[Review] Clair Obscur: Expedition 33 te convida para um espetáculo artístico e nostálgico
O primeiro projeto da Sandfall Interactive é deliciosamente apaixonante Quando você começou a interagir com videogames, o que te fazia se apaixonar por um título? Grandes sequências de ação e personagens carismáticos? Mundos gloriosos e perigosos prontos para serem desvendados? O desafio de dominar certas fases e mecânicas que parecem impossíveis, só para se vangloriar […] Fonte: [Review] Clair Obscur: Expedition 33 te convida para um espetáculo artístico e nostálgico">Legião dos Heróis.
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O primeiro projeto da Sandfall Interactive é deliciosamente apaixonante
Quando você começou a interagir com videogames, o que te fazia se apaixonar por um título? Grandes sequências de ação e personagens carismáticos? Mundos gloriosos e perigosos prontos para serem desvendados? O desafio de dominar certas fases e mecânicas que parecem impossíveis, só para se vangloriar para os colegas depois? Histórias surpreendentes e emocionantes que te fisgam tão forte que nunca mais deixam sua memória? Todo amante de jogos possui um desejo específico que o levou ao escapismo digital e Clair Obscur: Expedition 33, primeiro e brilhante projeto da Sandfall Interactive, me fez revisitar o meu e provavelmente fará o mesmo com você.
Trailers bombásticos à parte, Clair Obscur é um game peculiar em toda a sua idealização: é o primeiro trabalho de um estúdio, mas conta com uma ambição e execução dignas de jogos AAA. O estúdio francês apostou em uma história grandiosa, com conceitos complexos, mas nada clichês, sistema de combate e exploração nostálgicos, porém inovadores e desafiadores, elenco de dublagem glorioso e uma direção artística e sonora digna dos RPGs mais celebrados da história. Como isso aconteceu? Não sei, mas estou muito, muito satisfeito e feliz por ter testado esse game.
FICHA TÉCNICA
Título: Clair Obscur: Expedition 33
Data de Lançamento: 24 de abril de 2025
Plataformas: PlayStation 5, Xbox Series X|S, Windows PC
Gênero: RPG de Turnos
Desenvolvedora: Sandfall Interactive
Qtde. Jogadores: 1
Class. indicativa: 18 anos
Tradução PT/BR: Apenas texto
A primeira coisa que te pega em Expedition 33 é o quão visualmente estonteante essa experiência é. Da estética francesa belle époque tecno-mágica, ao uso de cores, iluminação e enquadramentos, o game confecciona um espaço que parece saído de um musical clássico e vibrante, icônico desde o início. Um mundo decadente, mas belo; distópico, mas esperançoso. A dicotomia entre estranheza e elegância, grotesco e encantamento está presente em cada canto desse universo, nos personagens, nas músicas, nas batalhas, na história. O mundo de Lumière é melancólico e estonteante na mesma medida e você se sente capturado por essa visão até os créditos finais.
Isso funciona porque Clair Obscur é extremamente seguro de si ao entregar sua aventura ao jogador. Existe uma certeza palpável no game do que ele é, suas referências e o que você pode esperar. A partir do momento em que o jogador vê o mapa do continente pela primeira vez, não há dúvidas das intenções dos desenvolvedores: esse é um RPG com gosto de clássico, que invoca o melhor tipo de nostalgia, poderia existir entre os melhores do PlayStation 1 e 2, mas também só poderia ser feito hoje — com mecânicas atualizadas ou totalmente novas, mas traçadas pela experiência de quem realmente gosta do tipo de história que está tentando contar.
Saindo um pouco do subjetivo, Clair Obscur experimenta com o sistema de batalhas em turno, trazendo inspirações claras em Persona, Dark Souls e do ótimo, porém subestimado, The Legend of Dragoon, incrementando sistemas em tempo real de esquiva e aparar, além de sequências de botões para completar seus combos, aprimorando o ritmo e dinamismo do combate. O game também traz outro favorito do passado de volta: o “mapa mundi aberto” no lugar do mundo aberto, onde você conta com uma grande região com exploração livre e áreas/fases mais lineares, como nos Final Fantasy de PSOne, Chrono Trigger e Cross e afins, contando com voo, navegação marítima e tudo mais que você pode esperar. Um verdadeiro deleite.
Em principal, a Sandfall implementa todo tipo de referência e mecânica clássica, mas faz desses instrumentos seus. Você percebe de onde um ou outro elemento saiu, mas eles se fundem à proposta do game perfeitamente criando algo novo: você viu batalhas, mapas e explorações parecidas, mas nunca como aqui. É o melhor do que se pode esperar do momento da indústria gamer atual, onde os novos desenvolvedores são aqueles que cresceram jogando e amando esses clássicos e não exatamente criaram essas fórmulas.
Na ambição de fazer algo tão grandioso, inclusive, o time da Sandfall não poupou esforços até mesmo no elenco de dublagem. Charlie Cox, o Demolidor da Marvel, é uma das vozes principais de Clair Obscur, por exemplo. Ben Starr e Jennifer English, dos incríveis Final Fantasy XVI e Baldur’s Gate III, também são parte essencial dessa história. Cada um desses nomes entrega a melhor performance possível, inundando essa experiência com emoção, carisma e humor. E, como já elogiei a história o bastante, se o roteiro é ótimo e os atores excelentes, dá para imaginar o resultado.
Além disso, a trilha sonora e o design de áudio geral do game é fantástico. Música é algo importantíssimo para a história de Clair Obscur, assim a equipe parece ter prestado atenção redobrada em como fazer dessa trilha um personagem próprio e memorável do game. Em adição, os designs de personagens e criaturas são perfeitos, com heróis, vilões e monstros muito únicos, com pequenos detalhes marcantes, imperfeições intencionais e ideações fascinantes.
Por outro lado, mesmo com tantos elogios, em certos momentos Clair Obscur mostra de relance que é o primeiro projeto dessa equipe. Existem pequenos bugs de movimentação, espaços mal utilizados no mapa e regiões exploráveis e uma leve fadiga nas batalhas lá pelo final do game. Além disso, um mapa dinâmico ajudaria muito na localização do player e não seria um empecilho para a imersão.
Também, mesmo que minigames de plataforma façam parte do cerne das referências usadas pelos desenvolvedores, esse tipo de elemento precisa ser extremamente bem feito e exato ou acaba apenas irritando. Se as plataformas são “escorregadias” demais ou não há uma aderência decente do player aos blocos escaláveis, o minigame vira só um teste de repetição e paciência – e isso acontece por aqui. Se inspirar em Dark Souls é ótimo, mas não precisa tentar importar a tentativa torturante de plataforma de lá.
É claro, mesmo com decisões questionáveis de minigames, Clair Obscur: Expedition 33 é um feito impressionante. Com 30 horas de gameplay direto (que podem ser bem mais, dependendo da dificuldade) e muito, muito mais de extras interessantes e recompensadores, a Sandfall pintou um RPG com cores e notas de clássico instantâneo.
Pessoalmente, eu não sou o maior fã da nostalgia exacerbada da última década, mas revisitar ingredientes do passado para a criação de algo novo e interessante é uma receita perfeita, especialmente quando várias dessas ideias acabaram ficando de lado na confecção de mundos abertos intermináveis e ação em tempo real repetitiva.
Se você estava com saudades de se apaixonar perdidamente por um game, um RPG, e investir todas as suas horas e neurônios disponíveis em uma aventura insanamente linda, Clair Obscur: Expedition 33 veio para suprir essa demanda. Artístico sem ser pedante, complexo na medida certa, fascinante e surpreendente até a última música.
Assim, para a Legião, Clair Obscur: Expedition 33 é um belíssimo 9,5. Realmente, o amanhã chegará. Bravo!
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