Quando tudo o resto falhar, o pensamento continua a ser a tecnologia mais avançada que existe
Opinião de Nídia Ferreira, Diretora de Marketing da agência LOBA


Texto de Nídia Ferreira, Diretora de Marketing da agência LOBA
Depois do susto e dos impactos do apagão, esta é uma boa oportunidade para repensarmos o valor do pensamento crítico, criativo e estratégico.
Olho para a nova geração de talentos – os nativos digitais que já nascem praticamente com um braço humano e outro tecnológico, a crescer e interagir com sistemas, a moldar realidades digitais com a mesma naturalidade com que respiram.
Não sou saudosista ao ponto de achar que antigamente é que era. Mas lembro-me bem desse tempo, sem aceleradores digitais, sem atalhos.
A tecnologia veio facilitar e transformar praticamente tudo, mas, por mais evoluída que seja, continua a ser um meio e não um fim e precisa de algo que nenhuma máquina consegue oferecer: o pensamento com propósito.
Hoje, desenhar experiências e estratégias para marcas é um exercício que cruza, necessariamente, criatividade com tecnologia. E, mais do que nunca, é a qualidade desse pensamento que distingue as marcas: o pensamento estratégico é o novo ativo diferenciador num mundo onde quase todas as empresas têm acesso às mesmas ferramentas tecnológicas.
Pensar é mesmo a tecnologia mais avançada que temos. Pensar a sério. Com profundidade, com sentido, com visão. É isso que faz a diferença: a capacidade de questionar, imaginar, decidir com clareza, perceber o que faz sentido para a marca e para o negócio.
É fácil cair na tentação de acelerar sem refletir, automatizar sem questionar, seguir tendências sem discernimento. E é precisamente aí que as marcas correm o risco de se tornarem indiferenciadas: ultra-eficientes, mas vazias.
O que realmente sustenta uma marca é a sua capacidade de se questionar. As ferramentas são fáceis de adquirir, o pensamento estratégico, não. São as ideias que lhes dão direção. São elas que garantem que as marcas não perdem o norte no meio da automação.
Este é também um ponto crucial na gestão de talento: não basta recrutar competências técnicas — é urgente cultivar pensamento, visão e cultura estratégica. O futuro do marketing não depende apenas de quem sabe usar ferramentas, mas de quem sabe pensar com elas.
E é aqui que entra o que temos de mais humano: o pensamento crítico e criativo, essa capacidade de olhar para o todo, de conectar pontos, de gerar ideias. Acredito no equilíbrio certo, no uso de tecnologia com pensamento estratégico por trás. Na automatização de processos e na agilidade dos negócios, mas com intuição, visão e criatividade a liderar.
O verdadeiro valor para as marcas se tornarem mais relevantes está em saber usar tudo o que a tecnologia permite fazer, conjugado com a clareza do que deve ser feito. Porque, quando tudo o resto falha, quando o sistema pede reboot, quando o ruído é demasiado, o que fica é o pensamento. Por sorte, continua a ser a tecnologia mais avançada que existe. E está nas nossas mãos.