segunda chance.
Certas jornadas não nascem prontas para serem compreendidas. Algumas precisam de tempo, de amadurecimento – e de uma nova chance. Days Gone Remastered não tenta reinventar a roda, mas convida a uma viagem repaginada por um dos mundos abertos mais subestimados da geração passada. Desta vez, a estrada é mais bonita, mais fluida, mais intensa. Mas o coração da viagem continua o mesmo: sujo, vulnerável e emocionalmente humano.
Lançado em 2019, Days Gone foi injustamente rotulado como mais um “clone de The Last of Us” com moto. Mas, no fundo, ele sempre foi algo diferente — e deliciosamente ousado. É uma história sobre seguir em frente quando nada mais faz sentido. Sobre amar alguém que talvez nem exista mais. Sobre não desistir. E se em 2019 isso parecia um tiro fora de alvo, em 2025 soa como uma trágica e relevante poesia.
FICHA TÉCNICA
Título: Days Gone Remastered
Data de Lançamento: 25 de abril de 2025
Plataformas: PlayStation 5, Windows PC
Gênero: Ação e Aventura
Desenvolvedora: Bend Studio
Qtde. Jogadores: 1
Class. indicativa: 18 anos
Tradução PT/BR: Texto e dublagem
Visualmente, a remasterização cumpre o que promete. A versão para PS5 aprimora não apenas a nitidez e taxa de quadros, mas aprimora a densidade atmosférica desse Oregon pós-apocalíptico sujo de graxa. A chuva agora parece mais cortante, os pores do sol mais trágicos. A natureza respira com profundidade e te sufoca em sua beleza letal.
Mas o que mais impressiona não é a fidelidade gráfica em si e sim o quanto ela colabora com a imersão emocional. Days Gone nunca foi sobre gráficos; é uma jornada sobre ausência, perda e a crueza de continuar quando tudo já se foi. Ver isso com essa nova textura só reforça o quanto ele sempre foi um jogo à frente do tempo… e, talvez, lançado na hora errada.
A experiência com o DualSense eleva cada aceleração, cada engasgo da moto, cada disparo hesitante. A resistência dos gatilhos traz um realismo visceral que encaixa perfeitamente na proposta crua do jogo. É como se a própria máquina de Deacon, sua companheira silenciosa, agora falasse com você — e grunhisse em dor ao atravessar o mundo quebrado.
É fácil subestimar Deacon. E talvez por isso o jogo tenha sido subestimado também. Mas o que torna Days Gone especial não é sua ação, nem sua ambientação — é o tipo de humanidade imperfeita que ele exala. Deacon não é um herói padrão. Ele é um homem quebrado, guiado por amor, raiva, luto. E isso, agora, transparece com mais nitidez.
No embalo do áudio 3D, cada respiração dele ecoa com peso. O silêncio nas rádios, o ronco da moto, o estalo distante de galhos quebrando ao longe: tudo agora tem presença. O jogo se tornou menos sobre mirar e atirar — e mais sobre escutar.
O modo Morte Permanente é brutal, mas é perfeito para quem entendeu o jogo não como um mundo a dominar, e sim a sobreviver. Morrer e recomeçar não são punições — são reafirmações da proposta narrativa. Já o Assalto das Hordas, com seu toque arcade, mostra que sim: Days Gone pode ser frenético, estiloso e puramente divertido, sem perder sua alma.
Há um senso de ironia nisso: o jogo mais melancólico da Bend Studio, agora mais divertido do que nunca. Mas a melancolia permanece como deveria, devorando cada minuto dessa jornada.
Days Gone Remastered é um caso estranho: ao mesmo tempo que não era necessário um remaster para um game de 2018, assim como aconteceu com Horizon e TLOU, dessa vez o projeto merecia uma nova chance de brilhar, então é mais justificável. Não torna essa prática da PlayStation mais digerível, no entanto.
No entanto, é inegável também que esse remaster, seguindo muitos clamores dos fãs, funciona como uma revalorização de uma obra que tinha muito a dizer, mas que só agora possui clareza e contexto técnico para ser ouvida. É uma experiência para se saborear com calma, com cicatrizes à mostra, e com o motor da moto roncando sob o pôr do sol.
Assim, para a Legião, o remaster de Days Gone é um ótimo 8. Na garupa do Deacon o destino é violento, porém extremamente divertido.
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