Ralis ou Pistas? A arte da velocidade em ‘telas contrastantes’…

Imagina que és um artista. Correr em circuitos é como pintar um quadro numa tela perfeita, num estúdio com luz controlada. Tens as tuas ferramentas afinadas, conheces cada pincelada e o resultado final, depende da tua precisão e consistência. Cada curva é um detalhe, cada volta uma camada de tinta, e o objetivo é criar […] The post Ralis ou Pistas? A arte da velocidade em ‘telas contrastantes’… first appeared on AutoSport.

Abr 20, 2025 - 15:47
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Ralis ou Pistas? A arte da velocidade em ‘telas contrastantes’…

Imagina que és um artista. Correr em circuitos é como pintar um quadro numa tela perfeita, num estúdio com luz controlada. Tens as tuas ferramentas afinadas, conheces cada pincelada e o resultado final, depende da tua precisão e consistência. Cada curva é um detalhe, cada volta uma camada de tinta, e o objetivo é criar uma obra de arte impecável.

Já os ralis são como pintar um mural ao ar livre, numa parede em constante mudança, com o vento a soprar e a meteorologia a fazer das suas. Tens de te adaptar às imperfeições da superfície, improvisar com as cores disponíveis e confiar no instinto para criar algo belo, no meio do caos. Cada troço é uma nova aventura, cada curva um desafio inesperado, e o objetivo é dominar a tela e deixar a tua marca, independentemente das adversidades.

Parece duas coisas totalmente distintas, mas, na verdade, são apenas duas formas diferentes de criar sensações semelhantes.

Embora ralis e corridas de circuito sejam sinónimos de velocidade, as competências exigidas são bastante distintas. Nos ralis, a constante adaptação a diferentes superfícies, que podem mudar até para concorrentes que passam separados por um minuto, o domínio das notas de andamento e a gestão das condições atmosféricas imprevisíveis são cruciais. Em circuito, a precisão, a consistência e a competição direta são fundamentais.

Apesar destas diferenças, várias estrelas do WRC aventuraram-se nas pistas. Alguns começaram no karting ou em monolugares antes de se dedicarem aos ralis, enquanto outros testaram as suas capacidades em circuitos mais tarde nas suas carreiras.

Desde campeões de Fórmula 1 que experimentaram os ralis até aos grandes nomes do WRC que competiram em Le Mans, apresentamos alguns dos pilotos mais notáveis com experiência tanto em pista como em troços de rali.

Kimi Räikkönen

Poucos nomes ressoam tão fortemente em diversas áreas do desporto automóvel como Kimi Räikkönen. O Campeão do Mundo de Fórmula 1 de 2007 competiu no WRC a tempo inteiro em 2010 e 2011 com a equipa Júnior da Citroën, demonstrando que a sua abordagem ‘Iceman’ era eficaz tanto em terra como em asfalto. Apesar de nunca ter chegado ao pódio, o melhor resultado de Räikkönen – um quinto lugar no Rali da Turquia em 2010 – destacou a sua capacidade de adaptação. A sua experiência nos ralis contribuiu para a sua lenda antes de regressar à F1.

Robert Kubica

Uma estrela em ascensão na Fórmula 1 antes de a sua carreira ser interrompida por uma grave lesão sofrida na mão e braço direitos, enquanto competia num rali nacional em 2011, a determinação de Robert Kubica levou-o a fazer um regresso notável – desta vez no WRC. O piloto polaco conquistou o título do WRC2 em 2013, vencendo com um Citroën DS3 RRC. Mais tarde, competiu num Ford Fiesta RS World Rally Car privado em 2014 e 2015, demonstrando o seu ritmo bruto com várias vitórias em troço, apesar de uma tendência para levar os limites um pouco longe demais, ao sair de estrada várias vezes.

Sébastien Ogier

Um piloto de ralis a enfrentar o Circuito de la Sarthe? Foi exatamente isso que Sébastien Ogier fez quando correu nas 24 Horas de Le Mans em 2022. Ao volante da Richard Mille Racing na categoria LMP2, o oito vezes campeão do WRC impressionou na sua estreia nas corridas de resistência, adaptando-se rapidamente às exigências da competição ao estilo de Le Mans. Também não foi a primeira vez que tentou a sua sorte em corridas de circuito – Ogier também testou máquinas de Fórmula 1 com a Red Bull Racing em 2017.

Sébastien Loeb

Sébastien Loeb é mais conhecido como o piloto mais bem-sucedido da história do WRC, mas as corridas de circuito sempre foram uma paixão paralela. Terminou em segundo lugar nas 24 Horas de Le Mans em 2006, correu no WTCC – Campeonato do Mundo de Carros de Turismo e chegou a testar um carro de Fórmula 1 com a Red Bull Racing. Apesar da sua vasta experiência em pista, os ralis foram sempre a sua verdadeira vocação – como provam os seus nove títulos mundiais. Mas não só porque a sua carreira, que ainda se desenrola no Todo-o-terreno, atualmente com a Dacia – compete no TT/Dakar desde 2016, com a Peugeot e BRX, agora Dacia), correu no FIA GT Series, Porsche Supercup, Mundial de Ralicross, Extreme E, DTM, Pikes Peak, onde bateu na altura, 2013, o recorde por mais de um minuto e meio. O verdadeiro ‘faz-tudo’ no desporto motorizado.

Colin McRae

Destemido ao volante, independentemente da disciplina, Colin McRae não era pessoa para recusar um desafio. Apesar de ser mais conhecido pelos seus feitos no WRC, o campeão do mundo de 1995 também se envolveu em corridas de circuito e no Tod-o-Terreno/Dakar. Em 2004, participou nas 24 Horas de Le Mans, pilotando um Ferrari 550-GTS Maranello na categoria GTS. Apesar da sua experiência limitada em pista, McRae e a sua equipa terminaram em terceiro lugar na classe – provando que o seu talento não se limitava aos troços de ralis. Também fez uma série de outras participações em corridas de circuito, incluindo na Porsche Supercup e um teste de curta duração na NASCAR. Mas para McRae, os ralis eram sempre a sua casa.

Takamoto Katsuta

Antes de se tornar um piloto que passou a pontuar regularmente no WRC, com a Toyota Gazoo Racing, Takamoto Katsuta fez nome nos monolugares. O piloto japonês competiu na Fórmula 3 antes do programa de desenvolvimento da Toyota o ter transferido para os ralis. O que provou ser a decisão correta – Katsuta é agora um piloto que subiu ao pódio do WRC e uma parte fundamental das ambições da Toyota nos ralis.

Henri Toivonen

O falecido Henri Toivonen é uma das figuras mais icónicas dos ralis, mas antes de deixar a sua marca no WRC, era um talento em ascensão nos circuitos. Competiu na Fórmula Vee e venceu rondas do Campeonato da Europa antes de mudar a sua atenção para os ralis. A abordagem destemida do finlandês tornou-o numa lenda da era do Grupo B antes da sua trágica morte em 1986, no Rali da Córsega, onde Sergio Cresto, seu navegador, também perdeu a vida.

Gus Greensmith

A carreira de Gus Greensmith começou com corretores e apex, em vez de terra e saltos. Em 2012, correu no Campeonato do Mundo de Karting CIK-FIA U18, partilhando a grelha com futuras estrelas da F1 como Charles Leclerc. No entanto, o seu foco mudou rapidamente para os ralis, estreando-se na série British Junior 1000 no ano seguinte. A partir daí, chegou à classe principal, mas agora queda-se pelo WRC2, onde é um dos pilotos mais destacados.

Sébastien Chardonnet

Um nome menos conhecido em comparação com outros desta lista, Chardonnet começou a sua carreira no karting antes de progredir para a Fórmula Renault. No entanto, a sua carreira deu uma reviravolta quando passou para os ralis, ganhando o título WRC3 de 2013. O francês fez duas participações de alto nível num Citroën DS3 World Rally Car, sendo o seu melhor resultado um 10º lugar no Rally de França – Alsácia de 2012.

Stéphane Sarrazin

Um verdadeiro polivalente, Stéphane Sarrazin construiu uma carreira alternando sem problemas entre os ralis e as corridas de circuito. Fez um único arranque na Fórmula 1 com a Minardi em 1999, antes de se tornar um especialista em Le Mans, competindo na icónica corrida de 24 horas mais de 20 vezes, incluindo vários lugares no pódio com a Peugeot e a Toyota. Ao mesmo tempo, Sarrazin construiu uma forte carreira no WRC, estreando-se em 2004 e ganhando mais tarde um carro de fábrica com a Subaru. O seu filho, Pablo Sarrazin, compete atualmente no WRC2.

Espekka Lappi & Teemu Suninen

Antes de competirem no WRC, os caminhos de Esapekka Lappi e Teemu Suninen cruzaram-se no karting. Ambos os finlandeses começaram os seus percursos no desporto automóvel a correr em karts, com Lappi a servir brevemente como mecânico de Suninen no início das suas carreiras.

Suninen alcançou um sucesso razoável no karting e depois aventurou-se no rallycross em 2012, antes de se dedicar totalmente aos ralis no ano seguinte. Lappi, por outro lado, fez a transição direta do karting para os ralis, onde conquistou o título do WRC2 em 2016 e, mais tarde, tornou-se um vencedor de provas do WRC.

Heikki Kovalainen

Mais conhecido pelo seu tempo na Fórmula 1 – onde ganhou o Grande Prémio da Hungria de 2008 com a McLaren – Heikki Kovalainen fez uma mudança surpreendente para os ralis após o fim da sua carreira nas corridas. O finlandês enfrentou o cenário doméstico de rali do Japão, conquistando o título do Campeonato Japonês de Rali de 2022 num Škoda Fabia R5. Fez também a estreia no WRC no Rali do Japão nesse mesmo ano, terminando num impressionante 10º lugar na geral.The post Ralis ou Pistas? A arte da velocidade em ‘telas contrastantes’… first appeared on AutoSport.